Numa longa conversa que tiveram ontem (17), no Recife, os presidentes estaduais de PTB e PT em Pernambuco, respectivamente Armando Monteiro Neto e Pedro Eugênio, chegaram a um consenso: a Frente Popular não pode ser abalar pelos últimos episódios e deve se manter preservada.
As duas lideranças também comentaram sobre a polêmica saída do deputado Odacy Amorim para o PT, e de um fato semelhante ocorrido em Serra Talhada, no sertão do Pajeú, onde o Dr.Fonseca deixou o PT para se filiar ao PTB. Confiram os principais trechos da entrevista:
Espaços de convivência dos partidos e os casos Petrolina e Serra Talhada
Pedro Eugênio – Nós do PT temos absoluta convicção, e nossos partidos aliados sabem disso, que nestes dois processos (Petrolina e Serra Talhada) nós não agimos no sentido de atrair os quadros políticos para o PT. Ocorreram fatos que fizeram com que eles tomassem a decisão de sair de seus partidos de origem, respectivamente do PSB em Petrolina e do PR em Serra Talhada. E a partir desta decisão já tomada solicitaram o ingresso no PT. É evidente que, localmente, mesmo seguindo-se este roteiro, surgiram atritos, surgiram insatisfações. Mas a verdade tem muita força e nós temos absoluta convicção de que não nos faltou lealdade para com os partidos que são nossos aliados. E isto então tende a se acalmar, tende a passar.
Armando Monteiro – Primeiro há o momento da filiação. Porque quando há lideranças expressivas que se movimentam no sentido de sair de um partido e ir para outro, é claro que isto já sinaliza a disposição de pré-candidatura. Mas o fato é que candidaturas só existirão nas convenções. Há um longo tempo para que você construa ou que faça um exercício para tentar fazer composições onde for possível. Nos episódios que aparentemente tensionaram a relação não identifico, nem no processo de Petrolina nem no de Serra Talhada, nenhuma ação indevida do PT. Há, sim, contradições nos partidos de origem, que já se expressavam, já estavam indicadas. No caso, por exemplo, de Petrolina nós sabemos que desde 2008 há problemas no PSB, que ao final terminaram até traduzindo-se no próprio resultado eleitoral, que ocorreu na eleição passada. Então estas contradições não são novas, nem foram criadas agora por conta de um convite do PT, que nem existiu. Agora, as lideranças devem ter a liberdade de procurar os seus caminhos. E, curiosamente, nestes casos, nós estamos tendo sempre como destino partidos da própria aliança, da própria Frente.
Pedro Eugênio – Em Serra Talhada nós perdemos o Dr. Fonseca, um quadro da melhor qualidade, para o PTB. Foi uma contradição gerada no PT, por conta da entrada do Luciano Duque no PT, e o Dr. Fonseca se sentiu desconfortável e migrou para o PTB. E nem por isso nós entendemos que o PTB aliciou o Dr. Fonseca. Nós entendemos que ele se sentiu desconfortável e migrou para um partido da Frente. Agora, é importante lembrar que estas todas são pré-candidaturas, nomes que são colocados, mas agora é que nós vamos começar o processo de discussão sobre como vão se dar as alianças locais. Nós não estamos ainda com candidaturas estabelecidas.
A conversa com o PSB
Pedro Eugênio – (A conversa com o PSB) será tranquila também. Nós estamos já estamos agendados com Milton Coelho na sexta-feira. Eu falei com ele por telefone longamente, eu estava em São Paulo quando conversei com ele agendando para a sexta-feira. Só não agendei antes porque ele viajou para São Luís, cumprindo uma agenda partidária, e eu viajo amanhã para Brasília, e ele só volta na quinta, então só deu pra agendar na sexta-feira. Nós não definimos ainda o local. Mas será ou no PT ou no PSB. E eu acredito que será tranquila também, será uma conversa tranquila porque as questões de conflitos que existem, repito, são questões pontuais, que surgiram por conta desse processo municipal e que nós vamos administrar da mesma forma que estamos administrando com os outros partidos.
A frente deve ser preservada e plural
Armando Monteiro – Se eu pudesse resumir a essência desse processo que a gente tratou aqui, tem duas coisas. As questões locais vão ser tratadas no seu momento próprio. É claro que a questão do Recife é uma questão importante, pelo que o Recife representa. Conversamos também um pouco sobre essa coisa do Recife, que, ao que tudo indica, nesse momento, há uma indicação de que há setores dos nossos partidos e de outros partidos da Frente cogitando de candidaturas próprias. É ainda, como eu disse, algo embrionário. Agora, dessa nossa conversa, tem duas coisas que eu considero importantes. Uma: é a nossa visão de que a manutenção da Frente é importante para Pernambuco e que nós não podemos, por nenhuma questão de natureza local, ainda que ela seja magnificada, nós não podemos por em risco a manutenção dessa Frente que é tão importante para Pernambuco. E a segunda: é a compreensão de que uma Frente pressupõe a existência de forças que não são necessariamente idênticas. Ou seja, tem que haver espaço para essa pluralidade, essa diversidade. Uma Frente é formada não por iguais. Uma Frente é formada por forças que convergem em nome de objetivos comuns, que não são necessariamente idênticas nem iguais. Então, nós para convivermos numa Frente precisamos ter a compreensão, primeiro, de quais são os objetivos dela. E nós temos a compreensão de que os objetivos maiores se situam na linha do que é importante para Pernambuco. E, segundo, a compreensão de que nós, na Frente, não somos iguais; temos, legitimamente, direitos a aspirar espaços… Agora, precisamos entender isso e temos a obrigação de conviver com essa compreensão. (foto: PTB/divulgação)


