A polêmica que marcou a semana em Pernambuco foi a iniciativa da UFPE de abrir um curso de medicina para assentados – integrantes de famílias que participam do Crédito e outros favorecidos pela reforma agrária. Como este Blog mostrou, as principais entidades médicas do Estado reprovaram a medida, que ecoou inevitavelmente na Assembleia Legislativa (Alepe).
Parlamentares do PL criticaram a iniciativa da UFPE, a qual conta com parceria do Incra. O primeiro a protestar foi Renato Antunes. Para o deputado, a medida visa a favorecer o MST. “É um projeto de DNA ideológico, construído para criar privilégios a um movimento político-partidário”, disse.
No mesmo sentido, Coronel Alberto Feitosa afirmou ter acionado o Ministério Público (MPPE) para impedir a medida. O parlamentar leu trechos de um documento assinado pelas entidades médicas contrárias à iniciativa. Segundo o texto, o critério de seleção “afronta os princípios da isonomia e do acesso universal, além de comprometer a credibilidade acadêmica”. O assunto promete ainda muito pano pra manga.



É preocupante que profissionais formados em universidades federais, financiadas com recursos públicos, ou em instituições particulares por meio de programas como Prouni e FIES, relutem em atuar nas regiões mais interioranas do Brasil, deixando essas áreas carentes de assistência médica. Diante desse cenário, propõe-se a formação de mão de obra local como alternativa para suprir essa demanda. No entanto, alguns parlamentares, de forma equivocada, classificam essa iniciativa como ideológica ou absurda. Não por acaso, os estudos sobre cobertura médica revelam uma disparidade significativa entre as capitais e o interior: enquanto as grandes cidades apresentam índices de cobertura superiores ao recomendado, os rincões enfrentam abandono e escassez de profissionais.
Imagine Petrolina sem a Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), dependendo exclusivamente de médicos vindos de Recife ou Salvador para realizar atendimentos. Essa é a realidade enfrentada pela maioria dos municípios brasileiros. Mesmo com três cursos de medicina na região, ainda há necessidade de recorrer ao Tratamento Fora de Domicílio (TFD) para garantir assistência em determinadas especialidades. As críticas a iniciativas que buscam resolver esse problema são meramente políticas e desprovidas de fundamento.