Durante anúncio das obras de travessia urbana, Isaac fala em nova ponte entre Juazeiro e Petrolina

por Carlos Britto // 23 de janeiro de 2013 às 07:40

_MG_4954_600x400O prefeito de Juazeiro, Isaac Carvalho (PCdoB), anunciou ontem (22) à imprensa, em seu gabinete, o início das obras da tão esperada travessia urbana. O projeto consiste na duplicação da BR-407, desde a cabeceira da Ponte Presidente Dutra até as imediações do Mercado do Produtor, numa extensão de nove quilômetros.

O cronograma da obra da travessia urbana é de 540 dias, mas pode chegar a dois anos. A primeira etapa, orçada em R$ 60 milhões, deve ser executada no sentido periferia/Centro, para tentar diminuir o transtorno dessa obra – considerada a maior de intervenção urbana da história de Juazeiro.

A segunda etapa, orçada em igual valor, consiste na construção de cinco viadutos e, segundo o prefeito, já está em processo de licitação. Isaac adiantou que quando estiver concluída, a obra irá transformar o cenário urbano da cidade.

Nova ponte

No discurso feito para os presentes, o prefeito revelou ainda sua intenção de tentar viabilizar uma nova ponte entre Juazeiro e Petrolina, algo que deve ocorrer em articulação com as forças políticas de Bahia e Pernambuco.

Durante o evento de ontem também estiveram presentes o representante do consórcio vencedor da licitação (composto pela SVC, Pavservice e Top Engenharia), Assis dos Santos Lima; o engenheiro representante do Dnit, Gilson Alencar; o presidente da Câmara de Vereadores, Pedro Filho (PR) e vários secretários, incluindo o de Gestão Estratégica, Flávio Luiz, que acompanha o processo desde 2009. No discurso ele destacou toda a trajetória da aprovação do projeto, os percalços enfrentados e a união de forças, em todas as esferas, que culminaram com o anúncio oficial do início das obras. (De Rinaldo Lima/para o Blog)

Durante anúncio das obras de travessia urbana, Isaac fala em nova ponte entre Juazeiro e Petrolina

  1. Sofocles disse:

    Folia e caos. É como pode ser resumido o cotidiano dos cidadãos juazeirenses com o anúncio do “panis et circensis” que se inicia na sexta-feira próxima. O fracasso retumbante da (des)organização do evento aponta clarividentemente na direção da incompetência da gestão da coisa pública municipal, que o prefeito-vaqueiro busca mitigar com anúncio de uma travessia urbana, tal qual foi o comemorado anúncio do natimorto “Juáshopping”. A cidade sofre com o abandono de gestões de políticos despreparados por décadas, processados, julgados e condenados pelo povo nas urnas e pela Justiça dos homens. O julgamento desse pobre vaqueiro ainda está por vir. Por mais inaptidão que um povo possua para a escolha de seus representantes políticos, a perpetuidade de um grupo dominante só é possível até o limite do sofrimento. E Juazeiro já sofre faz muito tempo. O fiasco da (des)organização do “carnaval” é prova maior de um governo municipal que depreende minimamente esforços para tornar Juazeiro uma cidade mais humana. Diz-se sabiamente na cultura popular que, para perceber a real situação de sua cidade é necessário observar de fora, viajar, conhecer outros lugares, olhar com olhos de espectador. O binômio Juazeiro-Petrolina tão exaltado no cancioneiro regional, como “todas duas eu acho uma coisa linda” não pode ser considerado literalmente. Sair de Juazeiro, atravessar a ponte e chegar em Petrolina é assustador. Limpeza, organização, civilidade, urbanização. Historicamente Petrolina foi bairristicamente protegida, erigida a uma das mais importantes cidades de Pernambuco, com todo o desenvolvimento esperado para uma cidade de seu porte. Juazeiro foi condenada ao ostracismo político-administrativo de gestões que se ativeram em locupletar-se ilicitamente em detrimento de toda população. O quadro é esse: registre-se desde a cabeceira da ponte, a sujeira da cidade, a prefeitura em si mesma reflete o descaso com a cidade, imundo, o prédio ostenta apenas decadência, sem o mínimo de decência. Uma cidade sem plano diretor, sem política de urbanização, com vielas, sem calçadas, sem recolhimento adequado de lixo. Uma cidade cujo trânsito é caótico, sem opções de lazer para a população, sem políticas públicas para a juventude, sem fiscalização adequada da utilização dos recursos naturais. Compare o trânsito, os agentes de trânsito dessas duas cidades, o zoneamento, a fiscalização, o centro de Juazeiro é domínio dos “flanelinhas”. Compare os programas sociais, a quantidade de casas destinadas ao programa “minha casa, minha vida” a quantidade de creches nos bairros. Compare os investimentos, o padrão dos investimentos: Alphaville, dois shoppings, a quantidade de revenda de automóveis, o campus da Univasf, o hotel Quality. Juazeiro é a terra dos atacadões. O prefeito-vaqueiro, cuida bem dos seus, correligionários, apoiadores, garante o pão a eles, e o circo aos demais. Que continuam viciosamente os elegendo. Mas eles não são os piores. Os piores são aqueles que possuem esclarecimento e comida na mesa e que ainda assim compactuam com gestores corruptos, de contas reprovadas, de moral reprovável. Comportam-se como gafanhotos, exaurindo as possibilidades, egoisticamente lutando pela sobrevivência de sua família. Desconsideram que apesar da garantia de mais quatro miseráveis anos, as consequências de uma gestão corrupta perpassa gerações. Enquanto governantes incapazes inviabilizam o desenvolvimento das cidades, famílias são condenadas a viver miseravelmente, sem saúde, sem educação. Perde toda a sociedade. Perde pelo pensamento imediatista que enriquece uma meia dúzia de “políticos” e empobrece toda a cidade, é impressionante o número de eleitores que ainda vende seu voto, por 10 litros de combustível, por qualquer migalha. A memória desses eleitores dependentes da máquina municipal, do valimento eleitoral, é volátil. A história se repete, se repete, se repete. E seus filhos continuarão morando numa cidade suja, fedida, violenta, esburacada, desumana. E os filhos de seus filhos.E àqueles que ainda não migraram para a cidade vizinha, refugiando-se nos oásis além country club: não adianta se isolar no condomínio fechado. A miséria dolosa atinge a todos.

    1. Leonardo disse:

      Parabéns pelo texto!
      Pessoal o texto é grande, mas merece ser lido.

  2. Watergate disse:

    Um dia pode até sair uma segunda ponte, mas JAMAIS será pelas mãos de algum politico de Juazeiro.
    De um povo que so pensa em festa e carnaval ninguem deve esperar nada!

    1. Watergate disse:

      Sou seu fã. Seu texto não é um tapa na cara desses baianos preguiçosos, é um round inteiro de boxe. Você destruiu o carnaval de muita gente.
      Merece um artigo na primeira página.

  3. Tô de ôlho disse:

    Caro Sófocles, não se engane, ao ler o seu post, tive a impressão que vc falava de Petrolina, tão igual está a Juazeiro e tantas outras. Só com um movimento social, verdadeiro, não o do PT, poderemos ter alguma rsperança de mudanças.

  4. Jair disse:

    Vocês estão sendo “mui” bastante pessimistas exatamente no post de divulgação de uma grande obra a ser construida na cidade de Juazeiro, destilando todo o horror e ódio a cidade de Juazeiro. Se Juazeiro é tão ruim assim, a obra, esquecida nos post deve não ser tão importante? Lembrem-se que Petrolina há um século atrás era muito pequena em comparação a outrora Juazeiro. Vão cuidar da vida de vocês e deixe que o povo de Juazeiro cuide de sua cidade.

    1. OLIVEIRA disse:

      Cara, dá pra perceber que o Sofocles é Juazeirense, a grande maioria dos Petrolinenses só lembram de Juazeiro quando vão ao Atacadão, Armazém Café ou ao Carnaval, alegria e economia, entendeu?

      1. sofocles disse:

        Em absoluto há que se falar de ódio ou horror à Juazeiro. Quem fomenta esse discurso desagregador é quem se privilegia dele. Não vejo diferenças entre os baianos e pernambucanos daqui da região do vale, são um povo só. Que amarga a falta de investimentos em saúde, que afronta o descaso do poder público com a intensidade de sua produção cultural. A diferença é apenas de qual margem do rio se está. A crítica à apatia política da população juazeirense tem o mesmo peso da submissão do orgulhoso povo petrolinense ao projeto dinástico de Coelhos e suas desinências.
        O que dizer de duas cidades desse porte que não possuem uma livraria sequer?
        O anúncio de mais uma mirabolante obra desse governo municipal, deve despertar uma reflexão mais incisiva do que o superficialismo que minimiza os danos de um projeto de deterioração político-administrativa. Se o município de Juazeiro cresce, se desenvolve, o município de Petrolina só tem a ganhar, e a recíproca é totalmente verdadeira. O discurso raso de que Juazeiro é o bairro pobre de Petrolina ou que o baiano é preguiçoso, é cego, inválido. Busca justificar de forma preconceituosa um aparente estado de superioridade. Em vão. A miséria dolosa, aquela promovida por quem mais se vale dessa situação de calamidade que os dois municípios atravessam, políticos incompetentes e empresários inescrupulosos, perpassa a distância entre o bairro pobre e atinge sim, o condomínio fechado. A violência promovida pelo tráfico de drogas é uma tragédia que serve de exemplo: Não aproveita àquele ou esse grupo social, é uma realidade, seja na Praça Dom Malan, seja na Praça da Misericórdia. A violência atinge tanto o João de Deus, quanto o Quidé. Por mais gritantes que sejam as diferenças entre as duas cidades, a Ponte Presidente Dutra é a testemunha maior de como estão imbricadas as duas cidades e sua população.

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