Lideranças políticas e agricultores familiares do Sertão pernambucano cobraram a inclusão do projeto do Ramal do Entremontes – nova etapa da transposição do Rio São Francisco – dentro do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo federal. As reivindicações foram apresentadas durante recente audiência pública da Comissão de Agricultura da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe).
A construção do ramal entre o eixo norte da transposição, em Salgueiro (Sertão Central), até o açude de Entremontes, em Parnamirim, na mesma região, tem um custo estimado de R$ 2 bilhões. A tubulação vai passar pelos municípios de Terra Nova e Serrita.
A obra deve perenizar, ainda, a bacia do Rio Brígida, ajudando no abastecimento de outros municípios próximos, como Orocó, Granito, Exu, Moreilândia e Ouricuri.
Desenvolvimento
Representantes de municípios dessas regiões destacaram que as águas da transposição do São Francisco passam por Pernambuco sem que localidades vizinhas possam utilizar essas águas. E que isso poderia ajudar no desenvolvimento de agricultura, indústria e criação de peixes na região.
“O Ramal do Entremontes será a transformação dessa região. Tanto para o abastecimento humano como para a irrigação. Com ele, a região será uma nova Petrolina, uma nova Califórnia”, declarou o vice-prefeito de Parnamirim, Nivaldo Mendes. Ele avalia que falta apenas vontade política para a viabilização da obra. “O que tá faltando é a gente se unir e ir a Brasília para pedir ao presidente Lula uma atenção especial para que essa obra aconteça de verdade”, afirmou.
Os representantes da região apontaram que a obra já teve sua viabilidade técnica atestada dentro do Ministério da Integração Nacional, e que o momento é de mobilização para que seja priorizada dentro do orçamento federal.
Frente parlamentar
Representante do Governo do Estado, o gerente de Planejamento Estratégico Sustentável da Secretaria de Meio Ambiente, Fábio Barros, deu apoio à reivindicação. Ele salientou, ainda, que métodos modernos de irrigação diminuem o consumo de água, e diminuem o impacto ambiental desse tipo de projeto, o que deve facilitar o licenciamento da obra.
As lideranças presentes também cobraram o empenho do governo do Estado para viabilizar a obra. Esse ponto foi reforçado pelo presidente da Comissão de Agricultura, deputado Luciano Duque (SD). “A cada período de planejamento estratégico do governo federal, os governos estaduais sugerem quais são as obras importantes. A Alepe se coloca à disposição nessa luta para que o Ramal do Entremontes entre nessa lista e se transforme numa realidade”, disse.
“Nós não podemos mais ver a água passar por Pernambuco indo para Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará, enquanto nós não somos beneficiados por um projeto estruturante como a transposição”, complementou. Duque informou, ainda, que irá pedir a criação de uma frente parlamentar dedicada ao Ramal do Entremontes. Segundo o deputado, a frente deverá começar a atuar a partir de fevereiro do ano que vem, com o retorno das atividades parlamentares.
