O deputado federal Gonzaga Patriota (PSB) centrou fogo nas ações do governo federal destinadas a minimizar o sofrimento das famílias nordestinas atingidas pela seca – uma das mais graves das últimas cinco décadas. Da tribuna da Câmara, na tarde de ontem (15), o socialista tentou evitar um discurso com pitadas eleitorais, mas usou palavras contundentes contra os governos petistas do ex-presidente Lula e da atual, Dilma Rousseff.

“Nada justifica o que o Nordeste está sofrendo. É como se a seca fosse um fenômeno desconhecido, ou algo que chegou por lá sem que ninguém tivesse conhecimento desse fenômeno natural que mata os animais e atormenta milhões de homens, mulheres, idosos e crianças. A ineficiência do governo federal para combater os efeitos da estiagem é estarrecedora. Se gasta muito dinheiro com ações ineficazes e temporárias”, alfinetou.

Segundo Gonzaga Patriota, o ex-presidente Lula “fez boas ações nas áreas sociais e da educação, mas na hora de implantar projetos estruturadores para o Nordeste, as coisas desandaram”.

Ele lembrou ainda de promessas não cumpridas pelos dois gestores. “Lula prometeu que inauguraria a Transnordestina em 2012 e a presidenta Dilma entregaria a Transposição no ano seguinte. Ou seja, agora em 2013. Lamentavelmente o projeto da Transnordestina, que é bancado pelo BNDES, está sofrendo uma considerável desaceleração. Dos oito mil trabalhadores contratados, restam apenas três mil, segundo explicou recentemente o ministro Fernando Bezerra Coelho”, ressaltou.

De acordo com Gonzaga Patriota, no Agreste e Sertão do Estado morreram 150 mil bovinos. A queda da produção de leite foi de 72% em todo o Estado, enquanto 17% dos criadores de gado abandonaram a atividade. “O abate aumentou em 230 mil bovinos, isto é, os criadores levam os animais para o abate antes do tempo, para o animal não morrer de fome, 330 mil bovinos saíram de Pernambuco para outros estados. Só o Maranhão recebeu 100 mil bovinos, sobretudo fêmeas. O rebanho de Pernambuco diminuiu em 710 mil animais”, alertou.

Política consistente

O deputado chamou atenção para a importância da conclusão das obras da Transposição do Rio São Francisco, Adutora do Pajeú, Canal do Sertão, além de cobrar mais recursos para a reforma agrária.

“Ninguém pode negar o esforço do governador Eduardo Campos e do seu governo, principalmente na pessoa do secretário Ranilson Ramos, em envidar esforços para atender com o que tem os nossos agricultores e o que ainda resta de seus animais. Mas o que aqui me refiro são as ações do governo federal para minimizar o sofrimento dos moradores do semiárido nordestino. São grandes, boas, mas não caminham. Não andam. No orçamento da União tem dinheiro para tudo, menos para concluir o Projeto de Integração da Bacia do Rio São Francisco com outras bacias da região Nordeste, ou mesmo a Adutora do Pajeú, obras que salvarão os nordestinos atingidos, quase que anualmente, pelas constantes secas que arrasam a região”, criticou.

Na avaliação do deputado apenas uma política consistente para o Nordeste pode-se, de uma vez por todas, resolver os graves problemas da seca nesta região.