Especialistas concordam que houve falha na gestão dos reservatórios da Bacia do São Francisco

por Carlos Britto // 10 de dezembro de 2015 às 06:45

Dois dos principais especialistas em recursos hídricos do Brasil denunciaram a má gestão dos reservatórios da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco. “Não há dúvida de que o modelo de operação de reservatório foi falho. A prova mais expressiva disso é a situação atual de Sobradinho, que chegou a 1% da sua capacidade”, afirmou o engenheiro hídrico Rodolpho Ramina, durante a 28ª Reunião Plenária do Comitê da Bacia (CBHSF). A fala de Ramina fez coro ao pronunciamento do também engenheiro hídrico Pedro Molinas, que denunciou a falta de publicidade, transparência e diálogo nas decisões sobre a diminuição de vazão dos reservatórios.

É essencial o reconhecimento por parte da ANA (Agência Nacional de Águas) e do ONS (Operador Nacional do Sistema), de que tanto Sobradinho como Três Marias são domínios de usos múltiplos, sendo imprescindível alocar recursos hídricos para estas finalidades, garantindo compensações a partir de um plano de demandas“, pontuou Molinas.

A mesa redonda também contou com a presença de representantes dos órgãos gestores dos recursos hídricos brasileiros, como o diretor-presidente da ANA, Vicente Andreu; o superintendente da Companhia Hidroelétrica do São Francisco (Chesf), Ruy Barbosa Pinto; o gerente de Planejamento Energético da Companhia Elétrica de Minas Gerais (Cemig), Marcelo de Deus Melo; e o gerente executivo do ONS, Saulo José Cisneiros; além do presidente do CBHSF, Anivaldo Miranda.

O diretor-presidente da ANA, Vicente Andreu, parabenizou o comitê pela importância da mesa, com diferentes pontos de visitas e contribuições técnicas, e disse esperar que as discussões realizadas tenham repercussão na vida da população e na qualidade da água da bacia. “Concordamos que nossos instrumentos foram insuficientes para a crise que nós temos hoje. Por isso, estamos constituindo um grupo que vai reavaliar o funcionamento das bacias. Precisamos de regras que aumentem a segurança da água da bacia do São Francisco. O que significa não utilizar frequentemente os volumes mortos do rio. Aprender com a crise é reconhecer nossas limitações ao longo da história. Nosso sistema não foi pensado para operar em crise. Tenho esperança de que uma nova ANA nasça desta crise toda“, desabafou Andreu. (foto: André Frutuôso/divulgação)

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