O estado de Pernambuco encerrou o ano de 2024 com um crescimento preocupante nos números de acidentes e mortes no trânsito. Enquanto unidade sentinela para informação sobre acidentes de transporte terrestre, o Hospital Universitário (HU)-Univasf, vinculado à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH), registrou o maior número de notificações, de acordo com o Boletim de Morbimortalidade por Acidentes de Transporte Terrestre (ATT), divulgado pela Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE) neste mês.
Ao todo foram registradas 47.130 vítimas de acidentes nas 18 unidades sentinela (Usiatt) do estado, um aumento de 12% em relação a 2023. Somente no HU-Univasf, 10.415 vítimas foram atendidas, impactando diretamente a taxa de ocupação hospitalar e superando os atendimentos em unidades como o Hospital da Restauração (HR), em Recife, e o Hospital Regional do Agreste, que atende à população da macrorregional Caruaru. As motocicletas continuam liderando as estatísticas, representando 73,3% das ocorrências, com 7.949 notificações no HU. Entre as vítimas, 76,7% eram homens, com predominância da faixa etária entre 20 e 29 anos, evidenciando a vulnerabilidade dos jovens condutores no trânsito.
Fatores de risco
O período entre a noite da sexta-feira e a madrugada da segunda-feira concentram o maior quantitativo de registros de ATT. O sábado e domingo são os dias com mais registros, especialmente no período noturno e vespertino. Entre os fatores de risco mais frequentes estão:
– Acidentados sem habilitação (33,2%);
– Motociclistas sem capacete (22,9%);
– Vítimas sem cinto de segurança (38,1%);
– Acima da velocidade permitida (20,5%);
– Sob efeito de álcool (12%).
Mais de 1,8 mil mortes em 2024
Além de contribuir para a superlotação dos hospitais, com processos terapêuticos longos e com altos investimentos, os acidentes no trânsito têm ceifado vidas e provocado sequelas emocionais nos familiares das vítimas.
O boletim aponta 1.811 óbitos de residentes de Pernambuco, número maior em relação ao ano anterior. Dessas mortes, 55,2% envolveram motocicletas. As maiores taxas de mortalidade por 100 mil habitantes foram observadas nas Regiões IX – Ouricuri (27,6%), VIII – Petrolina (26%) e V – Garanhuns (24,3%).
Enfrentamento coletivo
Segundo o boletim, os dados reforçam a urgência de investimentos em educação e segurança no trânsito, além da necessidade de ações conjuntas entre governo, instituições e sociedade civil. O documento destaca ainda que o enfrentamento dos acidentes é um desafio multicausal, que exige políticas públicas integradas para promover uma cultura de paz e respeito às normas de trânsito.
De acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS/OMS), os sinistros de trânsito custam aos países cerca de 3% de seus produtos internos brutos e as lesões ocorridas no trânsito são a principal causa de morte entre crianças e jovens de 5 a 29 anos.


