Em seu mais recente artigo enviado ao Blog, o advogado Rivelino Liberalino suscita uma questão da maior relevância: Como a juventude de hoje pode cuidar dos seus idosos? Confiram:
Entre as tragédias silenciosas do nosso tempo, há uma que se impõe sobre todas: o envelhecimento da humanidade. Nunca o mundo viveu tanto e, paradoxalmente, nunca esteve tão despreparado para amparar os que chegaram à velhice.
No passado, poucos passavam dos sessenta. O tempo encerrava o ciclo antes que a fragilidade fosse um problema social. Mas hoje, ao prolongarmos a vida, estendemos também o peso dos anos. Entre os oitenta e os cem, o corpo já não obedece, a mente vacila, a queda mais simples se transforma em abismo.
Nos países ricos, a riqueza precedeu a velhice. No Brasil, a velhice chegou primeiro — e encontrou um povo sem estrutura para acolhê-la. Até 2030, quase um terço da população será idosa. E, no entanto, seguimos construindo templos, casas e sonhos como se fôssemos eternamente jovens.
O drama maior, porém, não está apenas nas estatísticas, mas na orfandade dos velhos. Orfandade não de filhos mortos, mas de filhos vivos que se esqueceram de olhar para trás. Idosos que têm família, mas vivem como se não tivessem ninguém. Pais que educaram, nutriram e sustentaram gerações, agora alimentando-se de solidão.
E a cena se repete: a mesa da casa perdeu espaço para eles. O velho já não partilha do alimento, porque sua presença exige paciência. Foi retirado do convívio como se fosse peso. Come sozinho, no quarto. Tornou-se “incômodo” para a rotina. A mesa que um dia foi símbolo de união, hoje é lugar de exclusão.
Assim, homens e mulheres que um dia carregaram filhos nos braços, terminam seus dias carregados pelo esquecimento. Aquele que um dia ensinou o primeiro passo, já não recebe sequer a visita no último suspiro. E muitas vezes, seu único instante de lucidez é desperdiçado — porque ninguém estava ao lado para ouvir.
O mundo moderno, que exalta a performance e o sucesso, fez do idoso uma conta impagável. Esqueceu-se de que a velhice não é falência, mas herança. Que os cabelos brancos não são fardo, mas coroa.
E a pergunta ecoa como sentença sobre esta geração: quem dará a mão àqueles que, um dia, nos deram a vida?
Rivelino Liberalino/Advogado



Reflexão necessária para uma sociedade desapercebida de seus idosos e de suas necessidades.
É uma questão imperativa de políticas públicas voltadas para essa faixa etária e mais que isso é uma questão de valores afetivos, éticos, morais.
A nossa sociedade está doente e não se apercebe do valor da reciprocidade para quem nos trouxe a vida e nos proveu.
Boa noite!
Parabéns primo por mais um artigo importante.
O artigo faz perguntas que são pura realidade. Ótima reflexão.
Rivelino Liberalino.
Vc esta de parabens , mais uma vez, por expor um tema tão importante, que é a vida em um de seus ciclos mais importante, a velhice.