Os brasileiros gastaram R$ 22,8 bilhões em viagens nacionais com pernoite em 2024, um crescimento de 11,7% em relação a 2023, segundo a edição especial sobre turismo da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, divulgada pelo IBGE nesta quinta-feira (2). Apesar do aumento nos gastos, o número de viagens se manteve estável, em 20,6 milhões.
O levantamento indica que os nordestinos foram os que mais gastaram com viagens. O gasto médio por pessoa na região ficou em R$ 2.523, acima da média nacional de R$ 1.843. Entre os estados com maior gasto médio, todos estão no Nordeste: Alagoas: R$ 3.790, Ceará: R$ 3.006 e Bahia: R$ 2.711.
De acordo com o analista da pesquisa, William Kratochwill, o aumento do gasto médio se deve a viagens mais longas e com custos mais altos por pessoa. “Pode ser o tipo de viagem, mais longa, de fato houve aumento no custo médio por pessoa”, explica.
No Nordeste, a pesquisa também aponta que os viajantes buscam destinos dentro da própria região. Dos 19,9 milhões de viagens nacionais, 80,9% tiveram a mesma região como origem e destino, como uma viagem de um nordestino para outro estado do Nordeste.
Quanto à renda, o estudo mostra que o gasto com viagens está diretamente ligado à capacidade financeira das famílias. Domícilios com rendimento mensal por pessoa inferior a meio salário mínimo gastaram, em média, R$ 802, enquanto famílias com renda a partir de quatro salários mínimos chegaram a R$ 3.032.
“É uma relação clara entre renda e turismo: famílias com menor poder aquisitivo viajam menos. Apenas 10,4% dos domicílios com renda inferior a meio salário mínimo registraram algum viajante, enquanto nas famílias com renda de quatro ou mais salários mínimos o percentual sobe para 45,7%”, comenta Kratochwill.
Fatores
Entre os motivos para não viajar, a falta de dinheiro lidera: 39,2% dos brasileiros apontaram esse fator, enquanto 19,1% alegaram falta de tempo e 18,4% declararam não ter necessidade. Entre famílias com menor renda, 55,3% apontaram a falta de recursos como principal barreira.
A pesquisa detalha ainda que o Nordeste, por ser um destino turístico atrativo, concentra os Estados com maiores gastos médios. Além de Alagoas, Ceará e Bahia, a região se destaca pelo aumento no custo médio diário, que ficou em R$ 268 por pessoa, acima dos valores de 2023 (R$ 253) e 2021 (R$ 243).
Com base nesses dados, o IBGE reforça que, embora o número de viagens tenha se mantido estável, o aumento nos gastos reflete um turismo mais intenso e mais caro, especialmente no Nordeste, consolidando a região como um dos principais polos de lazer e consumo turístico do país. (Fonte: Agência Brasil)


