Neste artigo, o funcionário público Manoel Barbosa Neto faz uma análise profunda e preocupada sobre os impactos sociais da automação e da inteligência artificial. Segundo ele, o avanço tecnológico, embora inevitável e repleto de promessas, pode gerar um cenário de exclusão e crise se não for acompanhado de planejamento social. A reflexão propõe um debate urgente sobre o equilíbrio entre eficiência e dignidade humana.
Confiram:
Vivemos uma revolução silenciosa. A automação e a inteligência artificial (IA), antes restritas a filmes futuristas, hoje estão incorporadas a sistemas bancários, call centers, linhas de produção, repartições públicas e até ao Judiciário. Tudo caminha, aparentemente, para a eficiência. Mas uma pergunta ecoa, urgente e incômoda: quem será deixado para trás nessa nova engrenagem tecnológica?
O discurso do progresso tecnológico é sedutor. De fato, a automação pode reduzir erros humanos, agilizar processos, minimizar custos operacionais e liberar os seres humanos de tarefas repetitivas ou perigosas. No setor público, chatbots e algoritmos já ajudam tribunais a julgar milhões de processos e hospitais a cruzar dados para diagnósticos. No setor privado, robôs montam carros, realizam triagens, operam estoques e até produzem conteúdos digitais.
Porém, o avanço tecnológico sem planejamento social pode se tornar uma bomba-relógio. A substituição em massa de empregos operacionais, administrativos e de atendimento por sistemas automatizados ameaça a base do modelo econômico contemporâneo, que depende do trabalho remunerado como motor do consumo. Afinal, quem vai comprar os produtos se milhões estiverem desempregados ou subempregados? Qual economia se sustenta com máquinas produzindo para um mercado que não pode consumir?
A falácia de que os “novos empregos do futuro” compensarão os perdidos pela automação ignora realidades como o analfabetismo digital, a falta de acesso à internet de qualidade, e a desigualdade educacional. Não se forma um programador com um curso de uma semana. Milhões não terão sequer como competir nesse novo mercado.
No Judiciário, por exemplo, sistemas de IA já substituem servidores em análise processual, distribuição e atendimento. Mas quem orientará o cidadão comum sem formação jurídica, sem acesso à internet, ou sem familiaridade com tecnologia, quando o balcão físico não existir mais? A Justiça pode se tornar um labirinto automatizado, acessível apenas aos letrados digitais.
O cenário não é apenas hipotético. É juridicamente urgente. A Constituição de 1988 prevê, em seu art. 7º, inciso XXVII, a proteção do trabalhador em face da automação. Contudo, essa garantia nunca foi regulamentada. A omissão levou o STF a iniciar, em 2024, o julgamento da ADO 73, que cobra do Congresso uma lei que estabeleça salvaguardas diante do avanço das máquinas.
É preciso agir antes que o abismo social se aprofunde. Não se trata de barrar o progresso, mas de colocar a tecnologia a serviço da dignidade humana, e não o contrário. Algumas medidas são urgentes: requalificação profissional em larga escala, políticas públicas de inclusão digital, manutenção de postos presenciais para acolhimento, criação de empregos em áreas criativas e humanas, e discussão ética e democrática sobre os limites da automação.
A automação pode ser uma ponte para o futuro desde que não seja construída sobre os escombros da dignidade social. Se continuarmos a empurrar a exclusão digital para debaixo do tapete em nome da eficiência, o que hoje parece um avanço inevitável pode se tornar o estopim de uma crise social e econômica sem precedentes.
Manoel Barbosa Neto
Funcionário público Faça uma matéria tipo artigo do leitor



Quem vai ficar para traz são os que sempre estiveram.Sao a grande massa analfabeta, que mantém políticos corruptos no Poder, que não querem que o povo se desenvolva, a propósito, foi exatamente que disse o mandatario do governo e do PT, “basta a pessoa ter qualquer curso do SENAI e ou superior, passar a ganhar três salários mínimos que não votam mais na gente” foi ou não foi isso? Como somos mais de 90% analfabetos, há muito JS estamos para traz.
Primeiro jamais a inteligência artificial vai substituir o ser humano isso e utopia, A inteligência artificial (I.A), é “burra”, apenas passa a informação e auxilia o ser humano, para agilizar processos com “informações” muitas vezes falsas, de acordo com o código neural, nunca passa “conhecimentos,”. EX:O chamado carro autônomo, não é autônomo e sim automático ele não define o percurso, segue apenas o programa nele instalado, A I.A não tem poder “decisão”, só o ser humano é capaz.