Mais um perito questiona Sanguinetti sobre Caso Beatriz e deixa novas perguntas

por Carlos Britto // 06 de fevereiro de 2022 às 16:26

As declarações do médico legista George Sanguinetti continuam rendendo. Agora foi a vez do perito criminal oficial especial da Polícia Científica do Estado de Pernambuco, Cleomacio Miguel da Silva, se manifestar. Ele faz novos questionamentos e coloca perguntas para que Sanguinetti possa responder.

 Questionamentos a George Sanguinetti

Em Provérbios 16: 18 e 19, o Cânon Sagrado expressa com grande sabedoria as seguintes palavras: “A soberba precede a ruína, e a altivez do espírito precede a queda. Melhor é ser humilde de espírito com os mansos do que repartir o despojo com os soberbos.” É notório o fato de que, todas as vezes que existe um crime de grande repercussão no Brasil, surge a emblemática e exótica figura de George Sanguinetti, o qual se apresenta sempre na grande mídia como perito criminal ou médico legista. Ele ressurge de forma semelhante a Mumm-Rá, quando do seu sarcófago grita palavras de ordens ao recebe vibrações do que acontece no Terceiro Mundo.

As informações obtidas do LinkedIN de George Sanguinetti Fellows relatam que ele possui graduação em Medicina, sendo Consultor em Medicina Legal e Criminalística, Coronel-médico da Polícia Militar de Alagoas e Professor de Medicina Legal da UFAL (Universidade Federal de Alagoas). Na sua saga antológica consta que ele foi também Diretor do Instituto Médico Legal de Alagoas no período de 1999 a 2003. Nada é relatado de que o George Sanguinetti, mesmo tendo sido Diretor do IML de Alagoas, tenha exercido na referida instituição a função de médico legista ou perito criminal na Polícia Civil alagoana. Sanguinetti tem atuado como assistente técnico em diversos casos no Brasil.  

George Sanguinetti tem sido o Dom Quixote da Criminalística na pátria de chuteiras, onde, atualmente, o negacionismo científico tem sido a tônica máxima de acreditar mais em duendes do que na lei da gravidade que foi definitivamente abolida pelos terraplanistas (sic). Nesse mágico país, a magna ciência não passa de efeitos pirotécnicos lançados pelas ventas insanas do Leviatã. Assim, o negacionismo científico intensifica o analfabetismo científico de um povo dominado por fanfarras aos pulos de bufões malignos. Esse ambiente é propício para o surgimento de trovadores dissonantes que apresentam seus acordes ilusionistas. Um povo que acredita em fábulas engenhosamente inventadas é incapaz de sair de sua matrix e questionar sua identidade naquilo que é puramente socrático. Não é apenas pão e circo, mas a alienação vem da fantasia que cria a ilusão. A imaginação é desprezada. De onde vem as ideias originais? Talvez da cura trazida pelos vapores delirantes do templo de Delfos ou por uma consulta no templo de Asclépio. Vale realmente a pena consultar a pitonisa? Num mundo assombrado pelos demônios, os aproveitadores saem na frente num sistema pertencentemente alucinatório. Poucos conseguem enxergar o gorila invisível que gravita na brincadeira. O rinoceronte cinza surge desafiador ameaçando a todos: “decifra-me ou te devoro”.

A pseudo métrica “voltairiana”: “Discordo do que você diz, mas defenderei até a morte seu direito de dizê-lo”, é a condição necessária, porém, não suficiente dentro de um respeitoso sistema democrático. Não se avalia que, em algum universo espelho, três elevado ao quadrado é exatamente igual a seis. Qual prova matemática alude ao fato? Quero ver o doutor Estranho resolver esse problema!   

No mês de janeiro de 2022, na Rádio Jornal Petrolina, o George Sanguinetti deu suas “sugestões técnicas” durante uma entrevista sobre o caso da menina Beatriz que foi morta em Petrolina-PE, no mês de dezembro de 2015. Nessa entrevista, o Sanguinetti apresenta uma série de “suposições técnicas” consideradas por ele como verdades absolutas. Usando de retóricas falaciosas misturadas com termos técnicos desconexos não entendíveis para o público leigo, tais como: postulados da criminalística, cadeia de custódia, nexo causal etc., o Sanguinetti pôs em xeque o excelente trabalho que a Perícia Criminal de Pernambuco realizou no caso da menina Beatriz Mota. Sem apresenta nenhuma prova científica, o Sanguinetti, baseado apenas em suas suposições, afirmou na entrevista que, a pessoa apresentada pela SDS-PE como assassino de Beatriz, não era o verdadeiro autor do crime (sic). Ele também afirmou que não houve preservação da cadeia de custódia do instrumento usado no crime (sic). Questionou inclusive a veracidade do exame de DNA realizado no IGFEC, afirmando irresponsavelmente a possibilidade de implantação de amostra espúria em novo instrumento. Fazendo tais alegações, o George Sanguinetti, não apenas atingiu os peritos criminais do IGFEC, mas também, a toda categoria de peritos criminais do Estado de Pernambuco. Assim, diante das graves acusações de George Sanguinetti contra a Perícia Criminal Oficial Pernambucana, eu como membro dessa honrosa instituição, tenho a obrigação e o direito de rebater e questionar as colocações “técnicas” da entrevista que ele deu à Rádio Jornal Petrolina.  No contexto proposto apresento meus comentários considerando as perguntas do entrevistador e a resposta do George Sanguinetti, como segue:     

Entrevistador: Sanguinetti participou na elucidação de muitos casos no Brasil, inclusive de PC Farias. Sanguinetti vem acompanhando o caso da menina Beatriz, inclusive quis participar das investigações para ajudar a elucidar o mistério do assassinato. Porém, Sanguinetti não conseguiu seu intento. Sanguinetti enviou uma mensagem afirmando que a pessoa apresentada não era o autor do homicídio de Beatriz.

Comentário: O entrevistador está inteiramente equivocado, pois George Sanguinetti nunca elucidou caso algum no Brasil, por mais simples que tenha sido. Todo o trabalho de elucidação foi decorrente da atuação da Perícia Criminal Oficial. Na verdade, o Sanguinetti atua sempre como assistente técnico. Ele atrapalha mais do que ajuda; causa tumulto, polemiza e não apresenta robustez técnica nos casos que participou. Como ele é sempre do contra, existe a probabilidade de ele acertar no Não (50%) ou no Sim (50%). Na Perícia Criminal, não basta dizer SIM ou NÃO, tudo tem que ser finamente provado usando métodos científicos adequadamente escolhidos. Não vou entrar aqui no mérito de qual método científico o George Sanguinetti usa nas suas “perícias”. Entretanto, uma notícia da Folha de São Paulo do dia seis de maio de mil novecentos e noventa e sete (06/05/1997) (Disponível no site da Folha), a Promotora Failde Mendonça, do caso PC Farias, afirmou que:

“O laudo do legista, que contesta o oficial, é uma farsa. O professor Sanguinetti vai responder penal e eticamente por ter usado absoluta má-fé, com a Justiça alagoana, com o objetivo de se promover e vender o livro que lançou sobre o caso. O laudo preparado por Sanguinetti revela que ele é mentiroso e espertalhão. Sanguinetti teria mentido o fato de ele ter insinuado que Suzana Marcolino teria sido estrangulada antes de morrer, sem ter prova material para tanto. O Sanguinetti teve acesso a todo o processo e mesmo assim inventou para a opinião pública que Suzana tinha hematomas no corpo e mentiu ao afirmar que havia manchas no osso hióide (situado na parte anterior do pescoço, acima da laringe), dando a entender que ela teria sido estrangulada antes de levar o tiro.”

Numa notícia da UOL do dia cinco de maio de dois mil e treze (05/05/2013) (Disponível no site da UOL), referente ao Tribunal do Júri dos acusados pela morte de PC Farias e Suzana Marcolino, o Promotor Marcus Mousinho fez a seguinte afirmação sobre a ausência de George Sanguinetti no julgamento:

“Ele não fez parte de nenhuma das perícias, não examinou nenhum de cadáveres ou local do crime. Analisou de forma inoficiosa, diante de algumas dúvidas que a promotoria tinha e pediu para que ele confeccionasse um laudo contestando a primeira perícia. Quando ele fez esse laudo, o MPE não se sentiu esclarecido, e foi pedido que fosse designada uma segunda equipe de perícia. Por isso que não está sendo chamado.”

 Tudo que foi citado acima mostra que não bastou apenas o George Sanguinetti ser do contra, mas, ele deveria ter apresentado suas convicções técnicas com muita maestria e robustez. Isso me faz duvidar da sua capacidade técnica em formular procedimentos periciais robustos de local de crime.

George Sanguinetti foi contratado como assistente técnico pela família Nardoni para defesa do casal que foi preso acusado pela morte da menina Isabella Nardoni. Tal como aconteceu no caso PC Farias, Sanguinetti resolveu escrever um livro denominado de “A morte de Isabella Nardoni – Erros e Contradições Periciais”. Entretanto, esse livro foi proibido pela justiça. No dia sete de maio de dois mil e dez (07/05/2010), o G1 São Paulo fez as seguintes considerações sobre os “achados criminalísticos” de George Sanguinetti sobre a morte de Isabella Nardoni (Disponível no site do G1-SP).

“A morte de Isabella Nardoni – Erros e Contradições Periciais”, do médico alagoano George Sanguinetti, discorda da versão oficial da Justiça, que diz que Anna Jatobá tentou esganar a enteada e Alexandre Nardoni jogou a filha pela janela após uma discussão. Sanguinetti chegou a ser contratado pela família Nardoni para analisar os laudos periciais sobre a morte da menina.” Em 87 páginas, ele critica o trabalho dos peritos e volta a reafirmar a existência de uma “terceira pessoa”, mas, desta vez, “revela” quem seria o criminoso. “Um pedófilo matou Isabella Nardoni e ela sofreu violência sexual, foi abusada sexualmente”, resumiu o autor por telefone ao G1, na sexta-feira (7). Essa tese sugere que o pai e a madrasta de Isabella são inocentes. Sim, quem matou Isabella foi um pedófilo. As lesões encontradas no seu órgão genital são iguais a de uma criança abusada sexualmente. Ela caindo sentada, como afirmou a perícia paulista, não teria lesões como as que ficaram em seu corpo, afirmou Sanguinetti. Os peritos alegam que as lesões na genitália são decorrentes da queda do sexto andar.”

A ludicidade de George Sanguinetti sobre o caso da menina Isabella Nardoni não teve limites ao questionar os achados médico-legal e pericial do local do crime. Segundo o G1 São Paulo, tem-se (Disponível no site do G1-SP):   

“O G1 teve acesso à cópia do conteúdo do livro de Sanguinetti. São 45 páginas expositivas da tese do médico, contêm fotos de uma boneca para representar Isabella e desenhos feitos à mão de um suspeito, apontado como o pedófilo. O restante das páginas é de cópias de documentos de pareceres que ele já fez sobre o caso. A provável e talvez única motivação para o crime para que ela fosse jogada do 6º andar do Edifício London foi desviar o foco do atentado sexual. Para que não fosse descobertas as lesões na genitália de Isabella e também impedir o reconhecimento do pedófilo. Acredito que a menor estava adormecida na cama, quando o infrator baixou a calça e a calcinha e a vulnerou com toques impúdicos, dedos, manuseios, etc. Ela acorda e grita papai…papai…papai e para…para.. para, como foi descrito por testemunhas que ouviram os gritos de Isabella, audíveis até no 1º andar e no edifício vizinho. Os depoentes que ouviram os gritos, testemunharam que foram minutos antes da precipitação. Na tentativa de silenciá-la, de ocultar a tentativa de abuso sexual, a menor é jogada para a morte. Quando iniciei meus trabalhos, relatei meus primeiros achados e divulguei: ‘procurem o pedófilo, procurem o pedófilo,’ mostrando a causa real da morte de Isabella. No prédio ou nas cercanias, havia alguém com antecedentes de pedofilia? Os que trabalharam anteriormente foram investigados sob esta ótica? Repito: ‘Procurem o pedófilo! Procurem o pedófilo.’”, escreve Sanguinetti.”

 Sinceramente, não tem como levar a sério o George Sanguinetti e os seus “achados criminalísticos”. Sua participação no caso de Isabella Nardoni foi tão pífia que o G1 São Paulo assim escreveu (Disponível  no site do G1_SP):

“Procurada pelo G1 para comentar o assunto, a advogada de Ana Carolina Oliveira, Cristina Christo Leite, não quis se manifestar. O promotor Francisco Cembranelli, que denunciou o casal Nardoni, afirmou por telefone que o livro do médico alagoano não tem qualificação. Considero tão insignificante o trabalho dele [Sanguinetti], que ele não foi chamado nem pelo advogado da defesa [Roberto Podval] para ser testemunha [no julgamento do casal].”

Falta-me espaço para citar outros equívocos técnicos periciais cometidos em casos de local de crime onde houve a participação de George Sanguinetti. No geral, a grande mídia divulga Sanguinetti como um grande perito criminal, talvez o melhor do Brasil, aos olhos não perscrutadores do público leigo. Mas, na minha opinião, ele carece de qualificações técnicas necessárias para questionar os laudos dos Peritos Criminais Oficiais. Duvido que os “achados criminalísticos” de George Sanguinetti sejam aprovados pelos pares.    

Entrevistador: Baseado em que o senhor afirma que o apresentado não foi autor do homicídio de Beatriz?

Sanguinetti: Bem, eu me baseio nos postulados da criminalística. A criminalística das provas técnicas, que no caso, decorrido todo esse tempo foi citado um DNA. Um DNA onde não havia uma cadeia de custódia; um DNA que foi dito que foi melhorado; foi recuperado, e enfim. Com a vida pregressa do acusado, onde era um estuprador, não o homicida e também com a motivação. Não havia nenhuma motivação. O que foi dito que a menina viu o elemento com a faca, se assustou, e pra que ela não divulgasse, ele a matou. Essa é uma fantasia, como lhe falei. Não tem argumento sólido. Não existe uma justificativa nos postulados da criminalística.

Comentário: Aqui existem muitas divagações nas palavras do George Sanguinetti. Não há interação entre as partes. Quais postulados da criminalística Sanguinetti utilizou para afirmar que o acusado não foi o assassino da menina Beatriz? Quais as provas técnicas que ele apresentou para fazer tais afirmações? Como Sanguinetti chegou à essa conclusão, se ele não foi para o local no dia em que ocorreu o crime e nem participou da elaboração dos laudos periciais? Quais provas técnicas Sanguinetti têm para mostrar de que não houve a cadeia de custódia na preservação do DNA? Qual o conhecimento de Sanguinetti em genética, para que ele opine ou lance dúvidas sobre a padronização de melhoramento de técnicas de análise de amostras de DNA? Eu gostaria muito que George Sanguinetti respondesse essas perguntas. Se ele não tiver respostas, certamente, é uma grande irresponsabilidade dele fazer tais afirmações sem apresentar uma única prova por menor que seja. Segundo Garcia e Póvoa (2004), no livro Criminalística editado pela AB Editora, tem-se:

“A investigação criminal, como um todo, deve partir do pressuposto de que, para a determinação da autoria de um fato ilícito, são necessários três elementos: motivo, meio e oportunidade. O motivo é elemento subjetivo, portanto, fora do alcance da criminalística. Contudo, os meios usados e a oportunidade de praticar o fato investigado estão afetos a ela, apesar de poderem ser, também, objeto da investigação empírica.”     

Baseado na subjetividade da motivação à luz da Criminalística, como George Sanguinetti pode afirmar que não houve motivação no assassinato da menina Beatriz? Todo crime será sempre influenciado por fatores sociais, psicológicos e psiquiátricos. Daí a importância muitas vezes de unir a Criminologia e a Criminalística para se entender a dinâmica de um crime, pois, esse é o ponto de intersecção entre ambas. Como mensurar a motivação de um indivíduo que já havia sido preso por estupro? Quais instrumentos George Sanguinetti utilizou para afirmar que não houve motivação para o crime? Será que George Sanguinetti conseguiu desenvolver alguma técnica nova que seja capaz de “medir” a motivação de um criminoso? Quais métodos psicométricos George Sanguinetti utilizou para afirmar que não houve motivação para a ocorrência do crime? É notório o fato de que, um estuprador já é um indivíduo psicologicamente motivado para cometer um crime. Ir até uma festa de escola à noite, onde haviam várias meninas, para um estuprador é o mesmo que uma raposa ir até um galinheiro. A motivação já é intrínseca ao fato. Dependendo do estado psicológico e psiquiátrico, certamente, um estuprador pode facilmente tornar-se um homicida. Isso jamais pode ser analisado pelos postulados da Criminalística, como afirmou George Sanguinetti.     

 Entrevistador: O que foi que assustou tanto assim a Beatriz?

 Sanguinetti: Eu, como lhe disse, revisei todos os casos quando os senhores me procuraram, eu pedi tempo. Não vou citar a parte do DNA. É muito fácil eu dizer que tenho coleta de cinco anos atrás, seis anos atrás, sem uma cadeia de custódia. As pessoas que trabalham com provas técnicas, com DNA, sabem muito bem o que é uma cadeia de custódia. Então, não foi apresentado. E decorrido todo esse tempo, me surge um DNA milagroso que vem evitar uma federalização do caso, com uma maior possibilidade de esclarecimento do caso e um elemento que não tem vida pregressa de homicida; que não tinha uma motivação; que não há nexo de causalidade. Não se prova nexo de causalidade e se atribui culpa e se pretende encerrar um caso. Como eu digo: um caso que e …. (não concluiu o raciocínio), tão libelo acusatório contra a competência dos que tinham a obrigação de esclarecer.

Comentário: É impressionante como George Sanguinetti divaga na sua oratória desconexa! A sua retórica é impregnada de viés cognitivo. A dialética é distorcida. Seu discurso é muito fraco. Quais casos Sanguinetti revisou? Ele teve acesso aos laudos periciais do caso da menina Beatriz? Quem passou para ele? Ou é mais um “chutômetro” de Sanguinetti? O caso da menina Beatriz Mota corre em segredo de justiça. Nem eu como Perito Criminal Oficial Especial da Polícia Científica de Pernambuco tive acesso aos laudos periciais. Como Sanguinetti teve acesso? Caso alguém tenha divulgado informações sigilosas para Sanguinetti, esse indivíduo cometeu um crime grave. Sanguinetti se compromete com suas próprias palavras. Mais uma vez, Sanguinetti afirmou que não houve cadeia de custódia na preservação do DNA. Porém, ele potencializa sua fala colocando em dúvida a originalidade da amostra de DNA do assassino confesso da menina Beatriz. Para ele, o DNA poderia ter sido implantado. Ele chamou esse DNA de milagroso (sic). Fica evidente aqui a irresponsabilidade de Sanguinetti ao afirmar sem nenhuma prova científica, a possibilidade de amostra espúria de DNA. Ele deveria ser processado por lançar a opinião pública contra a Polícia Científica do Estado de Pernambuco. Tenho aqui com os meus botões, que existe elevada probabilidade de Sanguinetti querer lançar um livro sobre o caso da menina Beatriz Mota. Como ele é bastante lúdico, eis uma grande chance para ele usar mais uma vez as suas bonecas infláveis que estão encalhadas a muito tempo. Para Sanguinetti não houve nexo de causalidade. Como um indivíduo estuprador e intrinsicamente motivado entra num colégio e assassina uma criança de sete anos e não se tem nexo de causalidade? Além de estudos criminalísticos, aconselho George Sanguinetti estudar urgentemente os rudimentos do Código Processo Penal Brasileiro. Seria interessante ele estudar Criminologia e Criminalística para ter o mínimo de conhecimento para dar melhor robustez às suas argumentações periciais. George Sanguinetti rompe seu raciocínio e fala sobre: “tão libelo acusatório contra a competência dos que tinham a obrigação de esclarecer.” (sic). Como assim? Nada aqui ficou claro! Sinceramente, não consegui entender a relação entre nexo de causalidade e libelo acusatório. Assim, George Sanguinetti faz uma salada rançosa envolvendo DNA espúrio, quebra da cadeia de custódia, nexo de causalidade e libelo acusatório. Com esses termos bonitos, ele consegue seduzir a opinião pública para ele. Entretanto, quando confrontado por um especialista, as argumentações de Sanguinetti não passam de simplórios achismos “criminalísticos”.     

Entrevistador: Sanguinetti, por favor, pra gente que é leigo aqui, numa linguagem simples aí, o que seria uma cadeia de custódia? Significa o quê?

Sanguinetti: Quando o senhor tem uma prova técnica; quando o senhor coleta de alguém, de uma cena, o senhor resguarda aquela prova técnica como, digamos assim, num recipiente próprio. Aquela faca teria que ficar inviolável, não é? Com assinaturas de custódia; com pessoas garantindo que ela não iria ser… (não concluiu o raciocínio). Até que ponto era original? Até que ponto foi da época? E por que tão pouco se falou? Nunca se apresentou. Eu mesmo pedi acesso. Nunca foi me dado acesso. Então, se colocar antes ou depois, não é? Eu me lembro de um tempo em que, quando alguém ia ser morto, ia ser assassinado, já se sabia quem ia ser apresentado como se fosse o autor. Por isso, eu lhe disse que, essa estória é uma estória com “e”. Não é uma história com “h”. Essa estória falta fundamentação técnica. Agora, cria-se um ambiente de coletiva, logo quando a mãe com esforço hercúleo gigantesco, faz aquela marcha clamando por justiça; quando o governador assume um compromisso de federalização, aí aparece essa pessoa do interior do estado, estuprador, e confessa um homicídio; e confessa de uma maneira fantasiosa que não convence a ninguém, a não ser quem na sua boa-fé deseja ser convencido. Eu gostaria de estar com os elementos técnicos que eu tenho, frente aos senhores peritos que, digamos assim, chagaram a essa comparação. Mas, se não me deixaram nem examinar nem tentar esclarecer no início, como é que iriam deixar agora, eu exatamente constatar o trabalho que foi feito? Então, eu quero apenas dizer que, no direito de cidadão e solidário ao pensamento de mãe; é como se diz: “coração de mãe não engana.” Também, a mãe achou muito primário, não é, aquelas alegações? Ela não ficou convencida. Ela sabe que essa não é a resposta que vai trazer justiça para Beatriz. Essa é a minha opinião. Voltarei ao caso com mais fundamentação recebendo material.     

Comentário: Aqui mais uma vez mostra a falta de conhecimento de Sanguinetti sobre o Código Processo Penal Brasileiro. Cadeia de custódia da prova não é somente colocar uma “prova técnica” num recipiente. Vejamos o que diz o Artigo 158-A da Lei 13.964/2019:

“Considera-se cadeia de custódia o conjunto de todos os procedimentos utilizados para manter e documentar a história cronológica do vestígio coletado em locais ou em vítimas de crimes, para rastrear sua posse e manuseio a partir de seu reconhecimento até o descarte.”

George Sanguinetti mais uma vez duvida de que não houve uma cadeia de custódia na condução da faca usada para matar Beatriz Mota. E duvidou até da originalidade da faca. Tais divagações do George Sanguinetti, não coloca apenas em xeque o trabalho da Perícia Criminal Oficial de Pernambuco, mas, de toda a Perícia Criminal Oficial do Brasil. Na verdade, George Sanguinetti gosta de expor negativamente a Perícia Criminal Oficial do Brasil à opinião pública. Com isso, ele tenta levar os Peritos Criminais Oficiais ao descrédito e consegue arrastar uma grande multidão de leigos que o consagra como um grande perito criminal, sem na verdade ser. Todas as vezes que George Sanguinetti fizesse observações espúrias sobre qualquer caso de local de crime em algum estado brasileiro, ele deveria ser processado, caso não apresentasse provas robustas. Já passou da hora da Perícia Criminal Oficial do Brasil tomar as devidas medidas contra as divagações criminalísticas de George Sanguinetti.

Consideremos as afirmações de George Sanguinetti: “Nunca se apresentou. Eu mesmo pedi acesso. Nunca foi me dado acesso.” (sic). Ele pediu acesso a quê? Ao sistema de cadeia de custódia? Aos laudos do caso da morte de Beatriz Mota? Qual o cacife que George Sanguinetti tem para pedi acesso ao sistema da Polícia Científica de Pernambuco? Sinceramente, é muita ousadia! Ele fez esse “pedido” através de qual via? Seria interessante ele apresentar a comprovação desse pedido! Como uma pessoa estranha à Polícia Científica de Pernambuco pede “acesso”?

Observemos essas graves e comprometedoras palavras de Sanguinetti: “Eu me lembro de um tempo em que, quando alguém ia ser morto, ia ser assassinado, já se sabia quem ia ser apresentado como se fosse o autor.” Seria muito interessante ele esclarecer isso diante da opinião pública. Que tempo foi esse? Onde isso aconteceu? Que informações possuem Sanguinetti?

George Sanguinetti afirmou que: “Eu gostaria de estar com os elementos técnicos que eu tenho, frente aos senhores peritos que, digamos assim, chagaram a essa comparação.” Quais elementos técnicos ele possui para questionar um exame de DNA? Alguma técnica nova de comparação? Algum método de análise estatística de dados? Novos modelos matemáticos de aplicação em genética? Alguma teoria nova de probabilidade? Eu juro que gostaria de ver esses “elementos técnicos”! Desafio o George Sanguinetti para que ele me apresente esses “elementos técnicos”. Estou aberto a um debate sobre essa temática ou em outra que ele queira discutir dentro de qualquer área da Criminalística.  

George Sanguinetti afirmou que: “Mas, se não me deixaram nem examinar nem tentar esclarecer no início, como é que iriam deixar agora, eu exatamente constatar o trabalho que foi feito?” É muita soberba dizer que iria esclarecer no início, um caso tão complexo como foi o assassinato da menina Beatriz Mota. Eu duvido que, pelos fracos conhecimentos que o George Sanguinetti possui de criminalística, de que ele tivesse as condições técnicas necessárias e suficientes para apresenta um mínimo de robustez de prova técnica pericial ao caso. Se pelo menos, o George Sanguinetti fosse perito criminal oficial ou médico legista oficial, talvez, valesse a pena ouvir suas sugestões. Entretanto, mesmo sendo conhecido como perito criminal pela grande mídia, ele nunca exerceu de fato tal função. Ou seja, George Sanguinetti nunca foi Perito Criminal. Não sei quantas perícias tanatoscópicas, ele realmente fez na sua trajetória como médico legista.  

Entrevistador: Sanguinetti, essa confrontação de DNA e essa confissão do acusado por si só não são suficientes para o encerramento do caso?

Sanguinetti: Não, não, não. É insuficiente, como lhe disse: quem quer se livrar do problema; quem quer apresentar um responsável e silenciar o caso. Aí é bom, não é? Ele não tem nada a perder. O que tem a perder? Nada, não é? Já é… (não concluiu o raciocínio). Tá no sistema. Então, é muito fácil no sistema, o senhor arranjar confissões; não é? Não significa veracidade. Não significa o que realmente aconteceu. O caso tem que ser investigado e me permita; um advogado de defesa, se é que ele vai ter; alguém é que vai se movimentar por ele; porque, na verdade, ele, coitado, solidário ou silencioso com o que foi dito…(não concluiu o raciocínio); mas, não prospera diante de um julgamento; diante de uma avaliação mais profunda. Muito fraca a argumentação. A estória não convence.

Comentário: Aqui mais uma vez, George Sanguinetti faz graves acusações. Seria interessante que ele apresentasse suas provas técnicas. Ele apresenta apenas argumentos falaciosos que lhe compromete profundamente. Cabe ao Governo do Estado de Pernambuco solicitar as provas ao George Sanguinetti. Caso, ele não apresente, deve responder na justiça por tão graves acusações.

Porém, vale a pena prestar muita atenção nas seguintes palavras de George Sanguinetti: “porque, na verdade, ele, coitado, solidário ou silencioso com o que foi dito…(não concluiu o raciocínio).” George Sanguinetti chama o assassino confesso da menina Beatriz Mota de coitado, solidário e silencioso? É isso mesmo ou eu estou chegando à minha adolescência senil? Como George Sanguinetti, com tantas divagações, iria conseguir solucionar um caso tão complexo? Talvez ele esteja querendo mais material para fortalecer seus “argumentos técnicos”, visando a escrever um livro sobre o assassinato da menina Beatriz Mota.

Entrevistador: Uma reconstituição seria importante também nesse momento?  

Sanguinetti: É. Ele não saberia. Ele não saberia. E quando não se tem a vítima viva ou uma testemunha direta, é muito difícil reconstituir, não é? Veja bem! Então, talvez ele fosse preparado, ele argumentasse como se… (não concluiu o raciocínio); mas, meu Deus do Céu! Como é que um pedinte… (não concluiu o raciocínio)? que alguém vai a um colégio, a uma formatura, e ele vai exatamente naquele setor abandonado? Ele… (não concluiu o raciocínio); eu sempre disse: não foi trabalho solitário; alguém vigiava; alguém observava; alguém… (não concluiu o raciocínio), enfim. Eu não me convenço dessa pessoa, desse pedinte, desse pobre homem, que em busca de moedas assusta… (não concluiu o raciocínio); não é? Tanta gente que poderia ter sido assustada e poderia ter uma reação maior, logo uma menina de sete anos vai verificar, constatar que ele tá armado; que ele tá com uma faca, e é vitimada por conta disso. Faltam muito elementos para ter veracidade e credibilidade. Eu necessito de mais.  

Comentário: Observa-se claramente que George Sanguinetti nada sabe sobre reconstituição de local de crime, que no ambiente da Criminalística é conhecida como Reprodução Simulada (RS). Mais uma vez, exponho o fraco conhecimento que o George Sanguinetti possui sobre Criminalística e suas interações. Para realizar uma Reprodução Simulada, não é preciso que a vítima esteja viva, nem que haja testemunha direta! Isso é tão surreal que faço a seguinte pergunta: será que ele disse isso mesmo? Dependendo da cosmovisão do perito criminal, ele consegue obter informações importantes de um local de crime durante a realização de uma Reprodução Simulada. Existem vestígios que resistem ao tempo. Um local de crime possui seus códigos matemáticos que podem ser recuperados. Como a Matemática é transcendente ao espaço-tempo, certos “vestígios” podem ser trazidos à “vida”. Isso é de grande valia para a Perícia Criminal. Decorrente disso, o perito criminal de local de crime deve ter uma “mente matemática” para observar além do óbvio. Desse ponto de vista, a Perícia Criminal tem muito a aprender com a Arqueologia. A Arqueologia Forense possui recursos infinitos de técnicas e métodos que podem ser utilizados pelos Peritos Criminais Oficiais. Nos chamados “locais violados” existem muitos vestígios que podem ser recuperados. Os “locais violados” desafiam a qualidade técnica do perito criminal. Caso, George Sanguinetti queira, posso debater com ele sobre a importância da Reprodução Simulada em local de crime.     

Vale a pena uma análise mais profunda das seguintes palavras de George Sanguinetti: “eu não me convenço dessa pessoa, desse pedinte, desse pobre homem, que em busca de moedas assusta… (não concluiu o raciocínio); não é?” Aqui, para George Sanguinetti, o assassino confesso da menina Beatriz Mota não passa de um pedinte, um pobre homem em busca de moedas. Proponho a seguinte reflexão que George Sanguinetti não se ateve: um estuprador é um indivíduo psicologicamente motivado a cometer um crime. Ele sabia que, naquela noite no colégio, havia muitas meninas. Ele pode ter usado a desculpa de pedir moedas para tentar entrar no colégio. Não sei de onde o George Sanguinetti tirou a ideia de que um assassino confesso deva ser tratado como um pedinte, um pobre homem que foi em busca de moedas num colégio lotado de meninas. Não falta ludicidade em George Sanguinetti! Na verdade, ele não somente possui excesso de ludicidade, mas é autor de um profícuo poema de comiseração.  

Digo sempre: entre ser famoso ou importante, o perito criminal deve escolher um dos dois.

Cleomacio Miguel da Silva/Perito Criminal Oficial Especial da Polícia Científica do Estado de Pernambuco/Ex-gestor da Unidade Regional de Polícia Científica da Mata Norte (URPOC-MN)

Mais um perito questiona Sanguinetti sobre Caso Beatriz e deixa novas perguntas

  1. Pé no Saco disse:

    Só sei dizer quem tá perdendo com essa briga toda dos sabichões aí é a família e a criança que perdeu a vida.

  2. Paulo disse:

    isso.ainda vai longe tem muitos para se aparecer ainda

  3. Maciel disse:

    Li uma infinita alegação subjetiva que nada tem com o caso. Ego, só isso!

  4. Otavio disse:

    Depois de tantas palavras bonitas como é que fica o caso Beatriz?

  5. Edson Jorge Pacheco disse:

    Excelentes colocações!!!
    Parabéns Cleomacio!!!

  6. Jose disse:

    Excelente trabalho da polícia Civil de Pernambuco. Parabéns

  7. Jose disse:

    Perfeito o trabalho da polícia Civil de Pernambuco. Parabéns

  8. Cavalo disse:

    Pense um povo que gosta de ter o ego amaciado. Se tivessem 10% desse empenho pra resolver o caso lá no início a família e a sociedade não teriam sofrido tanto. Logo menos os amiguinhos chegam para “parabenizar” o bravo escritor. Corporativismo o nome, né?

  9. Pedro disse:

    Duvido que esse texto foi escrito pelo perito criminal.
    Isso é um texto jornalístico, de algum(a) assessor(a) de imprensa do governo de Pernambuco.

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