Deputado Glauber Braga é retirado à força da Mesa Diretora da Câmara

por Carlos Britto // 09 de dezembro de 2025 às 19:57

Foto: reprodução

O deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) foi retirado à força da Mesa Diretora da Câmara dos Deputados. Ele foi removido por policiais legislativos da Câmara da cadeira do presidente Hugo Motta (Republicanos-PB). Glauber ocupou a cadeira da presidência na tarde desta terça e se recusou a deixar o espaço. O deputado não tem cargo na mesa diretora e disse que não ia sair em protesto contra um processo de cassação contra ele que tramita na Casa.

Após Glauber Braga dizer que não sairia da cadeira, os policiais legislativos da Câmara começaram a esvaziar o plenário. A TV Câmara cortou a transmissão do plenário às 17h34, mesmo horário em que a imprensa começou a ser retirada do plenário e impedida de acompanhar a movimentação.

Questionada sobre a retirada da imprensa, a assessoria de Hugo Motta disse que a medida seguiu um protocolo, e não uma ordem do presidente da Câmara. A assessoria não esclareceu que protocolo foi acionado nem os procedimentos seguidos em situações desse tipo.

Após ser retirado do plenário, Braga criticou o cerceamento do trabalho da imprensa e disse que nunca tinha visto o sinal da TV Câmara ser cortado durante uma sessão.

A única coisa que eu pedi ao presidente da Câmara, Hugo Motta, foi que ele tivesse 1% do tratamento para comigo que teve com aqueles que sequestraram a mesa diretora da Câmara por 48 horas por dois dias em associação com um deputado que está nos Estados Unidos conspirando contra o nosso país“, afirmou o deputado do PSOL.

Nesta terça, Hugo Motta havia anunciado que os deputados iriam analisar uma possível cassação de mandato de Glauber, acusado de agressão a um militante do Movimento Brasil Livre (MBL) na Câmara, em abril de 2024 (entenda o caso).

Cronologia do caso

Às 16h04 – Glauber Braga ocupou a cadeira da presidência da Câmara e se recusou a deixar o local.

Às 17h34 – o sinal da TV Câmara foi cortado. Em seguida, a polícia legislativa começou a esvaziar o plenário e retirou a imprensa do local.

Às 18h08 – o deputado foi retirado à força pela polícia legislativa da cadeira da presidência.

Oposição ocupou mesa em agosto

No início de agosto, parlamentares de oposição ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) obstruíram fisicamente a Mesa Diretora do plenário da Câmara, de onde são conduzidas as sessões. Eles protestavam contra a prisão domiciliar do ex-presidente, determinada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.

Um dos deputados, Marcel Van Hattem (Novo-RS), chegou a impedir que o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB) sentasse na cadeira de presidente. O episódio deixou Motta fragilizado no comando da Casa. Após a ocupação, o presidente chegou a cogitar suspender cautelarmente parte dos deputados responsáveis pelo motim, em um rito sumário que poderia levar menos de uma semana.

No entanto, não teve apoio da maioria dos integrantes da mesa diretora e enviou as representações disciplinares ao corregedor parlamentar, deputado Diego Coronel (PSD-BA). O rito sumário foi descartado e o corregedor agora trabalha com um prazo de 45 dias para elaborar os pareceres sobre os pedidos de punição, o que deve esfriar o caso.

Segundo a corregedoria, todos os 14 representados já apresentaram suas defesas e a equipe do deputado trabalha nos relatórios sobre os parlamentares.

Cassação

A denúncia que pode levar à cassação de Glauber Braga foi apresentada pelo Partido Novo em abril de 2024. A sigla narra que Glauber protagonizou, dentro das dependências da Câmara, embates físicos com o membro do MBL Gabriel Costenaro e o deputado Kim Kataguiri (União-SP), um dos fundadores do movimento.

Segundo vídeos do episódio e os relatos colhidos ao longo do processo no Conselho de Ética, o deputado e Costenaro discutiram verbalmente em um dos anexos da Casa. O desentendimento evoluiu para empurrões e chutes do parlamentar contra o militante, em uma tentativa de retirá-lo à força das dependências da Câmara. Glauber Braga afirmou que a ação contra Gabriel Costenaro foi uma “reação a provocações sistemáticas” do militante e de outros membros do MBL ao próprio parlamentar e a aliados.

Segundo o deputado, o militante do MBL teria ofendido a honra de sua mãe, que faleceu poucas semanas depois do tumulto na Câmara dos Deputados. (Fonte: g1)

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