Em artigo, engenheiro agrônomo justifica real motivo da decisão dos EUA em restringir suco de laranja nacional

por Carlos Britto // 03 de fevereiro de 2012 às 13:32

Em artigo enviado ao Blog, o engenheiro agrônomo Emílio Luiz refuta as informações do médico Aristóteles Cardona, acerca da decisão do governo norte-americano em restringir a entrada do suco de laranja brasileiro nos Estados Unidos.

Confiram:

O Dr. Aristóteles Cardona deveria consultar várias fontes de informações, antes de escrever algo sobre um assunto sobre o qual não domina. Vamos acreditar que, por se tratar de um médico residente, é um jovem ainda em fase de aprendizado.

Primeiramente Dr. Aristóteles, defensivos agrícolas, quando utilizados dentro das recomendações técnicas, não são venenos para o homem, e sim uma importante ferramenta para as dificuldades encontradas nos trabalhos desenvolvidos no campo, e uma das tecnologias que levaram o Brasil a se tornar a potência agrícola que é atualmente.

Assim como o Sr., como médico, ao recomendar uma droga para um paciente, e ela é utilizada fora das recomendações, esse medicamento pode se tornar um veneno que em alguns casos pode ser letal. E com certeza o Sr. não recomendaria um “veneno” a um paciente, e nem tampouco o Dr. gostaria de ser citado como um defensor árduo da indústria farmacêutica, que tem no Brasil uma das suas maiores fontes de renda.

O fungicida em questão (Carbendazim) é um principio ativo presente em 33 produtos comerciais registrados no Brasil, com uma IDA (Ingestão Diária Aceitável) de até 0,02 mg/kg de peso corporal. Registrado para aplicação foliar nas culturas de algodão, feijão, citros, maçã, soja e trigo. E para o tratamento de sementes de feijão, milho e soja. Também é utilizado como preservante de madeira (dormentes, postes, cruzetas, cercas etc), com devido registro no IBAMA. Ao contrário do que o Sr.afirma, não é o ministro, nem apenas o Ministério da Agricultura responsável pela autorização do registro de um produto a ser usado na agricultura no país. Toda molécula, para ser introduzida no mercado, passa por uma bateria de testes e triagens que levam anos para serem concluídas, e sujeitos ao crivo do Ministério da Agricultura, da ANVISA e do IBAMA.

A substância (Carbendazim) é proibida em produtos cítricos nos Estados Unidos, porém permitida no Brasil, no combate à pinta preta e estrelinhas, que são doenças comuns nos pomares de laranja. E é um dos poucos produtos eficazes no controle dessas enfermidades, utilizados em esquema de rotação de produtos. O Brasil, maior exportador de suco de laranja do mundo, vai continuar dependendo do fungicida “proibido”, ainda que isso coloque em risco a exportação para os USA, uma vez que o produto é permitido no Canadá, União Europeia, Japão, entre outros.

O FDA (Food and Drug Administration), órgão governamental Americano responsável pelo controle de alimentos, produtos farmacêuticos, cosméticos etc afirmou que os níveis de Carbendazim encontrados no carregamento em questão não eram nocivos à saúde, e que não pretendia fazer um recall do produto brasileiro, apenas iria intensificar os testes, e caso alguma partida apresentasse quantidades elevadas, esta seria bloqueada, não determinando, no entanto qual limite será tolerado.

Na verdade, Dr. Aristóteles, essas ameaças não passam de simples retaliação, porque coincidentemente elas ocorreram dias após o Brasil conseguir duas importantes vitórias em disputas comerciais com os Estados Unidos. Na semana passada, o Departamento de Agricultura dos USA autorizou o embarque de carne suína in natura do Brasil, uma antiga demanda dos produtores de SC. No final de dezembro, o Congresso americano não renovou as barreiras comerciais existentes contra a entrada do etanol brasileiro no país, uma das mais antigas reinvindicações do Brasil, e o principal entrave à exportação do etanol.

Essa disputa sobre o suco de laranja é ainda mais antiga, devido à pressão dos produtores da Flórida, e já resultou em disputa comercial na OMC.

Emílio Luiz/Engenheiro Agrônomo

Em artigo, engenheiro agrônomo justifica real motivo da decisão dos EUA em restringir suco de laranja nacional

  1. petrolinense disse:

    Interessante. Mas esse debate ainda rende, vez que muitos profissionais da área pensam diferente do citado engenheiro, afirmando que realmente há disparidade entre a qtd de agrotóxicos PERMITIDA por lei, da que EFETIVAMENTE é utilizada nas culturas. O problema parece ir muito além do episódio em que foram rejeitadas nossas pobres laranjinhas no “states”.

    Já assisti paletras com renomados professores da engenharia agrícola, nas quais ficou clara a AMBIÇÃO dos comerciantes de produtos agrícolas em todo país. Em verdade, assim como há farmácias que vendem remédio sem receita, há vendedores de agrotóxicos que não seguem os procedimentos na hora de comercializar seus produtos. Eles estimulam e fomentam a cultura do uso exacerbado dessas poderosas químicas, ao vendê-las de qq jeito a muitos produtores agrícolas que nada conhecem de legislação, portarias ou coisa que o valha. Para estes importa mesmo vender o mais caro, o que dê mais lucro.

    Porque é que nunca encontro nada orgânico em nenhum supermercado de Petrolina? Há muita gente com medo de perder a teta.

  2. kelly disse:

    Pois é, palavra de profissional, cada um no seu quadrado, o Dr. quis se meter em área que nao conhece. Ta ai a explicação do engenheiro Agronomo. Parabens !!!!!!!! Otima sua colocação.

  3. JOSE ALBERTO disse:

    Sinceramente, ambas as palavras são bem colocadas!!! Porém a verdade e tenho certeza que o Eng. Agr. também sabe, os defensivos químicos são importantes, não vejo como produzir sem a utilização destes, porém os agricultores não seguem as normas usam produtos sem registro pras culturas, basta por exemplo citar a utilização do FURADAM (carbofuran), na cultura do tomate, sem registro pra mesma, altamente tóxico e com um alto intervalo de segurança, são largamente utilizados e estamos nos matando dia a dia. Aqui tudo é permitido, as meljhores frutas que produzimos são exportadas, comemos as sobras, e até a qualidade dos agrotóxicos utilizados nas frutas pra consumo internos são outras. A banda podre é nossa, se o suco exportado apresentou rezíduos de defensivos imagina o nosso?

  4. Andrade Ferreira do Nascimento disse:

    Muito boa Sr. Emilio, como cidadão e consumidor é bom reconhecer argumentos claros, e de base técnica.

  5. Rita disse:

    Os agronomos na sua grande maioria são os primeiros a defender os produtos quimicos, visto que os mesmos são vendidos sem o receituario agronomico,talvez seja mais facil do que difundir a agricultura organica, que requer mais trabalho e atenção ao homem do campo. Agora duvido que algum queira acompanhar o produtor ao aplicar o veneno sem EPI, e comer os prudutos derivados de aplicações indevidas e descontroladas, sem respeitar a carencia para colher .Com certeza isso reflete na saude das pessoas, é uma pena que esteja dificil conscientizar as pessoas, profissionais da area, visto que isso acarrreta problemas de saude e ambientais.

  6. Augusto disse:

    Não precisava humilhar o coitado do médico.

  7. Maria disse:

    Talvez o sr. Aristóteles Cardona, graduado em medicina, envenene muito mais pessoas receitando remédios/drogas do que o Agrônomo ou produtor que aplique os defensivos/agrotóxicos nas lavouras, pois esses são extremamente controlados pelo Ministério da Agricultura, foi não foi os fiscais do referido Ministério estão atuando, principalmente quando é mercadoria para exportação, aí é que a fiscalização é rigorosa em conjunto com os fiscais contratados pelos importadores lá de fora.

  8. Chico disse:

    Que nada, ninguém controla a aplicação no campo dos agrotóxicos, muito menos para se saber se os agricultores, por exemplo, respeitam o período de carência para colocá-los à venda no mercado, onde o MA ou ANVISA atua no mercador do produtor? Agora, no caso das exportações a coisa é muito diferente, aí sim há controles, não dos brasileiros ou não somente dos brasileiros, e não é com o interesse sobre a saúde do consumidor mas o de não prejudicarem os acordos comerciais, aí sim eles se preocupam e controlam. Tudo nas açoes humanas tem que ter controle, precisam ser fiscalizadas, os produtores (e todo mundo) querem reduzir custos e ganhar mais dinheiro em tudo. Exemplo: O edificio que os pedreiros botaram abaixo no Rio de Janeiro, o dono do andar queria gastar dinheiro com engenheiro?

  9. H. disse:

    A verdade é que nós consumidores que confiamos nos profissionais e órgãos fiscalizadores brasileiros, tomamos nossas doses homeopáticas de veneno todo santo dia. Sejam advindas das deliciosas laranjinhas nacionais – que são cada vez mais criação do homem e cada vez menos da natureza, sejam pela vastidão de remédios receitados pelos médicos que enriquecem levantando a bandeira das indústrias farmacêuticas….e tenho dito!

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