Hormônios: é possível transmitir para crianças?

por Carlos Britto // 23 de julho de 2025 às 11:30

O contato pele a pele é uma parte importante dos cuidados com recém-nascidos e traz benefícios à saúde do bebê. Um caso raro ocorrido na Suécia chamou a atenção de médicos após uma bebê de 10 meses apresentar alterações na genitália ao ter contato direto com um produto à base de testosterona em gel usado pelo pai. Este é um medicamento comum para auxiliar os homens a combater a baixa energia e a diminuição da libido.

Segundo o médico do Núcleo GA, Luís Henrique Nunes, quando um adulto faz o uso de hormônios, especialmente testosterona em gel ou cremes transdérmicos, há o risco de transferência cutânea acidental, principalmente se a pele não estiver totalmente seca ou se houver contato físico imediato após a aplicação. “Isso pode levar a uma exposição involuntária da criança a hormônios que seu organismo ainda não está preparado para processar. Essa exposição pode interferir no desenvolvimento hormonal infantil, podendo causar sinais de virilização precoce, como aumento de pelos, acne, odor corporal e até aumento de genitália externa, dependendo da dose absorvida”, explica.

No caso da bebê de 10 meses, com o passar do tempo, os pais perceberam que havia algo diferente. O clitóris da criança aumentou de tamanho e os lábios vaginais começaram a se fechar, o que motivou a busca por atendimento médico. Após exames, os especialistas constataram que a exposição ao hormônio foi a causa das alterações. “Esses sinais devem levar os pais a procurar imediatamente um médico, pois podem indicar uma exposição inadvertida a hormônios androgênicos, o que pode interferir no desenvolvimento normal da criança”, alerta Luís.

Ao receber o diagnóstico, os pais passaram a realizar os cuidados necessários e a criança parou de ser exposta acidentalmente ao gel de testosterona, revertendo os efeitos causados. Luís Henrique faz algumas recomendações para minimizar os riscos de exposição acidental. “Para quem faz uso de testosterona em gel ou creme, é essencial aguardar a completa absorção e secagem do produto antes de vestir roupas ou ter contato com outras pessoas, principalmente com crianças. O ideal é evitar o contato direto da pele com os pequenos por pelo menos 2 a 4 horas após a aplicação”, orienta o médico.

Ele também reforça que é indispensável lavar bem as mãos após a aplicação e considerar, em alguns casos, formas de uso mais seguras, como injeções ou implantes, que não oferecem risco de contato cutâneo. “Outro ponto importante é manter esses medicamentos sempre fora do alcance das crianças, de preferência em local trancado. E claro, informar a família e os cuidadores sobre o uso e os cuidados necessários faz toda a diferença. O diálogo com o médico que prescreve o tratamento também precisa ser contínuo, para garantir segurança para todos que vivem no mesmo ambiente”, finaliza.

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