O leitor Jason Bedor nos envia este artigo narrando um pouco a história de como Nossa Senhora Rainha dos Anjos tornou-se a padroeira dos petrolinenses. É bem interessante.

Confiram:

A cidade de Santa Maria da Boa Vista – PE, em especial a Paróquia de Nossa Senhora da Conceição, sente-se honrada de participar das festividades da Rainha, pois, podemos dizer, é a paróquia-mãe da paróquia de Nossa Senhora Rainha dos Anjos, em Petrolina, hoje Sé Diocesana!

Vocês podem se admirar desta afirmação, no entanto, é um fato histórico.

Voltemos no tempo: Nossa atual paróquia de Nossa Senhora da Conceição foi originariamente criada sob o título de Santa Maria, em 30 de janeiro de 1762, na Ilha de Santa Maria ou da Vila, conforme o grande historiador pernambucano Pereira da Costa, 1983, v. 6, p. 233; hoje município de Orocó. Anteriormente era a Aldeia de Santo Antônio dos Irapuás, conforme trabalho de Pe. Francisco José.

Em 14 de agosto de 1763 foi instalada a paróquia de Santa Maria na Ilha de Santa Maria, com a posse do seu primeiro vigário, o Pe. Ezequiel Gameiro (COSTA, 1983, v. 6, p. 233).

A capela da ilha tinha como padroeira Santa Maria Rainha dos Anjos, que segundo relatos a imagem é de origem portuguesa, da Ilha da Madeira (Portugal).

A Vila Real de Santa Maria, instalada naquela ilha, passou por muitas intempéries, secas, enchentes, e seu povoado terminou extinto. Os moradores procuraram outros locais para se fixarem, dentre os quais a localidade da Fazenda da Volta, atual núcleo histórico da cidade de Santa Maria da Boa Vista – PE. Acredita-se que a fazenda era de propriedade da família Brandão.

Pereira da Costa, nos Anais Pernambucanos, (1983, v. 6, p. 234), registra que em 1804 foi construída a capela, que se tornou Matriz, pelo Cel. Roque de Carvalho Brandão, passando por isso a denominar a localidade de Arraial do Bom Jesus da Igreja Nova. Assim, tanto os moradores da ilha de Santa Maria como de outras localidades, bem como os bens patrimoniais das capelas existentes, imagens e alfaias, foram transferidos para o Arraial e para sua nova Capela. Passando o povoado a ser o centro de comando da região, sendo cabeça de Comarca e já possuindo Câmara ou Intendência Municipal. Em 1838 foi elevada à categoria de Vila da Boa Vista a povoação da Fazenda da Volta. Sua capela foi elevada a Matriz (COSTA, 1983, v. 10, p. 153).

A imagem da Rainha dos Anjos compunha o acervo patrimonial da Matriz da Boa Vista. Por volta do ano de 1844 o vigário da Boa Vista era o Pe. Manoel Joaquim da Silva. Padre que reconstruiu a antiga capela da Passagem do Juazeiro, hoje Petrolina, por volta de 1860, sob a invocação de Santa Maria Rainha dos Anjos. Ele fez com que a imagem da Rainha fosse para os festejos de inauguração e por lá permanecesse, sendo a capela elevada a Matriz em 1862, desmembrando-a da freguesia de Santa Maria da Boa Vista. (Pereira da COSTA, v. 5, 1983, p. 416). O Pe. Manoel sentia-se exaurido pelo imenso território da paróquia de Boa Vista, resolvendo permanecer na nova capela da Passagem do Juazeiro e promover sua divisão territorial para melhor atendimento pastoral das “desobrigas”.

Portanto, afirmamos que a exatos 250 anos a Rainha dos Anjos já existia! Que a 220 anos já começou a estar sob os cuidados do nosso antigo povoado, hoje cidade. E que a 152 anos foi “subtraída” do nosso convívio, da nossa veneração, na Matriz de Nossa Senhora da Conceição!

Para finalizar, e conferir o devido lastro de credibilidade a este nosso informativo, nada mais justo que apresentar a palavra do “Anjo da Diocese”, o “plasmador da alma petrolinense”: o imortal Mons. Ângelo Sampaio (em 1962, quando da solenidade pela qual foi agraciado com o título de Cidadão Petrolinense, aos 78 anos de idade e 56 anos de sacerdócio, dos quais 38 anos à frente do serviço da Diocese de Petrolina):

“A linguagem franca e certa dos petrolinenses, segue-te a palavra singela e fascinante de Monsenhor Ângelo que diz: ‘Sim’. Eu sabia que era petrolinense pela velho documento a que acabais de vos referir e sei agora, que sou petrolinense pelo título que estais me concedendo. Mas antes desses dois títulos distintos, que na verdade são um só verdadeiro – eu já era petrolinense de nascimento! Lembrai-vos: as terras de Petrolina, foram desmembradas das terras de Boa Vista, onde cheguei pequenino e onde radicou-se minha família. Nascido em Cabrobó, tendo vivido em Boa Vista, meu coração não sabe onde terminam aqueles territórios e onde começa o petrolinense! E mais: Vim de Boa Vista para Petrolina, como veio de lá a imagem de Nossa Senhora Rainha dos Anjos. Ela veio e ficou, tornando-se petrolinense para reinar sobre os corações dos filhos desta terra. Eu vim e fiquei, tonando-me Petrolinense, para servir ao reino da Rainha dos Anjos!Atual ou remoto, o essencial é que seja justo. E o título de ‘Cidadão Petrolinense’, que a Câmara de Vereadores está conferindo a Monsenhor Ângelo Vieira Sampaio é justíssimo, satisfazendo esse Poder Legislativo perante o público a este dever de justiça, saldando assim a dívida que lhe pesava nos ombros, no reconhecimento dos méritos de quem, humilde e bom, sereno e justo é bem o exemplo de quantos precisam de estímulo para o bem, para o serviço da Pátria e de Deus”.

Espero ter assim contribuído um pouco para a memória histórica da devoção à nossa padroeira diocesana, a venerada Rainha dos Anjos!

Seminário Maior São José, Crato-CE, 09 de agosto de 2012.

Jason Bedor Jardim Júnior/Leitor