Exatos 30 dias, completados na última sexta-feira (7). Sem qualquer perspectiva de solução para um impasse que se arrasta a passos de tartaruga (não houve negociação com o Governo Federal na semana passada), a greve deflagrada pelos servidores do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) em Pernambuco, por tempo indeterminado, completou um mês e, até o momento, não existe previsão de um fim para o movimento grevista, tampouco de concordância entre as partes envolvidas.
O cenário sombrio é apenas um reflexo do atual momento econômico e político pelo qual o Brasil passa. Não é só: o caldeirão pode ferver mais, considerando que muitas categorias de trabalhadores passarão por início de campanha salarial (data-base) e as paralisações podem aumentar.
Em Pernambuco, não apenas os servidores do INSS estão de braços cruzados. Além deles, os co-irmãos das Juntas de Recursos da Previdência Social (JRPS), órgão vital para a resolução de litígios entre trabalhadores e Previdência Social, também estão parados. A crise também atinge o governo estadual. Os servidores do Departamento Estadual de Trânsito (Detran-PE) iniciaram uma paralisação, também por tempo indeterminado, pleiteando ao governo um reajuste de 9,75%, além da progressão do plano de cargos e carreiras. Só 30% das atividades estão funcionando, incluindo a emissão de carteiras de habilitação (CNH), a Lei Seca e também a entrega de documentos.
Outro órgão estadual, a Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa), também será afetada pelo efeito dominó das greves. Os servidores da companhia anunciaram o início da paralisação e prometem uma passeata nesta segunda-feira (10). O sindicato informou que a categoria definiu que a proposta de reajuste poderia ser negociada, mas a Compesa se recusou, o que motivou a greve.
A classe dos rodoviários é outra que ameaçou cruzar os braços (realizou na última segunda-feira uma paralisação isolada) e está em reuniões para traçar um calendário de atividades de protesto contra a decisão do Tribunal Superior do Trabalho (TST) de suspender o mais recente reajuste salarial da categoria. A entidade informou que não há paralisações previstas, mas a população do Recife e cidades da Região Metropolitana continua insegura e à mercê do racha e da falta de diálogo entre o sindicato legal, que representa a categoria oficialmente, e o representante do CSP-Conlutas, Aldo Lima, líder do movimento oposicionista.
Agravamento
Já no âmbito municipal, as paralisações podem ganhar força nos próximos dias. Segundo a Central Única dos Trabalhadores em Pernambuco (CUT-PE), os professores da rede pública de Moreno já anunciaram estado de greve. Em Petrolina, o Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR) anunciou que está discutindo a pauta de reivindicações, um sinal de que também pode pegar carona nas paralisações em andamento.
A situação pode se agravar nos próximos meses ou até mesmo após a virada do ano. Isto porque muitas categorias de trabalhadores vão iniciar as campanhas salariais em suas respectivas datas-base. Um exemplo é a classe dos bancários em Pernambuco, que, de acordo com Paulo Rocha, deve abrir em setembro os debates sobre a nova pauta. Em outubro, será a vez do Sindicato dos Vigilantes de Pernambuco (Sindesv-PE) lançar o edital para o início dos diálogos, embora a data-base da categoria esteja marcada para janeiro de 2016. (fonte: Diário de PE)


