O dom de se comunicar através dos sinais não tem sido suficiente para levar conhecimento a vários alunos especiais de Petrolina. Segundo denúncias da Associação e Movimento dos Surdos da cidade, apenas dois instrutores estariam se desdobrando para atender a mais de 22 escolas do município.

De acordo com a intérprete e voluntária do Movimento, Maria da Conceição, no início do ano estes profissionais de interpretação da Linguagem Brasileira de Sinais (Libras) e instrutores surdos foram afastados pela administração municipal e, desde então, o quadro – que antes contava com 11 educadores – foi reduzido para apenas dois.

“No começo do ano a prefeitura afastou nove profissionais e agora só temos dois intérpretes para se revezar em mais de 22 escolas no município. Isso é um absurdo sem tamanho”, diz.

Indignada com o descaso, Maria faz um desabafo ainda maior. Segundo ela, os estudantes surdos estariam frequentando as escolas apenas como “figurantes”. “O município absorveu estas crianças e elas foram colocadas em salas regulares, ou seja, elas estão durante a semana toda assistindo aula simplesmente como figurantes na sala de aula porque elas não ouvem. Elas estão lá só copiando. Eu desafio estes professores a dizer que os alunos surdo estão aprendendo alguma coisa”, afirma.

Descaso 

De acordo com Maria da Conceição, a prefeitura alega que os profissionais foram afastados porque não teriam qualificação suficiente para atuarem com os surdos na sala de aula. Apesar do afastamento, a Secretaria de Educação teria se comprometido em recontratar os profissionais, em até 60 dias, coisa que até agora não aconteceu.

Enquanto a administração não encontra solução para o caso, quem sofre são os pequenos estudantes. A intérprete lembra que a libras precisa ser ensinada desde os primeiros anos de estudo.

“A nossa maior preocupação não é nem que a prefeitura contrate logo novos professores. A Lei assegura que as crianças nas séries iniciais elas precisam ter a base, elas precisam aprender Libras, porque quando elas aprendem Libras aí sim elas terão toda uma base para crescer e desenvolver sua capacidade de se comunicar com o mundo”, explica.

O Blog entrou em contato com a assessoria de comunicação da prefeitura e aguarda um novo posicionamento sobre o caso.

Por Magnólia Costa