Coisas que se recebe pela internet (Lição do Remeiro)

por Carlos Britto // 20 de janeiro de 2011 às 22:10

O empresário e colaborador do Blog, Luiz Eduardo Coelho, enviou este inesquecível poema do saudoso Nilo Coelho, intitulado “Lição do Remeiro”. Uma ode às raízes sertanejas daquele que nunca escondeu o orgulho e o amor por sua terra-natal. Vale a pena conferir:    

Nas memórias do tempo,

de todas as memórias da infância,

a que me é mais grata é a do meu rio,

o São Francisco,

a transbordar e desbordar as águas barrentas

pra deixar nas vazantes

a terra enriquecida para os ribeirinhos.

A moldura sentimental e telúrica

que não é apenas evocativa

pois jamais disse adeus a minha terra

se completa com a visão das barcas a vela

subindo a correnteza e vencendo a calmaria

com a força dos peitos rijos dos remeiros.

São os remeiros dos peitos sangrentos

remeiros sofridos

calejados na adversidade

o ânimo forte e a alma em festa

nas canções que acompanham o impulso dos remos

e nos gritos de desafio à passagem dos vapores.

O menino beiradeiro,

que chega às alturas da direção de um grande Estado e de um povo,

tem a sua frente o mesmo quadro.

Se os bons ventos nos faltarem

estarei na proa para acertar a cadência das remadas.

Remando ou varejando

não importa sangre o peito:saberemos lutar.

A luta dos remeiros, como a nossa,

é o embate dos que não perderam a fé

dos que têm esperança

dos que firmam os pés molhados nas coxias

de olhos voltados sempre para a frente.

O peito rijo que se abre em calos

se enrijece na certeza de que a união nos fará fortes

no vislumbre de novos horizontes que juntos buscaremos.

Rio acima contra a correnteza

e a alma cheia de esperança.

 

Nilo Coelho

Coisas que se recebe pela internet (Lição do Remeiro)

  1. Alphonso Celsius disse:

    Este texto não era da autoria de Nilo Coelho, ele utilizou na sua posse, como governador de Pernambuco. Era da autoria de
    Antonio D’Avila, parente dele.

  2. Alphonso Celsius disse:

    Corrigindo: J. Antonio D’Avila

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