Como já foi explicado, problemas técnicos no nosso servidor impediram a postagem de algumas matérias no dia de ontem (26), inclusive a segunda parte da entrevista com o candidato a prefeito Odacy Amorim (PT), da coligação “Petrolina Para Todos”, que você confere agora.

Entre outros assuntos, o petista diz que vai reeditar o programa Bolsa-Água, criado por ele durante sua gestão (2007-08) para amenizar o drama das famílias da zona rural, vítimas de umas das piores secas das últimas décadas, este ano. Ainda sobre água, Odacy disse ter acertado em renovar o acordo com a Compesa, porque exigiu da Companhia que reconhecesse a Agência Reguladora do Município de Petrolina (Armup) como agente fiscalizador do serviço de água e esgoto na cidade.

Também deixou claro não guardar “nenhuma mágoa” do governador Eduardo Campos, e nem do ministro Fernando Bezerra, por conta de sua saída do PSB. Garantiu, inclusive, que se eleito, vai procurar uma união de forças com os dois. Sobre a disputa, o petista evitou falar em polarizações, ressaltando que não subestima ninguém. “O que posso dizer é que por onde passo, sinto a sociedade me convocando”. Confiram:

Blog Carlos Britto – A atual gestão está retomando o sistema de monitoramento eletrônico na cidade. Qual a diferença desse modelo para o que o senhor havia implantado, até de forma pioneira?

Odacy Amorim – Nenhuma. A prefeitura decidiu desligar o sistema de monitoramento, derrubar a cabine que ficava ali em frente ao Neuma Hotel, e passou três anos sem monitoramento. Nós, quando assumimos o mandato de deputado estadual, apresentamos um pedido ao governo do estado, no primeiro mês, sugerindo os bairros e avenidas que precisam de monitoramento. Todas as avenidas principais de Petrolina, todos os pátios de feiras de Petrolina, chegando à Ponte Presidente Dutra e as entradas da cidade. Então, esse é um projeto macro que começamos em 2007, e que foi desativado. Então não tem nenhuma modificação. A única coisa que tem é que perderam três anos.

Blog – Disseram na época que havia supostas irregularidades quando o senhor implantou o sistema. O que aconteceu de fato?

O.A – É que eu pedi o apoio do governo do estado apenas como um gesto. Nós botamos viaturas (da PM) locadas pela prefeitura, e eu fui ao governo e pedi: ‘liberem o dinheiro das câmaras’. E se tratava de um projeto pequeno, de 150 mil reais, o governo liberou o dinheiro, mas o dinheiro não chegava, e aí eu comprei as câmaras, licitei, e de R$ 150 mil nós conseguimos comprá-las por 90 e poucos mil reais. Usamos o dinheiro da prefeitura, enquanto chegava o do estado, e quando o dinheiro chegou, a prefeitura repôs para os cofres municipais. Então, essa suposta irregularidade é porque era um convênio de 150 mil e fizemos com 98 mil, e devolvemos 52 mil reais para o governo do estado. Se estava errado ou não, era só o prefeito devolver o dinheiro. A gente gastava 40 e poucos mil por mês com locação de viaturas. Se você gastava 500, 600 mil por ano, por que não pode devolver 90 mil?

Blog – O senhor esteve na prefeitura e sabe como funciona. E fez muitas críticas à atual administração, que não andava. Como o senhor vê hoje esse trabalho. Qual sua avaliação?

O.A – Acho que a administração…por exemplo, recuperação de vias: Monsenhor Ângelo Sampaio, e outras. Eu fico feliz, porque o que o atual prefeito está fazendo para resolver, foi com o que eu deixei do convênio dos presidiários. Quem está recuperando os canteiros de Petrolina não são os presidiários? Os presidiários são contratados como parte de sua ressocialização e a prefeitura tem uma mão de obra barata. Acho que demorou, mas está acontecendo. A população é quem tem que julgar. Tem que deixar isso a cargo da população. O que eu quero é ser prefeito por quatro anos. Se eu me elejo, eu começo a trabalhar no primeiro dia de mandato. O que tiver de problema a gente vai denunciar, se for necessário, passo pro Ministério Público, o que for. Mas nós vamos nos concentrar. Se não vai poder fazer muito de largada, faz pouco. Mas não vou esperar três anos para começar a trabalhar.

Blog – O senhor havia firmado convênio com o Imip, antes de terminar seu mandato, para gerir o Hospital Dom Malan. O atual prefeito rompeu esse convênio, também alegando pendências. Mas abriu mão de administrar o hospital e o devolveu ao estado, que depois retomou o convênio. O senhor se sentiu de alma lavada naquele momento?

O.A – Ele quebrou o discurso da municipalização. Na verdade o governo do estado tinha de botar dinheiro (na saúde) em Petrolina. E não estava botando quase nada. O governador, nos meus dois anos de governo, botou zero real no Hospital Dom Malan. Mas assinou um convênio comigo de repassar R$ 300 mil por mês. O que eu fiquei devendo ao Imip foi um milhão e 180 mil reais. Era pra ser 900 mil. O dinheiro (referente ao repasse do estado) atrasou um pouco. Ia chegar no final do meu governo (2008), mas o governador segurou para poder liberar para o novo prefeito, que era Júlio Lóssio. Eu entendi. Fazer um gesto com o novo prefeito, e daí se criou o discurso para quebrar a ideia de se trazer o Imip. Mas fico feliz, porque a decisão que tomamos foi a certa. O Dom Malan está muito bem cuidado.

Blog – O senhor guarda mágoas do governador e do ministro Fernando Bezerra Coelho.

O.A – Não, não tenho mágoa nenhuma. Eu vou ganhar a eleição, se Deus quiser e com o apoio do povo de Petrolina. Quero dormir um pouco, mas se não der passo a noite acordado, agradecendo a Deus e aos amigos. E pego um avião de madrugada e amanheço no Recife para conversar com o governador e dizer a ele que estou à disposição. O ministro, também vou atrás dele para dizer que continue, que precisa fazer por Petrolina. E vou atrás de quem quer que seja. Vamos trabalhar. E vou atrás da presidenta Dilma, que é quem vai nos dar toda a força e é quem dá força hoje a Pernambuco. Imagine o que seria de Pernambuco se não fosse Lula, que chegou à Presidência do Brasil e a força que ele deu ao nosso governador, com a competência do governador aqui, e o que vai acontecer de bom em Petrolina quando o PT assumir a prefeitura.

Blog – O senhor, na sua gestão, lançou o programa Bolsa-Água. Tem alguma proposta nesse sentido, para evitar que o homem do campo continue a passar por dificuldades, como a estiagem deste ano, já que a seca sempre vai existir?

O.A – Existe. A gente pretende retomar esse projeto, e a nossa defesa é no sentido de juntar os recursos. Acho que tem que ter uma política única de distribuição de água no Nordeste, de carro-pipa. Ministério (da Integração), governo federal, governo de Pernambuco e prefeitura. Eu defendo que tenha um sistema parecido com o Garantia-Safra, que defina quanto vai gastar de água em cada região, e cada ente federativo bote um percentual. Fora isso, se não for possível de imediato avançar, a prefeitura vai trabalhar o Bolsa-Água, que é um projeto muito interessante no aspecto de evitar interferência política na distribuição de água, porque sou contra isso. Sou indignado com essa ideia das pessoas deverem favor a alguém porque receberam um pipa d’água. Sempre fui contra, desde quando era vereador. O que a gente precisa é cuidar direitinho do dinheiro. Ao invés de contratar pipa, você dá bolsa, que o cidadão contrata o pipa na sua região. Não precisa eu ter contrato com o carro-pipa. Eu preciso ter contrato com o cidadão. Eu repasso um recurso em cima do valor de água do número de famílias que foram atendidas. É simples de fazer.

Blog – A prefeitura apresenta, neste momento, o rompimento do contrato com a Compesa. Como o senhor vê isso?

O.A – Se tem alguém com autoridade, com responsabilidade pra discutir essa questão da Compesa, sou eu, pela decisão que tomamos de fazer um acordo para que ela permaneça em Petrolina. Nós estabelecemos que a Compesa permaneceria na cidade. Em troca ela precisaria assegurar um Plano de Metas e Investimentos arrojado, que foi falado em números, mas o que conta são as metas. Essas metas, ao final do cumprimento, vão dar mais de R$ 400 milhões, quando a Compesa terminar de investir aqui. Quando fizemos o acordo, nós exigimos que a Compesa reconhecesse a Agência Reguladora (Armup). Taí a construção da nova captação de água da Compesa. Serão cinco novas caixas d’água, com investimentos de mais de 50 milhões de reais; retomada do programa de saneamento, onde a Compesa, pela primeira vez, está fazendo saneamento em Petrolina e assumiu a contrapartida do saneamento que a prefeitura faz, redução da tarifa de esgoto, de 80% para 50%, de quem consome até 20 metros cúbicos; aquisição de equipamentos e caminhões para dar manutenção ao serviço; tratamento de água das agrovilas. Então, isso nos dá a alegria de dizer que tomamos a decisão certa. Agora, a Compesa vai cumprir a sua parte, porque se ela não cumprir, ela sai. Comigo na prefeitura, ou a Compesa faz os investimentos no contrato, ou vai embora. Agora, eu não tenho é o interesse em puxar esse debate apenas pela disputa política. Nós deixamos um acordo com o Governo de Pernambuco que aumenta a oferta de água em praticamente 60%.

Blog – E em relação à mobilidade urbana, que virou mote de campanha de todos os candidatos? Na cidade as críticas são também de que falta um engenheiro de tráfego.

O.A – Em 2007, nós contratamos um pessoal da CTTU (do Recife), que veio a Petrolina fazer um estudo sobre transporte coletivo, do trânsito, da mobilidade urbana. Mas principalmente o transporte coletivo. Então, eles apontaram uma série de melhorias. Nós chegamos a ameaçar fazer uma intervenção nas linhas da Menina Morena, porque fizemos um acordo para a vinda de alguns ônibus, e quando chegou a data, ainda não haviam chegado. E construímos uma série de indicativos, deixamos na EPTTC, sugerindo medidas interessantes na questão da mobilidade urbana. Na questão das vias e avenidas, como deputado eu entrei com um pedido à Secretaria de Transportes do Estado de Pernambuco, pedindo que contrate técnicos para fazer estudos em Petrolina que aponte a necessidade, por exemplo, de viadutos. Então estou aguardando e nós vamos, ou com esse convênio do governo ou pela própria prefeitura, quando assumirmos o mandato, fazer um estudo profundo sobre a necessidade desses novos viadutos. Vamos também precisar duplicar avenidas,a exemplo da Honorato Viana. A chegada do C-01 (perímetro irrigado) em direção a Petrolina, a chegada (vindo) do Recife, a questão da saída para Pedrinhas, por causa dos condomínios que estão sendo construídos por lá, e precisamos fazer ciclovias, a melhoria dos corredores de ônibus, a questão do espaço para pedestres, a padronização das calçadas, que começamos em 2008, na Avenida Souza Filho e lamentavelmente não deram sequência. Eu fiz parte da Comissão de Mobilidade Urbana da Assembleia (Legislativa), conheci aquele modelo de ônibus alongado em Curitiba. E vamos discutir também, através desses estudos, se Petrolina vai viabilizar o VLT (Veículo Leve sobre Trilhos), se vai ser mesmo a melhoria dos corredores de ônibus, e fazer um projeto dentro de uma linha de financiamento do governo federal para cidades de porte médio. Vamos fazer um projeto belíssimo de mobilidade urbana, nesse alinhamento com a presidenta Dilma.

Blog – O senhor acha que vai polarizar com quem nessa disputa?

O.A – Ainda é muito cedo para poder avaliar, porque eu não escolho adversário e nem subestimo nenhum. O que eu quero é ganhar a eleição. Meu projeto não é derrotar pessoas, meu projeto é ganhar a eleição. Infelizmente para eu ganhar, alguém perde. E nessa perspectiva, eu vou ganhar e outros três vão deixar de ganhar. Mas vão continuar dando a sua contribuição. Então, não posso dizer com segurança com quem vou polarizar, e se Petrolina vai ter essa polarização. O que posso dizer é que por onde passo eu sinto a sociedade me convocando. Foi a sociedade que me garantiu o direito de ser candidato a prefeito, porque me respaldou nas pesquisas(…)até quando foi definido o nosso vice (Cappellaro), a pressão que ele passou a sofrer dos dois lados de que não aceitasse a convocação, tudo isso nos dá certeza de uma coisa: que estamos no caminho certo.

Blog – Candidato, suas considerações finais.

O.A – Estou animado, nós temos muita coisa pra fazer. Estamos fazendo uma série de incrementos no plano de governo. Ao longo da campanha nós vamos discutir com a sociedade, e aproveito a oportunidade para pedir a nossos amigos e simpatizantes, que possamos construir uma eleição bonita. Vamos estar junto nessa discussão, se Deus quiser.