Uma entrevista concedida pelo ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, à Folha/UOL mostrou que é mesmo real a possibilidade de o ex-presidente Lula ser o candidato do PT nas eleições de 2014.
A tese, tratada como absurda por petistas durante a campanha eleitoral do ano passado por insinuar que a então candidata seria um “tampão” para a volta legal de Lula quatro anos depois, ganha contornos de normalidade na fala de Bernardo.
“Se a presidenta Dilma estiver bem e tiver desejo de concorrer, muito dificilmente ele vai se colocar como postulante. Agora eu não vejo essa questão sendo resolvida sem um diálogo entre os dois. É muito cedo ainda (…). Com certeza o presidente Lula e a presidenta Dilma vão se reunir e tratar desse assunto e ver o jeito que vão apresentar a proposta para o partido.”
Políticos da base aliada já comentam que a presidente “não aguentaria até o fim do mandato”.
No PT, a torcida pela volta de Lula ainda é discreta, mas já atinge setores como a base sindical do partido e integrantes das bancadas na Câmara e no Senado. Já nos partidos aliados, um certo “sebastianismo lulista” começa a sair do armário.
Ontem (15), antes de fazer novo discurso crítico ao governo, o ex-ministro Alfredo Nascimento (PR-AM) disse em alto e bom som para colegas do Senado: “O barbudo tem de voltar”. (…) “Já há no PT quem ache que a Dilma deve conduzir a economia sem marolas e deixar o caminho livre para o Lula voltar em 2014″.
Para os políticos, reclamar que a presidente não prestigia os aliados, dialoga pouco e trata duramente os acusados de corrupção é fácil. Mas falta combinar com o eleitor para saber se a volta de Lula será tão bem-vinda como imaginam, ainda mais depois de o ex-presidente jogar todo seu peso político na campanha de Dilma, que seria destronada caso Lula retornasse.


