Servidores da Universidade de Pernambuco (UPE) reivindicaram melhorias nas carreiras e recomposição salarial em audiência pública na Alepe nesta segunda (24). O debate foi promovido pela Comissão de Administração Pública e expôs queixas tanto de professores quanto de técnicos administrativos.
Segundo o deputado João Paulo (PT), que solicitou a discussão, o acúmulo de perdas para a inflação e a falta de critérios que permitam progressão real têm levado à fuga de talentos. “Essa situação não apenas afeta os profissionais individualmente, mas compromete a capacidade da própria universidade de cumprir suas funções estratégicas”, analisou.
O petista frisou que, apenas no ano passado, 19 professores pediram exoneração para assumir cargos em outras instituições. João Paulo sugeriu a criação de uma política de permanência, principalmente para quem atua no interior, e a realização de um concurso para recompor e ampliar o quadro.
Professores titulares
Atualmente, mais de 60% dos docentes estão na categoria de adjuntos, sem conseguir atingir os critérios exigidos para se tornarem professores associados. Além disso, enquanto em outras universidades os professores titulares representam o topo da carreira e têm maior remuneração, na UPE o cargo é preenchido por um concurso à parte e não por progressão.
Para corrigir o problema, a presidente da seção sindical dos docentes da Universidade de Pernambuco (Adupe), Terezinha Lucas, disse que a categoria construiu uma minuta de lei a partir de reuniões com a Secretária de Administração e a Reitoria, mas o governo não avançou nas negociações.
Ela questionou o governo por não ter enviado nenhum representante para a audiência e pediu que valide o trabalho realizado pela comissão que o próprio Estado criou. “Cadê a Secretaria de Administração nessa mesa? Cadê a Secretaria de Ciência e Tecnologia? Não vieram”, observou. “Isso explicita o descaso com que o governo de Pernambuco está nos tratando”, emendou.
Servidores
Representando os servidores técnico-administrativos, o presidente do Sindicato dos Servidores da UPE (Sindupe), Rivaldo Simplício da Silva, relatou problemas causados pelo sucateamento de unidades da UPE e questionou o fim da gratificação de titulação, o que desestimula a permanência de profissionais qualificados.
“Você pode fazer mil cursos, mas não progride em nada. Um servidor entra na universidade e passa três anos para ter uma progressão mínima. Tem gente com 50 anos dentro da universidade, e mesmo assim corre o risco de não chegar no seu último salário dentro desta Casa”, reclamou.
A audiência pública teve, ainda, a participação de representantes da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e do Diretório Central dos Estudantes, além do deputado Waldemar Borges (MDB), presidente da Comissão de Administração Pública. Também presente, a deputada Rosa Amorim (PT) anunciou a coleta de assinaturas para criar a Frente Parlamentar em Defesa da UPE.


