Artigo do leitor: “A farsa fiscal e o Brasil que vai quebrando”

por Carlos Britto // 23 de outubro de 2025 às 19:20

(Foto: Reprodução)

Neste novo artigo, o leitor Rivelino Liberalino faz uma análise do que ele acredita estar acontecendo no país. Confiram:

O Brasil está à beira de um abismo fiscal — e quem o empurrou até aqui tem nome, cor partidária e um histórico de irresponsabilidade travestida de compaixão.

Desde os tempos em que o Partido dos Trabalhadores descobriu que o povo perdoa tudo quando se fala em “inclusão social”, o país passou a viver um teatro econômico. Um teatro dispendioso, encenado com dinheiro público e sustentado pela fé ingênua dos que acreditaram que bastava gastar mais para fazer justiça.

O resultado está aí, estampado nos números que nenhum slogan consegue esconder: a dívida pública ultrapassando 80% do PIB, a arrecadação recorde sendo engolida por gastos obrigatórios, e o colapso do orçamento batendo à porta. Já se fala abertamente, nos relatórios oficiais, em paralisação da máquina pública até 2029.

O mesmo governo que prometia cuidar da educação, reduziu verbas das universidades. O mesmo que se dizia defensor da saúde cortou repasses hospitalares. E o mesmo que se vendia como “popular”, agora tributa o consumo e sufoca quem produz. É a velha fórmula do populismo: distribuir o que não se tem, endividar o futuro e culpar os outros quando a conta chega.

Enquanto isso, emendas parlamentares explodem, ministros desfilam em carros de luxo, e a primeira-dama viaja em roteiros que fariam corar um diplomata. Tudo isso em meio à retórica de “cuidar dos pobres”. Nenhum governo sobrevive muito tempo sustentando o luxo dos seus com o sacrifício dos que trabalham.

Foi no governo Dilma Rousseff que o castelo começou a ruir — quando se decidiu maquiar as contas públicas e adiar o inevitável. E foram Temer e Bolsonaro que tentaram recolocar o país nos trilhos, impondo o teto de gastos e devolvendo alguma previsibilidade à economia.

Mas o PT voltou. E, com ele, voltou também o desprezo pelas regras, o romantismo com o déficit, a crença de que “dá-se um jeito”. O novo arcabouço fiscal é, na verdade, a legalização do descontrole: uma brecha elegante para gastar sem limite, desde que se invente uma boa justificativa.

Hoje, a realidade é uma só: o Estado consome o que o Brasil produz — e ainda pede mais. Saúde, educação, segurança e pesquisa são as primeiras vítimas. O dinheiro não some, apenas muda de mãos. Sai das prioridades da nação e entra nos cofres da conveniência política. A crise não é técnica. É moral. É o resultado de um projeto de poder que transformou o orçamento em palanque e a dívida em herança. Um projeto que fala em justiça social enquanto planta miséria contábil e empurra o país para o descrédito.

O Brasil, entretanto, não é um slogan. O Brasil é uma empresa. E toda empresa que ignora o balanço, adultera números e multiplica despesas, um dia quebra. E quando quebrar — porque esse é o destino de toda mentira fiscal —, não será o partido que pagará a conta. Seremos nós.

Um país não se sustenta em propaganda, mas em responsabilidade. E a história cobrará, com juros e correção, cada real desviado da verdade.

Rivelino Liberalino/Advogado

Artigo do leitor: “A farsa fiscal e o Brasil que vai quebrando”

  1. disse:

    Desde 2003, no primeiro governo Lula, as viúvas da direita vêm recorrendo a esse argumento. Se não fossem as políticas sociais implementadas ao longo desses anos, o país estaria na mesma situação — ou pior: com uma população sem escolaridade, sem salário mínimo digno, sem creches, sem luz na zona rural, sem vacinas, sem atendimento médico nas regiões mais distantes, sem acesso às universidades federais, cozinhando em fogão a lenha, sem empregadas domésticas viajando para a Disney, e com aposentados tratados como vagabundos.

    Esse é o discurso da direita: “vamos esperar crescer para depois distribuir”. Mas essa distribuição nunca chega. Eles são egoístas — basta ler esse texto! Não querem que o dinheiro público seja destinado a programas sociais, o que evidencia a mesquinhez dos conservadores. Esquecem que, antes da esquerda ser conduzida ao poder pela escolha popular, era a direita quem governava — e, em um período bem menor, o país quebrou duas vezes.

    O nobre articulista também se esquece de que o orçamento secreto e as emendas PIX são artimanhas de partidos de direita, que retiram do governo a capacidade de aplicar recursos dentro de um planejamento. Esses recursos são enviados a prefeituras de cidades do interior, onde acabam sendo usados em farras com políticos locais. Quem não se lembra da farra das bíblias, das dentaduras, do leite condensado, do viagra e de tantas outras?

    Antes de atacar as políticas sociais — que são necessárias e urgentes (quem tem fome, tem pressa; quem está desempregado, tem pressa; quem mora na rua, tem pressa) — o cidadão precisa é fiscalizar a malversação do dinheiro público, coisa que as políticas sociais não representam.

  2. joao onofre alves disse:

    concordo plenamente com a narrativa

  3. FABIANA CANGUSSU SILVA MACHADO disse:

    Perfeito,e a ignorância e o analfabetismo pricipalmente no norte e nordeste continuarão elegendo o pai das esmolas

  4. João Batista de Almeida disse:

    Bom dia primo!

    Justamente!

    Pura realidade!!

  5. verlania disse:

    Vou dar uma dica… Quando gerar um texto com I.A remova pelo menos o caractere “—” que entrega de bandeja a origem do texto. Esse caractere sequer existe no teclado!

  6. RIVELINO LIBERALINO disse:

    Verlania ,minha querida,

    Venho de uma geração totalmente analógica. Já beiro os sessenta. Liguei com fichas telefônicas, escrevi e recebi cartas que viajavam dias no correio, carregando a esperança no envelope — principalmente quando eram para minha esposa, ainda no tempo do namoro. Enrolei fita cassete com caneta Bic, porque não havia CD, nem streaming, nem facilidade alguma.

    Minha geração sucumbiu durante a pandemia e com o advento do processo eletrônico — muitos ficaram pelo caminho, alijados da advocacia. Eu permaneci. Aprendi a lidar com o novo sem perder o que sou. Sei que vivemos tempos líquidos, como bem disse Bauman: tudo se questiona, até o amor e a confiança. Num mundo onde a aparência substitui a essência, é natural que as pessoas desconfiem até daquilo que é genuíno.

    Mas, veja, se você procurar os textos assinados como Rivelino Liberalino, vai perceber que, salvo alguns artigos políticos, a grande maioria é justamente uma crítica à alienação contemporânea, à superficialidade das redes, à falta de empatia e à dissolução da humanidade.

    Sou um homem de letras e de alma. Aprimorei a escrita para dialogar com novas gerações — inclusive fiz curso de redação voltado à comunicação intergeracional, porque hoje nos tribunais, nas universidades e na sociedade, convivem quatro gerações distintas. Precisei aprender a falar com todas elas.

    Conto, inclusive, com a revisão de minha filha caçula, que tem um olhar crítico e atento, e com o auxílio de meu filho, que, com seus recursos tecnológicos, audita meus textos com ferramentas que identificam plágio e escrita automatizada. Faço isso para garantir credibilidade, porque respeito o leitor ,o ofício da palavra e o espaço de publicação.

    Portanto, fique tranquila: o que escrevo nasce de mim — da experiência, da observação, da dor e da esperança. É o que sou e o que vivi.

  7. Kelly Almeida Figueiredo disse:

    Excelente texto.
    Descreve a realidade atual do Brasil.
    Custo acreditar que o presidente ainda vai concorrer a nova eleição.
    Parabéns pelo texto.

  8. Kelly Almeida Figueiredo disse:

    Excelente texto.
    Descreve a realidade atual do Brasil.
    Custo acreditar que o presidente ainda vai concorrer a nova eleição.
    Parabéns pelo texto.

  9. Edson Figueiredo disse:

    Texto fantástico, perfeitamente encaixado a nossa realidade, com destaque para o seguinte comentário:
    “fórmula do populismo: distribuir o que não se tem, endividar o futuro e culpar os outros quando a conta chega”, resume o atual desgoverno.
    Parabéns, Rivelino!

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