Comissão de Agricultura da Alepe debate crise no setor da cana-de-açúcar

por Carlos Britto // 01 de dezembro de 2025 às 19:00

Foto: Gabriel Costa/Alepe

A crise do setor da cana-de-açúcar em Pernambuco foi a pauta em debate nesta segunda-feira (1), durante em audiência pública da Comissão de Agricultura da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe). Representantes de usinas, fornecedores e trabalhadores rurais defenderam medidas urgentes de socorro dos governos estadual e federal em virtude de um cenário que combina queda de preço, crescimento dos custos de produção, fatores do clima e o aumento das tarifas de importação nos Estados Unidos.

Renato Cunha, do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool no Estado de Pernambuco (Sindaçúcar), chamou atenção para um outro problema: o avanço do etanol de milho no Brasil, que conta com incentivos em estados como Bahia e Maranhão. “O milho é segurança alimentar, é segurança animal, e esse milho está fazendo hoje 10 bilhões de litros no Centro-Sul do País. Sem falar que eles usam, por exemplo, madeira. Não se sabe a origem da madeira que eles usam, para fazer energia, que aqui a gente faz tão somente oriunda do bagaço da cana”. O incentivo para a produção local de álcool anidro, para ser usado na mistura com a gasolina,  foi uma das medidas defendidas por Renato Cunha.

O presidente do Sindicato dos Cultivadores de Cana-de-Açúcar de Pernambuco (Sindicape), Gerson Carneiro Leão, relatou o cenário de dificuldade financeira enfrentada pela categoria, com preço muito baixo da tonelada da cana. “Nós vamos receber R$ 117,00. O CCT, que é a despesa de corte, transporte e enchimento, vai para R$ 90,00. Quer dizer: fica muito pouco para o fornecedor pagar as dívidas. É a hora de ir à governadora e ao presidente Lula, porque a situação é muito séria em Pernambuco”.

Pernambuco chegou a produzir 26 toneladas durante a safra recorde do Nordeste entre os anos de 1986 e 1987, com 36 usinas em operação. Os dados foram trazidos pelo cofundador da União dos Produtores de Cana do Nordeste (Unica), Gregório Maranhão. Ele estima que a safra atual atingirá, no máximo, 14 toneladas, com apenas 13 usinas ativas.

O retorno de subsídios ao setor também foi defendido como forma de preservar a história e a relevância de Pernambuco pelo diretor-presidente da Federação da Agricultura do Estado de Pernambuco (Faepe), Pio Guerra. Já para o presidente do Grupo EQM, Eduardo Monteiro, a sobrevivência de dezenas de municípios da Zona da Mata depende de evitar que a atividade entre em colapso.

Pedidos

Para o presidente da Comissão de Agricultura, Luciano Duque (SD), os pedidos apresentados na audiência não configuram privilégio, mas proteção de um setor que mantém a economia viva em boa parte do Estado.

O deputado Antônio Moraes (PP), que pediu a audiência, informou que um documento será entregue por uma comissão de parlamentares ao presidente Lula durante visita a Pernambuco nesta terça (2). As propostas também serão apresentadas à governadora Raquel Lyra. “A gente vai solicitar ao governo do Estado para que a gente apresente essas propostas. Algumas já foram feitas no passado, no Governo Jarbas, e outras o pessoal do setor vai explicar. Bastante interessantes, não só para o setor, mas para o Governo, porque é um ganha-ganha, ninguém perde.

Também participaram da audiência representantes da Associação dos Fornecedores de Cana de Pernambuco, Sindicato dos Trabalhadores da Cana de Palmares e Secretaria de Agricultura do Estado. A mesa contou ainda com o deputado federal Coronel Meira (PL-PE) e os deputados estaduais Nino de Enoque (PL), France Hacker (PSB), Henrique Queiroz Filho (PP), e Doriel Barros (PT).

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