O avanço da desertificação em áreas sensíveis do Nordeste compromete a integridade ecológica da caatinga. A perda de cobertura vegetal, o uso intensivo do solo e a escassez hídrica afetam diretamente a biodiversidade e os serviços ambientais essenciais do bioma – como o sequestro de carbono, o equilíbrio climático e a fertilidade do solo. Proteger a caatinga e estimular práticas de convivência sustentável são ações estratégicas que ganharam novo impulso com as recentes iniciativas da Sudene voltadas ao desenvolvimento sustentável.
Um dos destaques é a série especial “Lições da Caatinga”, disponível no site da Autarquia. Em formatos variados – matérias especiais, podcast, infográficos, ferramentas interativas e vídeos – o conteúdo constrói uma percepção cada vez mais compartilhada: a de que a caatinga, único bioma exclusivamente brasileiro, é um ecossistema vibrante, fundamental para o combate ao aquecimento global e fonte de insumos valiosos para diversas cadeias produtivas.
Entre os principais eixos do projeto está a escuta ativa da população, realizada por meio de um formulário online que recebe propostas, experiências bem-sucedidas e sugestões práticas para o enfrentamento da desertificação e a formulação de políticas públicas voltadas à preservação da Caatinga. A iniciativa integra a política institucional da Sudene de estimular a participação cidadã como ferramenta para fortalecer as estratégias de proteção ambiental na região. Qualquer pessoa pode contribuir com ideias acessando o formulário no portal da Sudene.
As contribuições reunidas serão organizadas em um banco de práticas e percepções sociais, que subsidiará novos produtos informativos, propostas técnicas e ações articuladas com os estados. A escuta digital se soma a mobilizações presenciais promovidas em diversos territórios, compondo um ciclo de diálogo contínuo voltado à atualização dos planos estaduais de combate à desertificação.
Políticas públicas
Outra medida estruturante liderada pela Sudene é a atualização desses planos estaduais, cuja etapa piloto foi iniciada na última semana. Os seminários técnicos marcam o início de uma jornada itinerante por outros estados do Nordeste, com o objetivo de reativar o debate social e técnico sobre a desertificação e levantar insumos fundamentais para uma nova geração de políticas públicas. A proteção à caatinga está entre os principais focos desse processo.
“A caatinga ocupa uma posição central nas discussões sobre desertificação. O processo de revisão desses planos tem priorizado ações para sua conservação, com destaque para estratégias como o recaatingamento, o fortalecimento das comunidades tradicionais e a promoção de práticas agroecológicas”, explicou o professor adjunto e coordenador do Colegiado de Geografia da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), Sirius Souza, responsável pela condução da iniciativa no Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte, por meio da parceria com a Sudene. Os eventos também ocorrerão em Pernambuco, Sergipe, Piauí, Maranhão e Alagoas.


