Novas regras buscam evitar acidentes com pipas na rede elétrica em PE

por Carlos Britto // 07 de novembro de 2025 às 17:58

Foto: Gabriel Costa/reprodução

Soltar pipas ou papagaios pode parecer inofensivo, mas nem sempre é assim. Para realizar a atividade de maneira segura, deve-se adotar alguns cuidados, como procurar um local apropriado e nunca usar cerol ou qualquer tipo de linha cortante. A fim de proteger quem brinca, assim como pedestres, ciclistas e motociclistas, a Alepe aprovou a Lei 18.919/2025. Proposta pelo deputado Antônio Moraes (PP), a norma foi uma resposta a situações de risco à vida, danos ao patrimônio e interrupção do fornecimento de energia.

É comum ocorrerem curtos-circuitos, incêndios e acidentes graves quando as pipas se enroscam em postes, transformadores e cabos elétricos. A questão se agrava com o uso de linhas cortantes, que não apenas danificam a rede elétrica, mas também podem causar ferimentos e mortes, sobretudo entre motociclistas. Por isso, a necessidade de regulamentação”, detalhou o parlamentar.

A lei proíbe soltar pipas e papagaios em regiões próximas de linhas de transmissão e distribuição, subestações, postes e torres de energia elétrica. Também veta o uso de cerol e de qualquer tipo de linha cortante, como a linha chilena.

Acidentes

A quantidade de incidentes causados por pipas em Pernambuco cresceu mais de 50% nos últimos três anos, chegando a 1.152 casos e 350 mil cidadãos afetados entre janeiro e setembro de 2025 (ver gráfico). Para o gerente de Relações Institucionais da Neoenergia, Rafael Motta, a lei é uma ferramenta a mais para reduzir os incidentes causados por práticas inseguras.

Além da falta de energia, os acidentes com pipas podem provocar fios partidos que, ao entrar em contato com transeuntes, levam à morte por choque elétrico”, explicou. Ainda segundo o gestor, os custos para repor equipamentos e subestações danificadas, que chegam a dezenas de milhões de reais, encarecem a conta de luz.

As linhas cortantes são outra preocupação. Apesar de proibida por lei desde 2001, o uso da linha chilena ou do cerol, que é uma mistura de cola com vidro triturado ou outro produto abrasivo, tem vitimado motociclistas e ciclistas todos os anos. A norma atual revogou a anterior, mas manteve a vedação.

Quem é vítima do mau uso do artefato carrega marcas. Jorge Azevedo, motociclista há cerca de 20 anos, voltava de um passeio na Ilha de Itamaracá, na Região Metropolitana do Recife (RMR), quando foi atingido por uma linha com cerol no pescoço e sofreu um corte profundo. Ele precisou levar 17 pontos e ficou vários dias internado.

O fato foi em 2021, mas o trauma o acompanha ainda hoje. “Depois do acidente, eu fiquei algumas semanas sem poder andar de moto. Quando fui liberado, entrei em pânico. Ficava com muito medo de passar por algumas áreas, especialmente em estradas, mesmo usando dois corta-pipas”, recorda.

Quem for pego soltando pipas em áreas com fiação elétrica ou usando linhas cortantes estará sujeito às penalidades como advertência, apreensão dos materiais e multas entre R$ 1 mil  e R$ 10 mil, dependendo da gravidade da infração.

Conforme a lei, se houver impacto na prestação do serviço de energia elétrica, serviço essencial, a multa será em dobro. No caso de os infratores serem menores de idade, as sanções serão aplicadas a pais ou responsáveis legais.

Orientação

De acordo com a tenente Paloma, do Corpo de Bombeiros de Pernambuco (CBMPE), a lei é importante, mas conscientizar a população é o melhor caminho para reduzir incidentes. “Soltar pipa é uma brincadeira saudável, mas é importante que seja feita com segurança, sem usar linhas cortantes, porque, além de ser fatal para algumas pessoas, é criminoso”, reforçou. “Então, na hora de soltar sua pipa, vá para um lugar aberto, longe de redes elétricas, de postes, para a brincadeira acontecer sem riscos para quem brinca e para os outros cidadãos”, orientou a oficial. As informações são da Alepe.

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