Neste artigo, o ex-vereador Bruno Marreca, do município de Salgueiro (PE), no Sertão Central, critica a tentativa de empresas privadas de inviabilizar o trecho entre Salgueiro-Suape da Ferrovia Transnordestina para desqualificar a atuação do atual titular da Sudene, Danilo Cabral. Bruno chama a atenção da sociedade no intuito de ampliar esse debate e, dessa forma, garantir que a Transnordestina seja um modelo inclusivo de progresso, e não voltado apenas a interesses particulares.
Confiram:
Pressões econômicas e políticas tentam mudar os rumos da integração ferroviária no Nordeste e ameaçam liderança da autarquia responsável pelo desenvolvimento regional.
A construção do trecho ferroviário entre Salgueiro (PE) e o porto de Suape tem se tornado alvo de uma intensa disputa de interesses, que vai além dos trilhos e impacta diretamente o futuro logístico e econômico do Nordeste. Empresas como a Transnordestina Logística S.A. (TLSA) e a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), controladora do projeto ferroviário, têm atuado de forma sistemática para inviabilizar esse ramal estratégico, priorizando interesses próprios em detrimento do desenvolvimento regional.
Segundo fontes próximas ao setor de infraestrutura e logística, a TLSA e a CSN vêm realizando um verdadeiro lobby junto à Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e a outros órgãos federais, com o objetivo de descredenciar o trecho entre Salgueiro e Suape, que é fundamental para conectar o interior de Pernambuco ao litoral e ao mercado internacional por meio do Porto de Suape.
A justificativa oficial das empresas gira em torno de questões de viabilidade econômica e técnica, mas especialistas apontam que há um claro favorecimento ao terminal de Pecém, no Ceará, onde a CSN já possui interesses estabelecidos. A exclusão do trecho até Suape representaria não apenas um prejuízo estratégico para Pernambuco, mas também o enfraquecimento do equilíbrio regional na logística nordestina.
Ataques à SUDENE e a Danilo Cabral
Paralelamente a essa movimentação empresarial, há uma tentativa velada – mas persistente – de desestabilizar a liderança da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE), atualmente comandada por Danilo Cabral. Ex-deputado federal e profundo conhecedor da região, Cabral tem defendido publicamente a importância do trecho Salgueiro–Suape para a integração produtiva e logística do Nordeste.
Fontes afirmam que setores ligados à própria CSN, além de políticos aliados aos interesses empresariais, têm pressionado Brasília para que Danilo Cabral seja substituído no comando da SUDENE. O motivo? Seu posicionamento firme em defesa dos projetos que beneficiam o semiárido nordestino, contrariando os interesses centralizadores de grandes grupos econômicos que preferem concentrar os investimentos em áreas já estruturadas.
Desenvolvimento ou retrocesso?
A tentativa de inviabilizar o trecho até Suape e de deslegitimar a liderança da SUDENE revela uma disputa maior: a de um modelo de desenvolvimento inclusivo e equilibrado contra um modelo concentrador e excludente. Enquanto a CSN aposta em uma ferrovia moldada aos seus interesses de exportação de minério, Pernambuco e boa parte da população nordestina exigem uma infraestrutura que atenda às demandas do agronegócio, da indústria e da população.
O futuro da Transnordestina, portanto, está em jogo. E com ele, o papel do Estado no fomento ao desenvolvimento regional. Em vez de ceder a pressões, é hora de ampliar o debate público, fortalecer os canais de participação social e garantir que os trilhos da ferrovia levem, de fato, progresso para todos.
Bruno Marreca/Ex-vereador de Salgueiro
