Artigo do leitor: “Cimbres, onde o céu tocou o chão de Pernambuco”

por Carlos Britto // 27 de outubro de 2025 às 21:20

Foto: divulgação

Neste artigo, o leitor Rivelino Liberalino relata uma experiência religiosa inesquecível no Interior de Pernambuco. Confiram:

Sempre que eu passava pela frente de Pesqueira e meus olhos se encontravam com a imagem de Nossa Senhora das Graças, algo em mim se movia.

Não era um sentimento comum. Era uma vibração silenciosa, uma respiração diferente do ar, uma presença que pairava e me fitava de volta, como se o invisível me chamasse pelo nome.

Como bom católico, formado na reverência e na fé que herdei dos meus avós maternos, fazia o sinal da cruz, como o soldado que reverencia o seu general antes da batalha.

Mas aquela imagem era diferente.

Ela me deixava uma interrogação na alma, um eco, um chamado que eu ainda não sabia traduzir, mas que me acompanhava estrada adentro.

Passei por muitas outras imagens em tantas estradas: São Cristóvão, na entrada de Jaguarari, pequenas capelas brancas perdidas no meio do nada, santos guardiões que vigiam o sertão.

Mas nenhuma falava tão fundo quanto aquela. Nenhuma me olhava de volta com tanta ternura e mistério.

Até que, em julho deste ano, a convite de minha esposa, participei de um evento em Santa Cruz da Venerada, onde celebrava o Frei Gilson.

Ali vivi uma experiência de consagração tão intensa, tão viva, que dela brotou um artigo e um novo olhar sobre a fé.

Depois disso, recebi outro convite, vindo de uma alma boa e antiga, uma filha da terra: Dalvani, um anjo disfarçado de mulher, conduzida por Deus.

Ela nos chamou para um retiro espiritual em dois lugares que parecem existir entre o céu e a terra, o Santuário de Cimbres e a Terra da Misericórdia.

 Mesmo adoentado, com recomendações médicas para não viajar, obedeci à voz que soprava dentro de mim.

E fui.

Fui junto de minha esposa, em corpo e fé.

E lá, naquele chão sagrado, fui recebido não por pessoas, mas por presenças.

Em Cimbres, deparei-me com o sagrado vivo.

Com o pão partilhado, o café dividido, as orações misturadas à poeira das estradas, a comunhão entre as dores humanas e a esperança que insiste em florescer, mesmo no chão seco do sertão.

Soube ali que Nossa Senhora das Graças aparecera em 1936, em nosso Pernambuco, assim como em Fátima, La Salette e Lourdes.

E, como nas outras aparições, ela se revelou a adolescentes, corações puros, inocentes, sem vaidade, capazes de ouvir o que o mundo adulto esqueceu como se ouve.

Uma dessas meninas tornou-se freira e fez voto de silêncio por cinquenta e um anos.

Rompeu esse silêncio apenas quando, já doente e desenganada pela medicina, acometida por um câncer metastásico, retornou a Cimbres e, em lágrimas, pediu a Nossa Senhora a graça da cura.

E foi curada.

Desde então, os milagres se multiplicaram.

A fé brotou como uma fonte viva que ninguém mais pôde deter.

Vi idosos subindo as escadarias com o corpo cansado e o espírito em fogo.

Vi mães conduzindo filhos enfermos, irmãos carregando irmãos.

Vi lágrimas que lavavam a alma.

E ali, naquele instante, eu também fui tocado.

Cheguei doente.

Saí curado.

Não por espetáculo, mas por um toque silencioso da graça, como o vento que passa e a alma reconhece.

Pedi de joelhos e fui ouvido.

Mas também vi o contraste entre o sagrado e a pequenez humana.

A fonte que brotou da rocha, sinal da presença divina, logo se viu cercada por mãos que vendiam a água que deveria ser dom.

O homem, mesmo diante do milagre, insiste em transformá-lo em mercadoria.

É o drama de sempre: o céu oferece e a terra tenta possuir.

Depois seguimos para a Terra da Misericórdia, um lugar onde até as pedras parecem rezar e o vento sopra como oração.

Lá, o Padre José Mário, de Santa Cruz da Venerada, conduziu a adoração ao Santíssimo e a Via Sacra com uma força tão doce que fez cada um de nós entender quantas vezes ainda crucificamos Jesus — não com pregos, mas com omissões, vaidades e egoísmos.

Conheci também o Padre Adilson, homem de fé vigorosa, que entende o risco da glória e o peso da vaidade.

Vigia, ora e se entrega, como quem sabe que até a santidade precisa de vigilância constante.

Vi ali a verdadeira partilha: o pão, o olhar, o abraço, o silêncio.

Vi o divino refletido na simplicidade humana.

E, por isso, ouso, com humildade e fé, fazer um pedido:

ajudem essas terras sagradas.

Ajudem Cimbres e a Terra da Misericórdia, onde um povo cansado encontra consolo, onde os feridos reencontram sentido, onde o céu parece descer para curar o chão rachado do sertão.

Não é só caridade.

É religação.

É permitir que os outros vivam o que muitos vivenciaram, inclusive este subscritor.

O encontro com a fé viva,

a fé que cura,

a fé que restaura,

a fé que, mesmo silenciosa,

ainda move montanhas.

Rivelino Liberalino/Advogado

 Nota do Autor: Este texto contém IA — Inteligência da Alma. Foi escrito com o que ainda resta de humano quando o mundo se torna máquina. Aqui, os algoritmos são do coração. E, se há código, foi traçado por lágrimas, por fé e por esperança.

Artigo do leitor: “Cimbres, onde o céu tocou o chão de Pernambuco”

  1. Tarciana Torres disse:

    Você, sempre extraordinário em expressar tudo que lhe toca a alma
    Parabéns, meu amigo! E que o Divino esteja sempre com você.

  2. Cilene Tavares disse:

    Você é incrível, obrigada por tanto carisma, tanto amor e esse olhar tão sincero que tem pela vida e simplicidade com outro.

  3. Rivelino um ser de luz,com dom de tocar o mas profundo de nossa alma.

  4. Gessemara Rodrigues disse:

    Belíssimo relato de uma experiência que com certeza ficará marcada na alma e no coração! 👏🏻A utilização desse tipo de IA ( que só os fortes conseguem usar) só reforça que a essência humana ainda pode resistir ao avanço da tecnologia 👏🏻👏🏻👏🏻

  5. Egnaldo Tavares de Souza disse:

    Que relato extraordinário, muita fé e devoção.

  6. Branca disse:

    Não o conheço, mas muito obrigada pelo relato de vida, seus textos são maravilhosos, sempre leio-os.

  7. Ner Tavares disse:

    👏👏👏👏👏

  8. Dalvani disse:

    Que alegria contagiante meu irmão na fé. Deus não se deixa vencer em generosidade, Ele honra nossa fé. Como falei em algum momento retiro é retirar-se do meio do barulho, das muitas vozes do mundo, para no silêncio, escuta-lo, deixar que Ele nos toque, nós cure, nós apague com amor de Pai.

    Fico muito grata a vc pelas suas palavras, mais tenho absoluta certeza que sou só mais um instrumento de Deus, assim como esse seu testemunho, quantas almas irão tocar, quantas almas irão despertar. Essa é a forma de sermos os braços, as pernas, a boca e a voz de Deus chegando onde não podemos para tocar os corações sedentos de Deus..

    Gratidão, pelo seu testemunho, pela grandiosidade de pessoa que vc é. Deus te abençoe com tua esposa e teus filhos poderosamente.

  9. Dalvani disse:

    Rivelino, aquele que escolhe Deus todos os dias, que se decide pelo bem, que semeia a boa semente, é um escolhido por Deus a semear no solo da existência humana, somos semeadores, ninguém vem a esse mundo por acaso, e Deus tem te tocado para que tu toque outros corações com o Evangelho da vida, com teu testemunho, com teu bom exemplo, de Pai, esposo e do profissional que és, a nossa recompensa vem do céu, somos peregrinos por aqui, e como tais devemos viver como bons cidadãos, para sermos cidadãos do céu. Que Deus te abençoe e te recompense por ser tão humano que se une ao divino e ser sal e luz na vida de teus semelhantes.

    Agradeço por me citar, e reconheço sou apenas um instrumento frágil que Deus se serve E digo, Senhor eis me aqui! Obrigada Rivelino, vc é um ser humano bem aventurado.

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