Comissão descreve cenário “caótico” na urgência e emergência de Juazeiro

por Carlos Britto // 23 de novembro de 2025 às 07:00

Foto: divulgação

O cenário da Rede Municipal de Urgência e Emergência de Juazeiro (BA) atingiu nível de alerta. Profissionais que atuam na linha de frente afirmam que não há mais condições seguras de trabalho e que o atendimento à população está sendo garantido “na base da coragem”, não da estrutura.

A denúncia foi formalizada em uma Representação Administrativa protocolada pela Comissão de Servidores Representantes da Rede Municipal de Urgência e Emergência, formada por médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e profissionais dos PAs distritais. O documento expõe irregularidades graves no Samu e nos Prontos Atendimentos (PAs) de Maniçoba e Itamotinga, descrevendo um quadro que os servidores classificam como “colapso anunciado”.

A comissão enviou uma nota ao Blog elencando os principais problemas. Confiram:

AMBULÂNCIAS COM RISCO DE FALHA, FALTA DE EQUIPAMENTOS E MANUTENÇÃO INEXISTENTE

Segundo a Comissão, o SAMU recebe recursos federais para operar sete ambulâncias, mas apenas quatro estão em funcionamento — e todas em situação crítica.

Entre os problemas relatados:

– sensores de airbag acionados, indicando falha no sistema de segurança;

– ar-condicionado inoperante na USA Regional, inviabilizando transporte seguro de pacientes graves;

– inexistência de oficina licitada, impedindo manutenção preventiva e corretiva;

– ausência de equipamentos obrigatórios como DEA, monitor cardíaco, bombas de infusão e incubadora aquecida para transporte neonatal.

Os profissionais afirmam que as condições atuais configuram risco real de morte para pacientes e servidores. “Se der certo, chegamos. Se der errado, a ambulância vira ameaça. É roleta-russa com vidas humanas.”

FALTA DE EPI’S E CONDIÇÕES BÁSICAS DE TRABALHO

A denúncia também detalha a falta de EPIs básicos como macacões e botas.

Servidores precisam improvisar equipamentos ou atuar sem proteção apropriada, expondo-se a sangue, secreções, materiais contaminados e riscos físicos.

A central de regulação opera sem gravação de ligações — violando normas federais — e as ambulâncias não possuem rádio comunicação, obrigando o uso de celulares pessoais durante ocorrências.

Repousos precários, móveis quebrados, colchões deteriorados e falta de alimentação no prédio também foram relatados. Muitos servidores compram do próprio bolso itens básicos de trabalho.

PAs DE MANIÇOBA E ITAMOTINGA ESTÃO ABANDONADOS

Nos distritos, a situação é igualmente grave. Os profissionais denunciam:

– ausência de médicos;

– falta de telefone funcional para contato com o SAMU;

– falta de local de repouso;

– corte da ajuda de custo;

– sobrecarga extrema sobre enfermeiros e técnicos.

“É atendimento de urgência sem médico, sem estrutura e sem segurança nem para o servidor nem para o paciente.”

DECISÕES ADMINISTRATIVAS ILEGAIS, SEM PORTARIA E REPASSADAS POR WHATSAPP

A Comissão afirma que a gestão municipal tentou impor mudanças nas escalas de trabalho por WhatsApp, sem qualquer portaria oficial publicada.

As medidas incluem:

– limitação de trocas de plantão sem respaldo legal;

– exigência de 60 horas de descanso obrigatório sem previsão normativa;

– redução indevida da validade de atestados;

– retirada da autonomia dos coordenadores para substituições.

“É gestão pública na base do improviso. Servidor não é peça descartável.”

DIREITOS LEGAIS SENDO NEGADOS

Os profissionais denunciam que direitos previstos em lei estão sendo desrespeitados, incluindo:

– folga de aniversário, garantida por lei municipal;

– adicional de insalubridade pago de forma incorreta, mesmo após decisão do STF;

– horas extras não pagas;

– impedimentos no fracionamento das férias;

– dificuldades para concessão de licença-prêmio;

– corte da ajuda de custo nos PAs.

AMBULÂNCIA USA REGIONAL TERIA SIDO USADA EM EVENTOS PARTICULARES

Um dos pontos mais graves da denúncia é a possível utilização da ambulância USA Regional — destinada ao suporte avançado — em jogos de futebol e eventos privados, prática considerada desvio de finalidade de recurso público e já proibida pelo Ministério Público em anos anteriores. “A ambulância do povo não pode servir a interesses privados.”

PROTOCOLO EM SÉRIE E COBRANÇA POR PROVIDÊNCIAS URGENTES

A Representação foi protocolada em:

– Ministério Público da Bahia;

– Ministério Público do Trabalho;

– Secretaria Municipal de Saúde;

– Câmara de Vereadores;

– Coren-BA;

– Cremeb;

– Blogs e portais de imprensa.

A Comissão solicita:

– vistoria imediata;

– apuração de responsabilidades;

– investigação sobre recursos federais;

– normalização das escalas;

– manutenção imediata das ambulâncias;

– fornecimento urgente de EPIs;

– presença fixa de médicos nos PAs;

– melhoria da estrutura da central e dos locais de repouso;

– reunião oficial com a Prefeitura.

POSIÇÃO OFICIAL DA COMISSÃO

“Não estamos fazendo política. Estamos defendendo as nossas vidas e a vida da população”.

“Se a estrutura continuar assim, não será acidente. Será consequência.”

COMISSÃO DE SERVIDORES REPRESENTANTES DA REDE MUNICIPAL DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA – JUAZEIRO/BA

Médicos:

Edgar Paulo Damasceno

Taciana Teles de Magalhães

Enfermeiros:

Eduildson Nunes Santa Fé

Willys da Silva Santos

Técnicos de Enfermagem:

Luciedna Batista dos Santos Lacerda

Josilene Pereira da Silva Costa

Representantes dos PAs:

Lígia Raquel Gomes Souza

Francimaria Batista Miranda

O Blog do Carlos Britto vai entrar em contato com a Secretaria de Saúde (Sesau), por meio da assessoria de comunicação, sobre o assunto.

Comissão descreve cenário “caótico” na urgência e emergência de Juazeiro

  1. José disse:

    E agora seu Prefeito?
    Tá bom assim !

  2. Antonio disse:

    Esta situação certamente ja se arrasta a um bom tempo, nao deve ser de agora. Muita precariedade acumulada. Pra resolver vai levar um certo tempo, e boa vontade do administrador publico afinal o prefeito nao faz magica.

  3. Nonato dos santos disse:

    A proveito essa matéria pra denunciar um recapeamento feito na rua Sr Antônio bairro do mesmo nome. Digo que aquilo não foi nem descaso foi realmente uma falta de vergonha do orgão provedor.

  4. É muito grave isso colocando a riscos os servidores e pacientes. Esse governo até parecer que é um trabalho escravo o que eles fazem com os servidores não pagam o que de direito do servidor e o ministério público do trabalho e delegacia do trabalho e ministério público não atua para freia esse absurdo da secretaria de saúde com seus isso tá acontecendo porque não dá em nada infelizmente cadê a justiça.

  5. MARIA APARECIDA DOS SANTOS disse:

    Pare de fazer propaganda e trabalhe prefeito.a população agradece

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