Neste artigo, o advogado Rivelino Liberalino faz uma análise fria e sensata sobre o assassinato do jovem empresário piauiense Erlan Oliveira, ocorrido semana passada em Petrolina.
Confiram:
Há momentos em que o coração aperta de um jeito que as palavras quase não cabem. O que dizer diante de uma tragédia que poderia ser evitada? Como escrever quando o que sentimos é, antes de tudo, perplexidade, dor, indignação e, acima de tudo, um profundo lamento por estarmos tão distantes – ainda – do que seria a essência de uma sociedade humana?
O que aconteceu em Petrolina, em pleno período de festividades juninas, não foi apenas um crime. Foi uma ferida aberta na consciência coletiva. Um jovem piauiense, que veio para celebrar a alegria do São João, teve a vida brutalmente arrancada após uma discussão que evoluiu para um espancamento cruel, covarde, injustificável. Empresários, advogados, mulheres estavam ali. E o mais triste: ninguém impediu. Ninguém disse “basta”. Ninguém foi a voz da razão. E isso nos obriga a uma pergunta que não quer calar: onde estava a humanidade naquele instante?
Vivemos tempos de inversão. Tempos em que a empatia virou artigo raro. Tempos em que o debate cede lugar ao grito. Em que a divergência vira ataque. Em que a impulsividade substitui o diálogo. A violência se tornou a linguagem de quem já não consegue mais pensar. E quando até os instruídos, os letrados, os que se presumem formadores de opinião se rendem à brutalidade, o que nos resta?
Petrolina, que até então se vangloriava de ser vitrine do São João, agora vê sua imagem manchada por manchetes de dor. Não por vontade de seus filhos, nem por falha direta dos seus gestores – mas porque a violência, essa hóspede sombria, se infiltrou onde jamais deveria estar: no coração de um tempo que deveria ser de encontro, de cultura, de paz. Assim como já se infiltrou nas escolas, nas igrejas, nos lares. A tragédia da menina Beatriz ainda pulsa em nossa memória como outra cicatriz. E agora, mais uma.
Mas este não é um texto para atacar ninguém. Este é um grito silencioso, um convite à reflexão profunda. Quantas vezes será preciso dizer que violência não resolve, só amplia? Que não há honra em agredir. Que não há força em esmagar. Que o excesso de força não é coragem – é descontrole. É falência moral.
Hoje, choram os pais do jovem morto. E, não duvidem, também choram os pais dos agressores. Choram pelas consequências que vêm – porque uma escolha feita em segundos destrói futuros inteiros. A dor agora é coletiva. E talvez esse seja o ponto mais devastador: num instante de fúria, todos perdem. É hora de todos nós, enquanto sociedade, pararmos para pensar. O brilho da festa deu lugar a um nó na garganta. Uma família perdeu seu filho. Outras perderão o convívio com os seus. E nós, o que perderemos se não mudarmos?
A violência é o fim da inteligência.
É a falência da palavra.
É a negação da empatia.
É a recusa de se enxergar no outro.
Ainda não somos humanos o suficiente. Ainda estamos distantes de sermos, verdadeiramente, civilizados. Mas talvez – só talvez – a comoção que hoje nos atravessa sirva para um começo. Um despertar. Um silêncio necessário para escutar de novo a razão, o respeito, a compaixão.
Que esse crime brutal não seja apenas mais uma manchete. Que seja memória, lição, marco. Para que o São João de Petrolina siga sendo, com justiça, sinônimo de cultura, de beleza, de encontro – e não de tristeza.
Que a juventude de quem partiu nos acorde.
E que a dor dos que ficam nos transforme.
Porque, se não aprendermos agora, quando?
Rivelino Liberalino/Advogado militante nas áreas cível e trabalhista, pós-graduado em Direito Tributário pelo IBPEX (Instituto Brasileiro de Pós-Graduação e Extensão)



Uma pena, que alguns seres humanos viraram isso. Não sei nem como chamar essas pessoas covardes.
A palavra que melhor define o ocorrido seja, injustiças uma vez que, três dos envolvidos já viviam no mundo do crime e no entanto vivendo a vida livremente.
Mais um texto de tirar o chapéu desse grande amigo Rivelino. Espero que sirva de reflexão e inspiração para uma mudança social no coração e nas ações de pessoas que se consideram seres humanos mas com atitudes selvagens.
Que seja feita a justiça dos homens, pois a justiça Divina com certeza já está sendo preparada.
Sábias palavras do Dr. Rivelino.
Acrescento que é vital atentarmos para a causa mãe dessas tragédias morais: A certeza da impunidade.
A sociedade convive com a mais absoluta insegurança jurídica. O Estado não possui capacidade técnica, política e financeira para proteger minimamente a sua população.
Facções criminosas se expandem de forma alarmante. Execuções em pleno dia fazem parte da nossa rotina, afinal são pessoas envolvidas no tráfico, então não interessa a sociedade.
Esse turbilhão de inversões de valores atinge o coração da sociedade e contamina as pessoas, as quais entendem estar investidas de super poderes para agredir, ou até matar, com consequências brandas, ou até inexistente, afinal o judiciário também puxa o país para o fundo do poço,
Esse liquidificador de incoerências e impunidades está mudando rapidamente o conceito de Petrolina no ranking nacional da violência. É o fim de um ciclo de prosperidade e ótima qualidade de vida, conquistada com muito suor.
Aguardemos os reflexos disso ali na frente e que Deus nos acuda.
Lindo lugar para terminar a noite aonde só bebados em.geral frequenta
A lojas conviniencias funcionan mais queremos esses lugares para terminamos a noite pobre seres humanos que só pensam em festas e baladas .com certezas as gatinhas da noite estavam lá
QUE TODOS SEJAM RESPONSABILIZADOS DESSA SELVAGERIA, DENTRO DOS RIGORES DA LEI!!
Ainda chamam o ser humano de racional. Racional são os animais que só atacam quando são ameaçados, o ser humano ataca sem ser ameaçado.
Esse é o reflexo da impunidade, quem faz leis no pais infelizmente a maioria é de corruptos, parlamentares. Por isso as leis são “frouxas”, eles pensam sempre no futuro deles.