Leitor do Blog diz, em artigo, que sobram carnavalescos e falta carnaval

por Carlos Britto // 07 de março de 2011 às 07:05

O leitor do Blog, Alberto Caiero é um carnavalesco de antigamente. Em artigo que nos envia ele vai contando suas impressões. Leiam:

As mortes do carnaval de Petrolina

Só a simples intenção dos foliões de Petrolina não vai trazer de volta os bons carnavais do município, é preciso muito mais pra ressuscitar o evento já morto e sepultado várias vezes durante as últimas três décadas.

Nos anos oitenta ainda encontrávamos ecos dos blocos mascarados, dos corsos da av. Souza Filho, da praça do bambuzinho, das charangas e bandinhas de frevo, das batucadas animadas e despretensiosas. Do bailes perfumados de lança perfume do Iate Clube, do social, chique e elegante baile da 21 de setembro. Um carnaval com irreverência e alegria, acessível a todos. Sem cordas se sem isolamentos de seguranças.

Mas aí veio o boom da música baiana, o axé music, o carnaval privatizado e pouco criativo, padronizado com mortalhas e abadas, que invadiram e acabaram com vários carnavais ao longo do país. A moda ditou a lógica de boa parte dos carnavais no final do século passado.

O axé virou moda e exportou o modelo para diversas cidades do país, Era a tal da micareta. Para muitos o sinônimo do verdadeiro carnaval. Era a cultura baiana se sobrepondo, eles passaram a representar o novo, os demais o atraso.

Em todos os lugares do país, de norte a sul, até mesmo no exterior, trios elétricos marcavam a conquista baiana. Mas não deixavam de ser uma grotesca imitação do que poderia ser visto na Praça Castro Alves em Salvador. Era mais ou menos como comer acarajé em moscou.

Aqui não foi diferente, com a pá de cal do carnaval de antecipado (micareta) de Juazeiro, que roubou parte da motivação, Petrolina passou a não ter carnaval. Mas não ficou de fora da moda e também teve seu carnaval fora de época. Primeiro na orla I e depois na orla II.

Por volta dos anos 2000 alguns excêntricos resolveram, na contramão de tudo, sair com alguns blocos do legítimo frevo. Se concentrando na praça da 21 de setembro, reduto da história de Petrolina. De tanto insistir outros blocos surgiram e o local passou a ser um foco de resistência, quase que anárquica, da idéia de trazer de volta o carnaval ao nosso município. A idéia poderia já ter sido aproveitada como semente para o ressurgimento do nosso carnaval.

No sábado à noite após visita a praça da 21 de setembro resolvi escrever essas poucas linhas, pois me lembrei de uma velha história sempre ouvida de que o povo da cidade não gosta de carnaval. Uma informação que pude constatar ser totalmente equivocada.

O que vi na Praça 21 de setembro ontem foi várias famílias com crianças fantasiadas esperando em vão a vinda de algum bloco ou de algo que pudesse animar e mostrar que era carnaval. Folião existia o que não havia era carnaval.

No coreto da praça um grupo tocava sucessos dos carnavais baianos, destoando com a idéia germinada nos últimos anos, que era simplesmente o resgate das tradições dos carnavais de Pernambuco e da história de Petrolina. Os organizadores públicos não conhecem ou simplesmente ignoram as tentativas dos últimos anos.

É com tristeza que vejo que o poder público municipal ainda não conseguiu entender qual é a real intenção dos poucos e insistentes foliões que querem manter viva a memória do carnaval do município.

Hoje, domingo, na contra mão de tudo, veremos alguns blocos, que quase sem patrocínio ou apoio oficial, sairão do às ruas do centro antigo mantendo a idéia que é possível ter carnaval em Petrolina.

Assim como um gato tem sete vidas, talvez o carnaval de Petrolina consiga sobreviver a mais uma morte. Espero que as crianças que pude ver na praça ontem possam ter melhores recordações que as minhas e que, sobretudo a história e as tradições do município deixem de ser tratadas com descaso e desconhecimento.

Essa é a minha esperança.

Alberto Caieiro, petrolinense

Leitor do Blog diz, em artigo, que sobram carnavalescos e falta carnaval

  1. Lenio Ferraz disse:

    Muito bom esse artículo, me fez realmente voltar a esses tempos maravilhosos q o artículo descreve. Infelizmente esse tipo de música q hoje predomina nossos carnavais veio pra ficar. O tempo das marchinhas, blocos e música acústica esta somente nas reminiscencias daqueles q curtiram e souberam, com respeito, brinca um carnaval de verdade.

  2. kelly disse:

    A prefeitura espalha em 03 focos de petrolina, atrações que são no minimo curiosas, que deve ser umas 30 atrações(conchitas, joao do pife, etc…) bem, quem sou eu pra julgar determinadas atrações, mas quem vai sair de casa pra brincar carnaval ao som de atrações que nunca ouviu falar, dá pra ver as ruas de petrolina quase desertas, o população que quer brincar carnaval foge daqui, ontem na av. Sao Francisco da Areia Branca, por volta de 21 hs, tinha alguns paredões de som ligados, e a PM mandou desligar, tudo bem, nada contra os paredões, nem a favor, mas acho q a cidade e o bairro estava em festa, entao pq nao deixar o povo brincar a vontade?? será que o povo so pode escutar as musicas que o prefeito quer empurrar nos nossos ouvidos(joao do pife, conchitas, etc???)

  3. Watergate disse:

    Todos sabem que quando o carnaval Evoluiu, Petrolina com sua influencia soteropolitana acarou e isso foi definitivo.
    O que matou o carnaval foram as tentativas de “ressucitação” da cultura do Ricifi que nunca agradou por aqui.
    Sábado vi aquela lata velha do frevuca tocar uma mesma música de frevo irritante por horas e fui embora com meus ouvidos doendo.
    Ninguém merece frevo e maracatu.

  4. Luiiz André Pimentel disse:

    Muito bem dito Albero Caieiro, é triste perceber o descaso com a cultura genuinamente pernambucana, não precisamos de importar da bahia o carnaval. Nosso festa que é defendida com unhas e dentes por abnegados petrolinenses natos ou por adoção, que lutam sem apoio de prefeito, secretário de cultura, turismo e demais órgãos competentes, que favorecem sim com o dinheiro do nosso imposto, músicos que em plena praçinha da 21 de Setembro, único reduto do verdadeiro carnaval de Petrolina, tocam marchinhas cariocas e o incômodo ritimo bahiano. O que afirmo é que não desistiremos, um dia que há de chegar teremos de volta nossa batucada, o corso os blocos de máscaras etc. dos saudosos carnavais de outrora.
    Em tempo: agora mesmo a momentos atrás a Rádio Jornal de Petrolina que é, genuinamente pernambucana, além está tocando música bahiana que é anuciada por uma locutora que é filha de Petrolina sempre morou aqui, mas tem o sotaque estranho ao nordeste.

  5. LIA disse:

    Prezado Alberto Caieiro:

    Concordo com suas palavras!
    Petrolina precisa de um bom carnaval respeitando e valorizando a cultura pernambucana! Para piorar a situação ontem tinha uma dupla sertaneja tocando… ô miséria: será que estamos em um rodeio? Pq não colocaram Fabiana Santiago ou Matingueiros ou até Alan? Mas preferem o ridículo de uma dupla sertaneja!
    Falta carnaval e sobra foliões! perfeita colocação!
    P.S.: Após o termino da apresentação de Lecy Brandrão (que foi linda) a avenida estava parecendo casa de porco! Nem com as lixeiras a prefeitura pode se preocupar, tão pouco com a educação do povo… Cidade imunda!

  6. laila disse:

    fato é…eu não aguento mais ouvir frevo –‘ um ritmo só comendo o seu juizo numa dança loka..quem gosta de frevo vai pro frevo quem gosta de axé vai pro axé o carnval da cidade devia ser mais democratico e o som liberado já q é carnaval nada a ver mandar desligar o som dos carros na areia branca devia msm ser estipulado um horario nos fins de semana e feriado…sem falar q as atrações q ngm nunca ouviu se quer falar..tinha até banda de forró e vaquejada no meio –‘

  7. Dreda disse:

    Também estive presente ontem na praça 21 de setembro e constatei exatamente isso. Entre a passagem de um bloco e outro restavam o silêncio e centenas de foliões, boa parte crianças, sem ter o que fazer. Bem que podiam ter deixado uma banda tocando marchinhas nos intervalos dos blocos. Outra coisa que fez falta ontem foram as matinês para as crianças. O primeiro bloco que vi chegou a praça por volta das 19h.

  8. João José disse:

    A Prefeitura deveria investir na turma do paredão, mais barato e anima mais do que essas bandas lá de Recifi que ninguém conhece. Se o Governo do Estado quer empregar os artistas recifense, que leve esses cantores pra lá. Entendam, frevo não vinga por aqui, a não ser para uns poucos que adoram ser colonizados pela Capital. Não é surpresa. Quem torce por Santa Cruz, Náutico e Sport, é capaz de gostar de frevo. Tô fora!!!!!!!!!!

  9. Juazeiro disse:

    Quem não se moderniza cai no esquecimento.Assim foi com o Frevo que virou folclore.Nós baianos estamos sempre mesclando e misturando ritmos.Como resultado temos o Axé,que é totalmente abrangente e sem preconceitos.Viva a Bahia!

  10. Luiz Duarte disse:

    Triste mesmo essa valorização do carnaval de “Pernambuco” (leia-se Recife) como se fosse demonstração de cultura e alegria, ou mesmo a tentativa de demonstrar que isso é a opinião da maioria da população de Petrolina. Eu pelo menos DETESTO frevo (e axé também) e não conheço ninguém que ao menos suporte esse barulho importado da capital.
    Se for para absorver costumes que não são nossos vamos passar para os nossos filhos o prazer pela leitura e pelas ciências. Basta com essa valorização desmerecida do carnaval.
    Sabe por que outros países como EUA, Canada, França e Suíça não valorizam TANTO essa manifestação? Por que nesses lugares existe o despertamento para assuntos mais importantes e até mesmo mais prazerosos.
    Quer carnaval mais animado? Procura em outro lugar, mas deixa Petrolina em PAZ.

  11. jair disse:

    O carnaval da Bahia se recicla por que é livre, feito pelos artistas e aprecidada pelo povo. Carnaval não é feito escrita de lei, imposta pelo estado como quer fazer Pernambuco. A cultura é feita pelo povo e não por burocratas, secretários, prefeito e governadores. Salvador, por exemplo, tem o axé, mas não tem o pagode? Nunca vi a prefeitura de Salvador proibindo de tocarem axé, pagode, samba ou o frevo baiano de armandinho dodô e osmar. O povo da Bahia é livre para fazerem o carnaval como quiserem.

  12. Luiz Duarte disse:

    Se carnaval for cultura prefiro morrer ignorante.

  13. PETROLINENSE disse:

    Nada mais ridículo do que a Frevuca, o Frevo, troças, caboquinhos (sei lá como se escreve), maracatus, essas porcarias que não são de Petrolina e por aqui não vai atrair ninguem. Petrolina é moderna, entendam isso. Aqui não tem que ter imposição. Outro dia estava no Bompreço e meus filhos gêmeos estavam com camisa do São Paulo, e uma senhora questionou: pq voces não torcem pelos times do seu estado? e como eles tinham apenas 7 anos respondi: pq o estado não entende de Petrolina. Nós somos uma mesclagem de vários estados. Não suporto recifenses quererem implantar sua cultura à força. Pena que os políticos de Petrolina aceitam esta verba miserável da Fundarpe, para trazer artístistas (artístas?) que não empolgam nem as crianças.

  14. PETROLINENSE disse:

    Quem brincou os maravilhosos carnavais da Souza Filho, com apenas dois trios sabe da animação. Não existia o frevo bruto. Existia o frevo eletrizado que tambem tocava em Salvador. Nunca vi ninguem da minha época com uma sombrinha dando aqueles passos ridículos.

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