Artistas e produtores culturais de Juazeiro receberam com profunda indignação e frustração o anúncio do cancelamento do edital Cultura Viva pela Prefeitura Municipal. Segundo um artista local, a decisão causou surpresa e descrédito, especialmente por ter ocorrido após uma longa espera e todo o empenho dos grupos contemplados, que cumpriram rigorosamente todas as etapas do processo, reunindo documentos, participando de reuniões e submetendo seus projetos dentro das regras estabelecidas.

Ainda segundo ele, a Lei Aldir Blanc 2, criada para garantir acesso à cultura e fortalecer os trabalhadores do setor após os impactos da pandemia, destinou recursos para municípios como Juazeiro investirem na arte local. Contudo, 76% desses valores foram usados pela gestão anterior quase exclusivamente para o Carnaval 2024 uma aplicação criticada e denunciada por artistas e produtores locais. Mesmo diante disso, a nova gestão foi cobrada para agir com ética e responsabilidade na aplicação do que restou, o que gerou esperança com o lançamento do edital.

No entanto, apesar do pagamento estar previsto para junho, o que se viu foi silêncio e desrespeito. Em uma reunião-surpresa, os contemplados foram informados do cancelamento do edital, sob a alegação de interferência da Secretaria de Cultura.

“Essa é a equipe técnica prometida na campanha? Por que os grupos culturais que trabalham com tanta dificuldade serão mais uma vez penalizados? Nosso esforço e dedicação valem o quê? Somos vistos como vagabundos que devem trabalhar sem remuneração?” questionou.

Ele também denuncia a ausência do secretário de Cultura, que, segundo relatos, esteve fora do município durante todo o mês de junho, sem dar respostas claras à classe artística. Enquanto isso, questiona-se se os funcionários da Secretaria continuaram recebendo seus salários, enquanto os artistas que cumpriram todas as etapas do processo enfrentam o que chamam de “calote institucional”.

“Se antes tínhamos uma gestão que usava mal os recursos, agora temos uma que nem consegue utilizá-los. Os valores da Lei Aldir Blanc estão parados na conta há mais de um ano. Quem se beneficia dessa omissão? A quem interessa engavetar a cultura? Juazeiro tem uma classe artística ativa, que constrói diariamente a identidade, a memória e o futuro da cidade. Não somos amadores, somos trabalhadores que merecem respeito,” declarou.

O artista ainda afirmou que a classe não vai aceitar o descaso e a negligência da gestão pública diante de um setor tão importante. “Não foi para isso que votamos. Não foi para isso que defendemos sua eleição. Exigimos o pagamento imediato dos projetos aprovados, transparência, respeito e compromisso com a cultura de Juazeiro. A cultura resiste, exige e vai cobrar,” completou.

Encaminhamos a demanda para a Prefeitura de Juazeiro e aguardamos um posicionamento oficial sobre a situação.