Mesmo durante o recesso parlamentar, o embate entre o Governo de Pernambuco e a Assembleia Legislativa do Estado (Alepe) segue sem sinais de trégua. A governadora Raquel Lyra (PSD) tem aproveitado agendas públicas para reforçar o ritmo de entregas da sua gestão e cobrar, de forma direta, o apoio dos deputados estaduais à aprovação de novos projetos, sobretudo os relacionados à autorização de empréstimos.
Durante a entrega da PE-062, no município de Aliança, Zona da Mata Norte, na última segunda-feira (8), a governadora voltou a apelar à população para pressionar a Alepe. “Não atrapalhem o desenvolvimento do nosso estado. Tem mais dinheiro para sair na Assembleia Legislativa. Vamos para cima, porque cada real sagrado do nosso povo é investido em mais esperança para a nossa gente”, afirmou Raquel, destacando que seu governo cumpre todas as promessas feitas em campanha.
A reação veio logo em seguida por parte do presidente da Alepe, Álvaro Porto (PSDB), que usou as redes sociais e uma nota oficial para rebater as declarações da governadora. Ele garantiu que o Legislativo tem feito sua parte e pediu que o Executivo aponte, com clareza, quais obras estariam paralisadas por falta de recursos já autorizados.
“Essas solicitações de crédito estão em análise nas comissões da Casa e a demora alegada decorre exatamente da falta de transparência oferecida pelo governo nas respostas que nos são encaminhadas, em função dos múltiplos pedidos de informações que se tem solicitado ao Executivo”, justificou Porto.
Ainda segundo o presidente da Alepe, todos os projetos de autoria do Executivo enviados até o momento foram aprovados, incluindo autorizações para empréstimos que somam R$ 9,2 bilhões, aprovados entre 2023 e 2024.
Atualmente, dois novos pedidos de autorização de crédito estão em tramitação na Casa Legislativa: um no valor de R$ 1,5 bilhão, protocolado em março, e outro de R$ 1,7 bilhão, mais recente. Ambos seguem sem data definida para votação.
O embate evidencia um desgaste crescente na relação entre os poderes. De um lado, o Executivo aposta na mobilização popular e em discursos públicos para ganhar apoio político. Do outro, o Legislativo reforça a necessidade de análises técnicas e exige mais detalhamento sobre a destinação dos recursos.
Com o avanço das divergências, fica cada vez mais distante a possibilidade de convocação de uma sessão extraordinária para votar os pedidos ainda neste recesso. A expectativa agora recai sobre a retomada dos trabalhos legislativos, quando o tema deve continuar no centro do debate político em Pernambuco.
