Estudantes da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) conquistaram um reconhecimento internacional ao receber o ARISS SSTV Award, certificado concedido pelo programa Amateur Radio on the International Space Station (ARISS). A premiação é destinada a participantes que conseguem captar e decodificar imagens transmitidas diretamente da Estação Espacial Internacional (ISS) por meio da tecnologia de Televisão de Varredura Lenta (SSTV).
A conquista ocorreu durante o desafio ARISS SSTV, realizado entre os dias 5 e 13 de dezembro. Ao todo, foram disponibilizadas 12 imagens enviadas do espaço, e os estudantes da Univasf conseguiram captar uma delas, garantindo o certificado de reconhecimento. Participaram do desafio os estudantes de Engenharia da Computação Vinícius Reis de Lemos, do 10º período, e Rafael Hernanni Medeiros Silva, do 9º período, além do mestrando em Ciências da Saúde e Biológicas Roberto Vítor Lima Gomes Rodrigues. Embora o trabalho de recepção tenha sido feito em equipe, a submissão das imagens é individual. Nesta edição, Lemos e Rodrigues conseguiram validar a imagem captada e receberam a certificação. Lemos, inclusive, já havia sido premiado anteriormente, no início do ano, após decodificar imagens inéditas em outro desafio do programa.
Para conseguir a captação, os estudantes utilizaram softwares de código aberto voltados ao rastreamento de satélites, como Gpredict, Look4Sat e Spot The Station. As ferramentas permitem calcular informações essenciais, como trajetória orbital, tempo de passagem, velocidade e distância do satélite. O processo exige precisão e rapidez. O satélite utilizado no desafio se desloca a cerca de 27.600 quilômetros por hora, o que reduz a janela de recepção para aproximadamente três minutos. Nesse intervalo, a transmissão completa de uma imagem leva, em média, um minuto e meio.
“Foram momentos intensos apontando as antenas para o céu, dia e noite, procurando pelo satélite. Investimos horas de planejamento para mapear sua trajetória, deslocamentos até o local com melhor recepção para a captura, testes com antenas variadas e aquela montanha-russa de emoções quando finalmente conseguíamos o sinal e, de repente, ele desaparecia, parecendo escapar por entre nossos dedos”, relatou Vinícius. Após a recepção, as imagens são enviadas para a galeria oficial do ARISS, onde passam por validação técnica. A organização cruza dados de horário e localização informados pelos participantes com os registros da transmissão. Com a confirmação, o certificado é emitido com numeração exclusiva.
Experiência
O programa ARISS é aberto ao público, inclusive para pessoas sem licença de rádio amador, classificadas como SWL (Shortwave Listening), categoria autorizada apenas a receber sinais. No Brasil, no entanto, a operação de equipamentos de rádio VHF ou UHF exige certificação específica da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Vinícius Lemos possui a habilitação necessária após aprovação em prova aplicada pelo órgão. Para o estudante, a experiência vai além do certificado. “É uma forma de mostrar como o desenvolvimento e a aplicação dessas tecnologias impactam diretamente o nosso dia a dia e a maneira como vivemos, já que a maioria dos dispositivos que utilizamos depende de dados transmitidos por ondas de rádio”, concluiu.


