Em mais um capítulo da novela envolvendo o Matadouro de Petrolina, dois ex-administradores do local, que integravam a equipe do prefeito Julio Lossio, foram acusados de deixar um rombo de mais de R$ 800 mil após deixarem o matadouro. A denúncia foi feita por marchantes no programa ‘Manhã no Vale’, da Rádio Jornal, nesta terça-feira (26).

Um dos que estiveram à frente do matadouro, Nelson Minussi, teria sido responsável por um débito de R$ 356 mil. Os números estão registrados em documentos levados pelos marchantes ao programa. Minussi, inclusive, havia sido denunciado ontem (25), no mesmo programa de rádio, por um dos marchantes, Marcos Simão, de ter supostamente desviado recursos do matadouro para aplicar em uma fazenda de uva de sua propriedade em Casa Nova, no norte da Bahia.

Outro ex-administrador, Edilson Coelho, que ainda ontem havia rebatido as críticas do vereador Ronaldo Cancão sobre desvio de recursos do matadouro, também ficou na berlinda. Segundo Marcos Simão, a pendência deixada por Edilson é de R$ 486 mil.

Ele revelou que Edilson não costumava fazer anotações sobre as atividades do matadouro, tanto que não soube se explicar quanto ao destino de R$ 26 mil que saíram da receita do equipamento público, e fez uma proposta aos marchantes. “Ele pediu que esse valor fosse descontado em parcelas do salário dele”, informou. Segundo Ronaldo Cancão, o salário de Edilson era de R$ 6 mil (em espécie).

Cargo acumulado

Cancão, aliás, foi definitivamente para o embate contra Edilson, após este afirmar ao Blog que ele teria “sustentado” o time do Primeiro de Maio (do qual era presidente e jogador) quando administrou a extinta Empresa Petrolinense de Abastecimento (Empa), na primeira gestão de Fernando Bezerra Coelho à frente da prefeitura. Segundo o vereador, alguns atletas foram de fato empregados pela Empa, mas tinham carteira assinada e cumpriam horário. Um deles, Sidney Pereira da Silva (filho do atual administrador do matadouro), é considerado um funcionário exemplar da inspeção sanitária. Além disso, Cancão argumentou que na época em que foi superintendente da Empa, os funcionários recebiam através da folha da prefeitura, cadastrada numa conta do banco Itaú, e não da própria receita do matadouro. “Ele (Edilson) arrecadava, colocava num cofre e depois pagava os funcionários. Não tinha uma conta, um cheque nominal. Até pegar dinheiro emprestado com os marchantes ele pegava”, revelou.

O vereador cobra também de Edilson o fato de ter deixado três meses sem pagar aos marchantes, na época de sua saída, em janeiro de 2014. “Ele deixou um déficit de R$ 135.922 mil referente a novembro, dezembro (de 2013) e janeiro (de 2014), mas o que ele fez com a receita de R$ 110 mil, já que dezembro e junho são os meses de maior receita do matadouro?”, indagou. Cancão disse ainda que após o recesso da Casa Plínio Amorim, vai enviar um requerimento à prefeitura cobrando detalhes da portaria de cargo comissionado no qual Edilson está atualmente lotado na administração.

Como o ex-administrador assumiu o matadouro no dia 16 de março de 2013 e entregou o cargo no dia 21 de janeiro de 2014, ele teria acumulado funções na administração pública – o que é vedado por uma lei federal. “O matadouro era público, não era privado. Ele vai ter de devolver dinheiro aos cofres públicos”, finalizou.