Governo de PE detalha ações para conter casos de intoxicação por metanol

por Carlos Britto // 10 de outubro de 2025 às 09:23

Foto: Roberto Soares/Alepe

Representantes do Governo de Pernambuco explicaram na reunião da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa (Alepe), nessa quinta (9), as medidas que estão sendo tomadas para atender os casos suspeitos de intoxicação por metanol. A secretária de Saúde, Zilda Cavalcanti, e a presidente da Agência Pernambucana de Vigilância Sanitária (Apevisa), Karla Baêta, também trataram da fiscalização do comércio de bebidas.

De acordo com boletim recente da Secretaria Estadual de Saúde (SES), de 29 notificações de suspeita de intoxicação, 13 já tiveram a relação com o metanol descartada. Foram registrados quatro óbitos — dois deles sem vínculo confirmado com a substância. Os demais casos continuam sob investigação, e parte das análises clínicas indica associação com o consumo de bebidas contaminadas.

Protocolo

Segundo Zilda Cavalcanti, a Secretaria de Saúde foi pioneira no Brasil na criação e distribuição de um protocolo para toda a rede estadual, além de estabelecimentos de saúde privados e municipais. Em casos graves, o paciente deve ser encaminhado para um hospital com UTI e capacidade de fazer hemodiálise. A criação do protocolo teve a colaboração do Conselho Regional de Medicina do Estado de Pernambuco (Cremepe) e de sociedades médicas especializadas.

A gestora relatou os desafios na identificação da intoxicação por metanol: “Os sintomas iniciais podem ser semelhantes aos da intoxicação por etanol. Por isso, estamos capacitando as equipes para fazer o diagnóstico diferencial e conduzir corretamente cada caso”.

A secretária também relatou que foram recebidas 240 ampolas de etanol farmacêutico, medicamento utilizado para tratar da intoxicação por metanol. Ela alertou, porém, que a medicação é apenas parte de um protocolo de redução de danos para a intoxicação, e não um antídoto que assegure uma cura imediata para esses casos.

Fiscalização

O principal foco para evitar casos de intoxicação por metanol está na fiscalização da venda de bebidas. Para tratar do tema, a Comissão de Saúde também chamou para reunião a presidente da Apevisa, Karla Baêta. Ela ressaltou que o Estado mobilizou todas as vigilâncias sanitárias municipais, além de Fernando de Noronha, em uma força-tarefa de inspeção coordenada pela Apevisa.

Estamos fiscalizando o comércio varejista, ou seja, supermercados, distribuidoras e as festas e eventos de massa. Se tem um evento no final de semana no interior, temos uma equipe inteira fazendo a fiscalização dos drinks ou das garrafas para verificar produtos suspeitos de adulteração”, disse.

Segundo Karla, o esforço também tem a colaboração do Instituto de Criminalística, da Secretaria de Defesa Social. Ela apontou, porém, que as agências de vigilância sanitária fiscalizam a venda de bebidas no varejo, enquanto a fiscalização da produção é atribuição legal do Ministério da Agricultura.

Presidente da Comissão de Saúde, o deputado Sileno Guedes (PSB) cobrou que o governo esclareça mais rapidamente os casos. “É algo novo e muita coisa está sendo feita, mas precisa que o governo se organize para dar celeridade ao processo, e tranquilizar a população”, declarou.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *


Últimos Comentários