A exportação de ovinos vivos do Brasil para o Kuwait será debatida na Missão de Promoção Comercial e Atração de Investimentos, que acontecerá deste domingo (2) a terça-feira (4) na cidade do Kuwait, promovida pela Embaixada brasileira naquele país. A Embrapa integrará a comitiva brasileira, para apresentar um panorama da ovinocultura brasileira a autoridades governamentais kuwaitianas e representantes da empresa Al Mawashi, líder no fornecimento de carne ovina na região do Golfo Pérsico, que manifestaram interesse na abertura de mercado para os animais, que pode ser uma oportunidade inédita para comércio na produção de ovinos do Brasil.
Os cenários da ovinocultura brasileira serão apresentados pelo pesquisador Fernando Henrique Albuquerque, da Embrapa Caprinos e Ovinos, ao longo da programação da missão. “Serão apresentadas informações sobre os principais polos de produção do país, nas regiões Nordeste e Sul, além de números sobre rebanho, produtores e perfil dos sistemas de produção. Também serão mostrados aspectos de logística, como a localização de portos brasileiros e aspectos tecnológicos em que a Embrapa pode subsidiar ganhos para a atividade“, explica.
De acordo com Albuquerque, o interesse do Kuwait em importar animais vivos representa um desafio inédito para a produção brasileira de ovinos que já tem experiências de exportação de carne e de animais para fins específicos de reprodução, mas ainda não participa do comércio internacional de animais vivos para abate. A demanda de autoridades e empresas kuwaitianas pode chegar a cerca de 70 mil animais a cada embarque, via transporte marítimo, o que exigirá organização de produtores e adequação a critérios para a exportação.
“A expectativa de exportação é a médio prazo. Mas é importante frisar que temos uma infraestrutura de logística, que já funciona para outras cadeias como a bovinocultura, e também de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura e Pecuária, que podem dar suporte para as potenciais demandas, caso esse processo seja efetivado no futuro“, ressalta o pesquisador.
Desafio
Essa perspectiva também é compartilhada por Pedro Marthins, presidente da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva de Caprinos e Ovinos do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). Para ele, o desafio de conseguir uma produção nesta escala para o mercado dos países árabes pode ser superado com a mobilização de produtores e a participação de entidades como a Associação Nacional dos Criadores de Ovinos (Arco).
“São números muito grandes, o que já representa um importante desafio. Mas acreditamos que é possível superar. Temos rebanho, no país, de aproximadamente 22 milhões de cabeças. Sabemos onde estão localizados estes rebanhos e o Brasil tem uma logística que permitiu, em 2024, por exemplo, exportar em torno de 850 mil cabeças de bovinos para aqueles países. É um trabalho a ser construído, mas temos apoio significativo e acredito que, em breve, poderemos participar deste marcado“, avalia Marthins.
Segundo dados da FAO, em 2023, as exportações mundiais de ovinos vivos totalizaram 24,11 milhões de cabeças, movimentando US$ 2,3 bilhões de dólares. Países como Sudão, Somália, Romênia, Irã, Espanha, Namíbia e Austrália destacam-se nas exportações de ovinos vivos, respondendo juntos por 75,4% do rebanho exportado e 65% da movimentação financeira. As informações são da Embrapa Caprinos e Ovinos.



Brasil tem produção agro e pecuária para matar a fome de muitos países.