As rusgas políticas entre o vereador governista Ronaldo Cancão (PTB) e o integrante da bancada oposicionista, Professor Gilmar Santos (PT), transformaram-se numa questão pessoal. Pelo menos foi o que Cancão deixo claro, em alto e bom som, durante sessão plenária de ontem (4) na Casa Plínio Amorim, após uma dura troca de farpas com o colega de Legislativo.

A gota d’água foi o projeto de reforma administrativa (aprovado por 19×4 votos), de autoria da própria Câmara de Petrolina. Professor Gilmar disse que a comissão especial criada para elaborar a minuta do projeto teria sido fruto de um “arrumadinho político” da presidência da mesa Diretora. O comentário do petista fundamentou-se no fato da inclusão de colegas na comissão, em detrimento da retirada dos nomes de outros, mesmo com um acordo definido em reunião realizada num hotel da cidade, que tratou do assunto.

Apesar de o Professor Gilmar não ter se dirigido diretamente ao petebista, o qual fez parte da comissão especial por ser presidente da Comissão de Justiça da Casa, Cancão tomou as dores e revidou com veemência as declarações. “Eu nunca vivi de dinheiro público. Respeite a minha vida. Sou pai, sou avô e sou honesto. Quando vossa excelência diz que se junta uma comissão pra fazer acordos, arrumadinhos, insinua que eu sou corrupto”, bradou o governista.

Gilmar não deixou por menos, pedindo para que o vereador falasse mais baixo, o que só serviu para aumentar ainda mais a ira de Cancão. “Quem tem que falar baixo é o senhor. O senhor é indisciplinado, não tem moral de passar corretivo em ninguém”, disparou o vereador.

“Questão pessoal”

Apesar do apelo dos demais colegas para que se acalmasse, Cancão manteve o tom contra Gilmar. Ele disse estar cansado de ver o oposicionista tentar denegrir a imagem não só dele, como a dos demais vereadores, fazendo “acusações levianas”. Gilmar por sua vez, desafiou Cancão a provar o que disse, enfurecendo ainda mais o governista. “Cale a boca! O senhor não está onde imagina, não. O senhor diz que eu faço arrumadinho, desrespeita os vereadores, e eu tenho que ficar calmo?”, afirmou Cancão, acrescentando que Gilmar desrespeitou até o líder de sua bancada, Paulo Valgueiro (MDB), o qual também integrou a comissão.

O presidente da Mesa, Osório Siqueira (PSB), também tentou interceder, chamando os colegas para votarem a reforma, mas a discussão ainda continuou por alguns minutos. Sobre a reforma, o governista chegou a pedir a Gilmar que renunciasse aos cargos a que terá direito em seu gabinete, com a reforma. Antes de concluir o desabafo, Cancão disse que iria “tirar a máscara” de Gilmar e que, a partir de agora, seu relacionamento com o petista na Casa vai para o campo pessoal.