Uma discussão protagonizada pelos vereadores Ronaldo Cancão (PSL) e Adalberto Filho ‘Betão’ (PSL) deixou um visível clima de mal-estar entre a bancada oposicionista, durante a sessão plenária de ontem (28) na Casa Plínio Amorim. Integrantes da bancada – da qual Cancão lidera –, os dois vereadores foram para o embate por conta do provável fechamento do matadouro público de Petrolina. E não só por isso: a hipótese da venda do terreno onde se localiza atualmente o equipamento voltou a ser cogitada, só que agora com a anuência de Betão, que inicialmente era contra.

A gota d’água foi uma reunião realizada na última segunda-feira (27) pela manhã, no Fórum Dr. Souza Filho, Centro da cidade, coordenada pela promotora do Ministério Público de Pernambuco (MPPE), Ana Cláudia de Sena Carvalho. No encontro estavam o prefeito Julio Lossio (PMDB) e Betão, entre outros convidados.

Aborrecido, Cancão justificou que a Casa não teria tomado conhecimento da reunião, que foi tachada por ele de “covarde e rasteira” porque também não havia representantes dos marchantes no fórum. Sem se dar por satisfeito, o líder oposicionista criticou duramente o teor da reunião.

Primeiro disse que é “balela” o discurso de Lossio de só construir um novo matadouro se vender a área onde se localiza o atual. “Esse prefeito não tem credibilidade”, disparou. Depois afirmou ser “conversa pra boi dormir” a informação de que a Infraero estaria preocupada com o número de urubus circulando o local, se o matadouro fica a 14 km do Aeroporto Internacional Senador Nilo Coelho; e ainda cutucou a promotora Ana Cláudia, ao afirmar que ela não tem autonomia para determinar o fechamento do matadouro, sob a alegação de ameaça à saúde pública. “Só o juiz é quem determina (o fechamento ou não). E não tenho medo do Ministério Público”, esbravejou.

Cancão lembrou ainda que a Abatal não tem condições de receber os bovinos de Petrolina para serem abatidos por não possuir o selo de qualificação que permite atravessar animais na fronteira. O vereador disse mais: a Adagro não tem autonomia para abrir a barreira entre os dois estados (Bahia e Pernambuco). Sobre o atual matadouro, ele assegurou que o local passa por inspeções e até aumentou o número de abates, e rebateu as críticas de Betão, o qual afirmou que o matadouro atualmente só vende “carne podre”. “Essa é uma acusação leviana e desrespeitosa”, alfinetou.

Resposta

A resposta de Betão foi no mesmo tom. Primeiro disse que de fato o líder não foi convidado para a reunião, porque o convite chegou à Casa em nome do presidente, Osório Siqueira (PSB), que ficou impossibilitado de comparecer por problemas de saúde. “Ele (Osório) tentou falar com o 1° vice presidente (Ibamar) e não conseguiu. E me pediu, como 2º vice presidente da Casa, para representá-lo”, esclareceu.

Betão saiu em defesa da promotora, garantindo que ela “está zelando” pela saúde dos petrolinenses porque o matadouro está inadequado para o abate. “A situação está caótica há muito tempo e ninguém resolveu, nem os marchantes, que tiveram um prazo para isso”, disse Betão, acrescentando ter ouvido denúncias de que resíduos oriundos do abate estariam sendo despejados no rio.

O vereador assegurou que na reunião da segunda-feira havia, sim, não somente o líder dos marchantes, como também representantes da Adagro da Agência Municipal de Vigilância Sanitária. Betão ainda ironizou o comentário do líder a respeito dos urubus, que segundo a Infraero poderiam causar acidentes porque estão sendo espantados por meio de fogos de artifício. “O avião não chega de repente e aparece no matadouro. Ali é rota (de aviões). E vamos esperar ter um acidente? A Infraero foi quem alertou. Ele (Cancão) é piloto? Acredito que não”.

Venda

Ele aproveitou para se retratar sobre a afirmação de que o matadouro estaria vendendo “carne podre”. Segundo Betão, o calor da discussão o levou a usar o termo. “O que queria dizer é que o tratamento da carne (no matadouro) está sendo inadequado para nossos munícipes”, afirmou.

Minimizando o discurso sobre uma eventual venda do matadouro, Betão frisou ser favorável ao projeto somente se outra alternativa não for possível. “Não adianta chegar aqui (na Casa), dar uma de ‘bambambam’, gritar, escandalizar e não resolver o problema. O prefeito já disse que não tem recursos. Se para resolver o problema, tiver que vender, a gente vai amarrar tudo. Tem de ser uma verba carimbada, para que se venda e se construa um novo matadouro. E só vai entregar depois que o novo estiver pronto”, finalizou.