Um episódio envolvendo a vereadora Alice Conrado, mãe da prefeita Márcia Conrado, provocou grande repercussão política e social em Serra Talhada (PE), Sertão do Pajeú, nessa quinta-feira (7). A controvérsia surgiu após a revelação de uma grave acusação de injúria racial que teria sido cometida pela vereadora durante a sessão da Câmara Municipal realizada na última terça-feira (5).

De acordo com relatos, Alice Conrado teria chamado o vereador China Menezes de “negro seboso”, após o parlamentar cobrar mais ações do governo municipal na tribuna. O vereador afirmou que a ofensa ocorreu durante uma discussão, quando ele mencionou que deveria direcionar suas cobranças ao deputado Luciano Duque, e a vereadora respondeu com a expressão considerada racista.

“Terminei meu discurso e ela partiu para provocações, dizendo que eu deveria cobrar o deputado porque eu era ‘xirimbaba’ dele. Insatisfeita, ainda mandou eu calar a boca, usando a expressão ‘negro seboso’”, lamentou China Menezes. O caso rapidamente ganhou destaque nas redes sociais, gerando mobilização e reações de diferentes setores da comunidade local.

Em resposta às acusações, Alice Conrado divulgou uma nota oficial na manhã desta quinta-feira, na qual repudia “qualquer tentativa de distorcer fatos” e reafirma seu compromisso com a verdade e com a população de Serra Talhada. A parlamentar negou veementemente ter proferido qualquer ofensa pessoal ao vereador e lamentou o que classificou como “uso de fake news como instrumento político”. “É verdade que houve uma discussão acalorada durante a sessão, mas em nenhum momento ultrapassei os limites do respeito, da ética ou da civilidade que sempre marcaram minha conduta enquanto vereadora eleita pelo povo”, destacou Alice.

Coletivo

O caso também mobilizou movimentos sociais. O coletivo Existimos, que atua na defesa da população LGBTQIA+ e negra em Serra Talhada, emitiu uma nota de repúdio, classificando a atitude da vereadora como “inaceitável” e reforçando a necessidade de combate a qualquer discurso discriminatório.

Na nota, o grupo chama atenção para a gravidade do racismo, que é crime previsto na Lei nº 7.716/89, e exige que o Ministério Público e a Câmara Municipal tomem providências para apurar os fatos e aplicar as devidas sanções. “Nós, do movimento LGBTQIANP+ e Negros Existimos, repudiamos veementemente as declarações racistas da vereadora Alice Conrado. O racismo não pode ser tolerado em nossa sociedade e exigimos uma resposta imediata da Câmara para coibir comportamentos preconceituosos”, afirmou o coletivo. (Fonte: Blog Luciana Rêgo)