Leite de jumenta ganha espaço no Brasil e atrai mercado internacional

por Carlos Britto // 31 de dezembro de 2025 às 10:00

Foto: Reprodução

O leite de jumenta tem ganhado destaque na pecuária brasileira e despertado interesse no mercado internacional por suas propriedades nutricionais e funcionais. Rico em proteínas, vitaminas e com baixo potencial alergênico, o produto vem sendo cada vez mais procurado, especialmente para uso alimentar e terapêutico.

No exterior, o leite de jumenta possui alto valor agregado. Em alguns países da América do Sul, o litro pode custar cerca de 25 pesos argentinos, enquanto na Europa os preços podem chegar a 45 euros. O principal apelo está no uso para crianças com intolerância à proteína do leite de vaca e para consumidores que buscam alimentos funcionais.

Segundo o professor de Medicina Veterinária da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), Gustavo Carneiro, o leite de jumenta reúne características nutricionais e imunológicas únicas. “O produto tem grande potencial no mercado nacional e internacional, especialmente para crianças com intolerância à proteína do leite de vaca”, destaca. Para o pesquisador, o crescimento desse nicho pode representar aumento de renda para pequenos produtores e o fortalecimento de novas cadeias produtivas no meio rural.

Além da alimentação, o leite de jumenta também vem sendo utilizado pela indústria cosmética. Rico em vitaminas A, B1, B2, C e E, além de minerais e compostos bioativos, o produto contribui para a hidratação e regeneração da pele. Cremes, sabonetes e loções produzidos com a matéria-prima brasileira já começam a chamar atenção de consumidores na Europa e na Ásia.

A asininocultura também apresenta potencial para a indústria farmacêutica e para a economia circular. A pele do animal é utilizada na produção de biofármacos, colágeno e gelatina, enquanto resíduos da atividade podem ser reaproveitados na produção de biogás e adubo. O setor ainda vislumbra oportunidades no turismo rural, com experiências ligadas à produção artesanal.

Pesquisas desenvolvidas na Universidade Federal do Agreste de Pernambuco (Ufape), em Garanhuns, estudam o uso do leite de jumenta para bebês internados em UTIs neonatais. De acordo com o professor e pesquisador Jorge Lucena, o processo segue rigorosos protocolos sanitários. “Trabalhamos com rebanho controlado, boas práticas de ordenha e pasteurização. A previsão é que os testes finais para uso em humanos ocorram em breve”, explica.

A expectativa é que, até 2026, o leite possa ser utilizado de forma segura em UTIs pediátricas de hospitais pernambucanos. Com o avanço das pesquisas e o aumento da demanda, a asininocultura desponta como uma alternativa sustentável, inovadora e com alto valor agregado para o agronegócio brasileiro. (Fonte: A Tarde)

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  1. Faltou o meu amigo Borges. Infelizmente falecido.