O empresário e colaborador do Blog, Luiz Eduardo Coelho, enviou este inesquecível poema do saudoso Nilo Coelho, intitulado “Lição do Remeiro”. Uma ode às raízes sertanejas daquele que nunca escondeu o orgulho e o amor por sua terra-natal. Vale a pena conferir:
Nas memórias do tempo,
de todas as memórias da infância,
a que me é mais grata é a do meu rio,
o São Francisco,
a transbordar e desbordar as águas barrentas
pra deixar nas vazantes
a terra enriquecida para os ribeirinhos.
A moldura sentimental e telúrica
que não é apenas evocativa
pois jamais disse adeus a minha terra
se completa com a visão das barcas a vela
subindo a correnteza e vencendo a calmaria
com a força dos peitos rijos dos remeiros.
São os remeiros dos peitos sangrentos
remeiros sofridos
calejados na adversidade
o ânimo forte e a alma em festa
nas canções que acompanham o impulso dos remos
e nos gritos de desafio à passagem dos vapores.
O menino beiradeiro,
que chega às alturas da direção de um grande Estado e de um povo,
tem a sua frente o mesmo quadro.
Se os bons ventos nos faltarem
estarei na proa para acertar a cadência das remadas.
Remando ou varejando
não importa sangre o peito:saberemos lutar.
A luta dos remeiros, como a nossa,
é o embate dos que não perderam a fé
dos que têm esperança
dos que firmam os pés molhados nas coxias
de olhos voltados sempre para a frente.
O peito rijo que se abre em calos
se enrijece na certeza de que a união nos fará fortes
no vislumbre de novos horizontes que juntos buscaremos.
Rio acima contra a correnteza
e a alma cheia de esperança.
Nilo Coelho




Este texto não era da autoria de Nilo Coelho, ele utilizou na sua posse, como governador de Pernambuco. Era da autoria de
Antonio D’Avila, parente dele.
Corrigindo: J. Antonio D’Avila