Petrolina perde o Hospital do Câncer e a capacidade de se indignar

por Carlos Britto // 27 de fevereiro de 2013 às 07:50

apamiEste Blog publicou, no último sábado (23), uma matéria que denunciava que a Associação de Amparo à Maternidade e à Infância (Apami) estava perdendo o seu terreno, onde construiria o Hospital do Câncer de Petrolina. Isso depois de ter investido mais de R$ 2 milhões já na parte estrutural. Em português claro, além do terreno a Apami perde também esse montante investido ali. Literalmente enterrado ali.

Um constrangido Augusto Coelho me disse que jogou a toalha, que perdeu a queda de braço para a Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), a qual solicitou para ela, ao patrimônio da União, a doação do terreno, mesmo depois da Apami ter proposto um convênio para a universidade construir o Hospital e estabelecer um departamento dedicado ao câncer.

“Eu implorei, desde o início, para que o superintendente da União viesse aqui a Petrolina para conhecer a Apami, conhecer a realidade da cidade e conhecer também a Univasf, mas isso foi tudo em vão”, lamentou.

Depois dessa reportagem, recebemos apenas uma nota de solidariedade do Lions Clube Petrolina Centro. Apenas isso.

Pensei muito se deveria escrever esse artigo porque, honestamente, esperei a manifestação da cidade, a indignação de nossa gente.

Só quem já teve um doente com câncer em sua casa sabe da importância da Apami e o valor desse hospital. Conheço de perto a luta e a entrega do pessoal nesse projeto voluntário.

Estamos assistindo um momento novo em Petrolina, no qual a maioria cala e assiste à falta de amor à cidade predominar.

Estamos perdendo a capacidade de tomar atitude.

Sempre escrevo com o cuidado de não ser tachado como o dono da razão, mas opinar significa contradizer, contrariar, mexer com a idéia e a opinião de outras pessoas, e não dá para aceitar calado porque acredito que toda unanimidade carece de reparos.

Talvez o hospital mereça mais que um texto de um blogueiro e até pode ser que toda movimentação que eu esperasse fosse em vão, mas não consigo aceitar que somente abaixemos as cabeças como medíocres, sem noção do que nos tiram sem, ao menos, um rosnado tímido.

Tenho um amigo que me considera romântico e sonhador. Respondo que estamos perdendo a essência, que somos demasiadamente tolerantes e que ética, caráter e honradez são adjetivos que não ensinam mais nas escolas.

No fim, esse não é para ser um texto triste ou deprimente, mas um alerta para que, talvez, encontremos o caminho de volta, pois agora somos duros demais para nos preocupar com o que não nos aflige.

O Hospital Dom Tomás não vai mais ser erguido no terreno ao lado do Traumas, mas o ferro e as duras pedras enterradas ali não serão mais sólidas do que a esperança e a luta pelo sonho ainda perseguido.

Nesta batalha, frágil mesmo é a saúde e a esperança das pessoas que, muitas vezes, sem forças até para chorar, sofrem resignadas. Definham e se desesperam por fora, mas estão gritando por dentro.

Petrolina perde o Hospital do Câncer e a capacidade de se indignar

  1. sem comentários disse:

    Todo mundo deve ter ficado indignado, mas não só porque perdemos o terreno, mas também pela justificativa: (“A doação do terreno foi feita pelo prazo de cinco anos, fim dos quais a gente perdia o direito se não concluísse a obra, mas quando nós percebemos que esse prazo havia expirado, entramos imediatamente com o pedido de reconsideração ou dilatação do caso. Nesse meio período a Univasf fez um ofício para o Serviço do Patrimônio da União, reivindicando o terreno para a Univasf”, detalhou). Ora se já se sabia do prazo e viram que não ia dar tempo concluir por falta de verba, porque não clamou por ajuda de autoridades locais e da população? Eu tenho certeza que se a população fosse convocada sabendo do risco e do prazo ajudaria prontamente através de doação de dinheiro, de bazar, de feiras ( de comida, artesanato etc. ) ou com o que fosse pedido, todo mundo ajudaria como fazem na Feira da família e no Forró do beco. Eu sei que todo mundo deve ajudar porque sabe que a APAMI precisa, mas esperar que cada um procure o órgão para ajudar é ilusão, poucos fazem isso, o melhor é dar a oportunidade e publicar os motivos não sofrer calado ou tentar fazer tudo sozinho.

  2. Dos Santos disse:

    Sinceramente não dá pra entender essa politicagem. Um projeto dessa envergadura, de uma necessidade infinita, digo isso porque ja tive um ente com câncer e que veio a falecer, mas agradeço muito ao atendimento do pessoal da Apami…realmente não dá pra entender, fica registrado minha indignação e meu repúdio..

  3. Galatas disse:

    Olha, eu fiquei super chateado porém quem deveria ter forças suficiente para barras isso, não conseguiu, e eu??? Por outro lado fico a imaginar o que a Univasf quer com tanto terreno, Porque só em petrolina a Univasf tem terreno pra umas 3 Universidade juntas e a maioria do alunos são de fora de petrolina ou filhos de “PAPAI” e mesmo assim ainda não conseguiu uma boa nota no seu índice nacional. Infelizmente os Petrolinenses estão preocupados com o Carnaval, São joão, Copa do Mundo e etc. Enquanto isso políticos petrolinenses estão aumentando seus salários á torta e a direita! Mas é bom por que o São João vem ai e será outro rombo nos cofres publicos divididos entre gastos com a festa e o bolso do prefeito e ninguem vai lembrar de nada disso, afinal o “Pão e Circo” não acabou ainda!

  4. Cidadão disse:

    Pessoal, antes de formar uma opinião, eu aconselharia vocês a procurarem informação do outro lado. A União iria tomar o terreno de todo jeito, pois a APAMI teve a chance de fazer o que deveria e não o fez. Respeito muito o trabalho da APAMI, inclusive contribuo voluntariamente, mas a Univasf não é a vilã da história. Muitas vezes as pessoas tem boas intenções, mas não tem a capacidade para transformar essas boas intenções em realidade. É muito fácil compadecer a população com as criancinhas que precisam do serviço, mas fazer acontecer é mais difícil. Seria bom que o Augusto Coelho refletisse também sobre o que levou a isso para que falhas assim não voltem a acontecer.

    1. Maria disse:

      Concordo!
      Acredito que não foi só a questão de prazo não. Deve ter mais coisas que não querem que o público saiba, então é melhor usar a UNIVASF como bode expiatório

  5. Saulo Mendes disse:

    Indiscutível a importância de um Hospital de Câncer que sirva a população de Petrolina e região. A Apami tem visíveis serviços prestado a sociedade de Petrolina, mas convenhamos, trata-se de uma entidade privada, e, neste contexto só queria saber o motivo da Univasf doar um terreno, construir um Hospital de Câncer (alta complexidade e volume de recursos) e depois disso entregar para Apami? Não entendi esta parte, se o blogueiro puder ouvir o outro lado da notícia (a Univasf) para explicar o que acontece seria muito bom. Não podemos nos indignar se não temos as informações claramente postas!

  6. Maria disse:

    O petrolinense nessas duas últimas eleições municipais, disse claramente que não quer mais que aqueles que sempre lutaram pelo benefício da cidade, continuem lutando, pois votaram naqueles que não tem e não querem ter compromisso com a cidade, o único compromisso é com o ego do poder.
    Agora, Dr. Augusto, com todo respeito que tenho por ele, junto com a Apami faltou com o apoio de Marketing envolvendo toda a cidade e região para a importância do hospital do câncer, houve falhas na logistica, isso tem que se adimitir.
    Espero que a UNIVASF construa essa unidade para tratamento do câncer aqui na cidade.

  7. mirtes disse:

    O QUE FALTA É ELE, DR. AUGUSTO COELHO, FORMAR UMA EQUIPE COMPETENTE E TIRAR DAS MÃOS A DO MARCO AURÉLIO TODO E QUALQUER PROJETO QUE LEVA O NOME DE UMA ENTIDADE TÃO SÉRIA E TÃO PRESTATIVA COMO É A APAMI. É LAMENTÁVEL, MUITO LAMENTÁVEL.

  8. Aldo disse:

    SÓ SEI QUE QUEM PERDE COM ISSO É O POVO DE PETROLINA
    E PRECISAMENTE OS POBRES.
    “” PARABÉNS A DR.AUGUSTO, PELA LUTA, PELO EMPENHO,
    SEI QUE SEMPRE SE DEDICOU A SAÚDE DO POVO DESTA TERRA, AO CONTRÁRIO DO NOSSO EXECUTIVO, QUE FAZ É FECHAR POSTOS DE SAÚDE””

  9. TOMA PETROLINA! disse:

    Toma petrolina. Num era isso que o povo queria uma cidade abandonada e um povo desprezado? quem mandou retornar pro poder quem só pensa em vantage propria? quem não sabe escolher so da mancada e no fim todo mundo sofre. mais num tem nada o são joão tá chegando e aí todo mundo vai ficar de barriga cheia de festa e muita gente com os bolso cheio de dineheiro. é assim que se faz uma cidade ficar pra trás.

    1. MIRTES disse:

      O ASSUNTO EM DESTAQUE É OUTRO. NÃO SABE INTERPRETAR NÃO É? APRENDA PRIMEIRO PRA NÃO FICAR ESCREVENDO BESTEIRAS. PRIMEIRO FIQUE INTEIRADO DO ASSUNTO E DEPOIS SE PRONUNCIE COM CONHECIMENTO DE CAUSA.

  10. Gloria Maria disse:

    Sempre fico questionando…. ! acho que aqui aconteceu , mais inércia d que adora conversar , do que compromisso com a causa.!!! deixar perder terreno quando se sabe o tempo de prescrição é terrível! tem equipe inoperante, reconheça, é demais! ou então tem tanto terreno para construir que acabou se perdendo no tempo! Lastimável a inoperancia.
    Carlos Britto, sei que tentou tudo com seu sentimento de humanidade ,mas vamos agora ouvir a UNIVASF!

    1. Maria disse:

      Com certeza!

    2. vera lucia bacelar disse:

      Só quem vive nos bastidores é que conhece a verdadeira história de tudo isso. E, diga-se de passagem, até o bispo Dom Malan levantaria do tumulo se a ouvisse!

  11. ESTAMOS DE OLHOS BEM ABERTOS disse:

    QUE FALTA FAZ UM MEMBRO DA FAMÍLIA COELHO NO COMANDO.DUVIDO QUE ISSO TERIA ACONTECIDO.
    E NÃO VENHAM ME DIZER QUE SER VICE CAMPEÃO É BOM,QUE NÃO É E NÃO MANDA EM NADA.

  12. Amaral disse:

    essa estrutura foi feita a 10 anos atras, logo depois da doação que começou essa falsa mobilização pra terminar o hospital esquecido, mobilização que parece mais esperteza de um pedido de idenização a univasf, parou quando essa obra? 2001?

  13. Joana Cintra disse:

    Sinceramente, Carlos Brito, eu acho que você deveria ouvir a Univasf antes de fazer a matéria, até porque é um assunto muito sério e não pode ser tratato de forma parcial. Conheço a Apami e sua importância, mas você sabe que está faltando algo aí. Esta história de jogar a toalha, por exemplo é muito simplória, e a Univasf fica como vilã sem nenhuma explicação… Acho que ninguém se sensibilizou com o caso porque ele está muitíssimo mal contado. Precisa esclarecer.

  14. Wanicleidy Passos disse:

    Todo o meu apoio a instituição APAMI. Sei da importância ea diferença que o Hospital do Câncer faria em nossa cidade, pois diariamente vejo o sofrimento de pacientes e familiares que precisam desse serviço…A população tem como dever se manifestar! Protestar! Não podemos calar!

  15. leide disse:

    Concordo com o primeiro comentário, sobre o conclame e notificação à
    população e com comentário do ‘cidadão’ pois, tanto um (hospital do câncer) como outro( UNIVASF) precisam existir e é louvável que existam, agora, o que não precisa é vetar um a bem de outro. Lembrei-
    ma certa vez quando se queriam desestruturar a escola EMAAF com
    intuito de mais uma escola técnica e que talvez sirva até como exemplo
    agora, visto que se preservou a primeira escola e se encontrou-se nova locação para o segundo projeto, salvo engano. Talvez a luta agora possa ser talvez por um ressarcimento e continuação do sonho
    quiçá em outra localização…

  16. durval ramos disse:

    onde entra o bndes na historia mal contada,foi ou nao feito pedido de emprestimo, porque esconder ofato.quem se negou a avalisar o pedido

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