Pesquisadores do Cemafauna registram pela primeira vez peixe da caatinga no Submédio SF

por Carlos Britto // 16 de junho de 2025 às 20:00

Foto: Cemafauna/arquivo

Uma descoberta inédita acaba de reforçar a importância da pesquisa científica na Caatinga. Um grupo de pesquisadores do Centro de Conservação e Manejo de Fauna da Caatinga (Cemafauna), da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), registrou pela primeira vez a ocorrência do peixe Melanorivulus decoratus no trecho do Rio São Francisco no município de Cabrobó (PE), Sertão do São Francisco.

Assinado por Augusto Luís Bentinho Silva, Giancarlo Arraes Galvão, Silvia Maria Millan Gutierre, Luanny Rainy de Almeida Silva, Luiz Cezar Machado Pereira e Patricia Avello Nicola, todos vinculados ao Laboratório de Ictiologia do Cemafauna/Univasf, o artigo, que foi publicado no periódico científico internacional Acta Limnologica Brasiliensia, especializado em ecossistemas aquáticos da América do Sul, com o título “First record of Melanorivulus decoratus (Costa, 1989) (Cyprinodontiformes: Rivulidae) in the lower‑middle São Francisco River, Brazil”,  relata a descoberta de dois exemplares da espécie, medindo 10 e 14 milímetros, em Cabrobó, a cerca de 450 km do local mais próximo onde o peixe havia sido registrado anteriormente, no Médio São Francisco, na Bahia.

Os exemplares foram encontrados em janeiro de 2018 e passaram a integrar o acervo do Museu de Fauna da Caatinga. O objetivo do trabalho é ampliar o conhecimento sobre a distribuição geográfica de M. decoratus, espécie endêmica da bacia do São Francisco, conhecida popularmente como peixe-anual-decorado. Embora classificada como de “menor preocupação” na lista de espécies ameaçadas do ICMBio, a espécie pertence à família Rivulidae, que concentra cerca de 40% dos peixes de água doce considerados vulneráveis à extinção no Brasil.

A região onde o peixe foi encontrado vem sofrendo transformações significativas, especialmente com a implementação de grandes empreendimentos hídricos, como o Projeto de Integração do Rio São Francisco (PISF). Por isso, o registro contribui não apenas com a ciência, mas também com políticas públicas de conservação ambiental.“Esse registro é mais do que uma ampliação da área de ocorrência de uma espécie. Ele reforça o quanto ainda há para descobrir sobre a ictiofauna da Caatinga. Nosso compromisso é continuar investigando, documentando e contribuindo para a conservação da fauna aquática do semiárido”, destaca a professora doutora Patricia Nicola, coordenadora do Cemafauna. O artigo está disponível gratuitamente na plataforma SciELO e pode ser acessado neste link.

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  1. São frequentas as notícias sobre tombamento de caminhão com frutas, principalmente as mangas, imagino que seja por dois motivos:Carregamento incorreto…