Neste artigo, Rivelino Liberalino faz uma crítica contundente à atual era da informação abundante. O autor destaca a facilidade de acesso ao conhecimento por meio da tecnologia, mas lamenta que muitos optem por cegueiras ideológicas, adotando posições políticas sem reflexão e transformando ideologias em identidades fanáticas
Confiram:
Nunca se teve tanto acesso à informação — e, paradoxalmente, nunca se viu tamanha ignorância voluntária. Vivemos um tempo curioso: enquanto a tecnologia ilumina os cantos mais escuros do saber humano, multidões preferem apagar a própria razão em nome de paixões políticas rasas, torcidas cegas e slogans pré-fabricados.
Houve um tempo em que o saber era luxo. Enciclopédias repousavam como relíquias nas estantes das famílias abastadas. Hoje, o conhecimento transborda: o Google responde, a inteligência artificial explica, e tudo está — literalmente — na palma da mão. Mas o que falta? Falta coragem de ver. Falta lucidez. Falta empatia. Falta responsabilidade com a própria liberdade.
Dói ver pessoas inteligentes, bem formadas, com acesso a tudo isso, levantarem bandeiras sem sequer saberem o que essas bandeiras significam. Não me refiro ao direito de pensar diferente, mas ao dever de pensar com profundidade. Quando a ideologia é adotada como identidade cega, sem reflexão, vira fanatismo — e o fanatismo, como nos ensinou Saramago, é apenas outra forma de cegueira.
No “Ensaio sobre a cegueira”, o Nobel português nos mostra o que acontece quando uma sociedade perde a visão — não dos olhos, mas da alma. O que sobra é o instinto, o egoísmo, a bestialidade. A “cegueira branca” não é ausência de luz: é excesso que cega. E assim, sob o pretexto de “progresso”, muitos já não enxergam a banalidade do mal, nem a destruição silenciosa da liberdade.
Como explicar que tantos hoje romantizem regimes que o mundo inteiro já viu falharem tragicamente? Como aplaudir ditaduras disfarçadas de justiça social? Como defender modelos que encarceraram homossexuais, exterminaram minorias, silenciaram a fé e apagaram o indivíduo?
Na Rússia de Stálin, padres, camponeses, artistas e gays foram perseguidos e mortos em nome da revolução. Em Cuba, homossexuais foram enviados a campos de reeducação, e opositores sumiram nas masmorras. Até o Hamas, idolatrado por certos círculos progressistas, promove perseguição brutal à comunidade LGBTQIA+, em nome de sua visão extremista de mundo.
É irônico: muitos que bradam por diversidade e inclusão aqui, aplaudem regimes que, historicamente, sufocaram justamente aquilo que dizem defender.
Os que conhecem a história sabem: o comunismo não é a utopia dos justos, mas a distopia dos ingênuos. Um modelo que troca o indivíduo pelo Estado, a liberdade pela doutrina, e a humanidade pela engrenagem. Como disse Ferreira Gullar, que um dia acreditou nesse sonho: “o socialismo real se mostrou uma tragédia”.
E não foi só ele. Jorge Amado, Carlos Heitor Cony, Roberto Campos, Dostoiévski, e até o próprio Luiz Carlos Prestes se afastaram quando viram o monstro por trás da fábula. Muitos foram idiotas úteis, como disse (ou teria dito) Lênin — aqueles que, sem saber, ajudam a pavimentar o caminho do autoritarismo com boas intenções.
Mas a história também mostra que há os que acordam, os que abrem os olhos. E é por esses que escrevo.
Não estou aqui para impor verdades. Estou aqui para convidar à lucidez. Para lembrar que o Brasil não é um time. Que não é Lula contra Bolsonaro. Que a democracia não é uma arquibancada. Estamos brincando de política enquanto a liberdade escorre por entre os dedos.
A Lava Jato mostrou como o poder, quando não vigiado, se apodrece. E foi sepultada sob aplausos dos que deveriam defendê-la. Não por falta de provas — que eram abundantes — mas porque a cegueira venceu a decência.
Neste mundo de vozes, o silêncio da razão é o que mais assusta. Por isso, não me calo. E se minha pena incomoda, que bom. Que continue a incomodar. Porque escrever, hoje, é também resistir.
Como disse meu irmão de alma , Dr. Luiz Gonzaga Granja, em um gesto de bálsamo que me arrancou da tristeza: “Não jogue a toalha. Sua pena é mais forte que a espada.”
E é com essa pena — enraizada na verdade e na lucidez — que sigo.
Fronte erguida. Olhos abertos. Fé inabalável.
Rivelino Liberalino



Com certeza Dr Rivelino, a cegueira venceu a decência.
Meu menininho de outrora tornou-se um HOMEM gigante e manteve a doçura, a elegância, os modos, a sensível educação herdada, a simplicidade, a decência, a rara honestidade para si e para com os outros, o respeito as suas origens, a leveza do espírito mesmo quando nos convoca para a reflexão sobre a dura realidade da sociedade contemporânea: narcisista, egoísta, apática “a dor e bárbaro castigo” do semelhante, alienada, sem freios, sem ética, sem ouvidos e sem olhos para as evidências febris dos INDISCUTÍVEIS, INEQUÍVOCOS, intoleráveis, inaceitáveis abusos de poderes da suposta LEI CONSTITUIDA, aplicada e REINVENTADA pelos nossos TOGADOS em conluio com este desgoverno sem moral Cívica, desonesto, irresponsável, inconsequente, criminoso em suas ações. Ao meu menininho, hoje eminente ADGOGADO, deixo o meu mais carinhoso abraço e meus votos de que sua VERVE profícua venha sempre em socorro do nosso povo e País atolado em um mar de lama, de iniquidades. AO meu eterno menininho de “Carlin de Florismundo”, meu mais profundo respeito pelo GRANDE HOMEM que se tornou. Alegria sem fim para mim.
Excelente texto Rivelino! Uma pena nossa sociedade ter ficado tão cega e decadente. Mesmo na era da informação.
O que Gonzaga vc enxerga isto! E como faz política para apior espécie de político que tem na face da terra Lula o pior 🐀 🐀 🐀 da nação, liberado pelo supremo para querer nos torna comunista, a corrupção tomou conta da nação de novo tá de brincadeira né.
Quem abre os olhos de verdade enxerga abusos e absurdos dos “dois lados”. No seu texto, vc só expõe um lado.
Me parece ser mais um dos tantos cegos voluntários que preferem a torcida, só tá disfarçando com palavras bonitas.
Amigo Carlos Brito,bom dia!
Que fantástico essa análise, através desse texto do Dr Rivelino, grande autodidata!
Desejo que todos leiam para uma compreensão melhor dessa tecnologia IA, que tanto engana, não só crianças e adolescentes mas, os adultos também!
Parabéns,Rivelino!
Parabéns, Blog Carlos Brito!
Abraços!
Querido, entendo sua reação — de verdade. Às vezes, quando um texto nos inquieta, não é necessariamente por ser injusto, mas por tocar em algo que a gente talvez ainda não tinha parado para olhar com calma.
Você mencionou a importância de enxergar “os dois lados”. E sim, isso é essencial. Mas veja: em sua resposta, não houve contestação dos fatos, apenas uma impressão — de que estou “disfarçando com palavras bonitas”.
Talvez o tom lhe pareça florido, mas foi intencional. Porque há dores que só se revelam com delicadeza. Escrevo com palavras firmes, sim — mas nunca para ferir. Escrevo para despertar.
O texto não é um ataque, nem um panfleto. É um convite. Um chamado suave à lucidez. À reflexão sem trincheiras. A enxergar o mundo não como um campo de torcida, mas como um espaço onde pensar por si mesmo é o maior ato de liberdade.
Se isso gerou incômodo, talvez seja porque, lá no fundo, há algo que já estava querendo acordar.
E tudo bem. Pensar dói um pouco no começo. Mas é esse incômodo que nos faz crescer.
Com carinho e respeito