Sem novidades: Professor continua sendo a profissão mais mal paga do país

por Carlos Britto // 21 de maio de 2012 às 20:02

O salário dos professores da educação básica no Brasil registrou, na década passada, ganhos acima da média dos demais profissionais com nível superior, fazendo encurtar a distância entre esses dois grupos. Até aí, há uma novidade. Esse avanço, no entanto, foi insuficiente para mudar um quadro de trágicas consequências para a qualidade do ensino: o magistério segue sendo a carreira de pior remuneração no país. A partir daí, já não há novidade nenhuma.

A reportagem sobre o tema foi feita pelo Jornal O Globo, que realizou tabulações nos microdados do Censo do IBGE, mostrando que a renda média de um professor do ensino fundamental equivalia, em 2000, a 49% do que ganhavam os demais trabalhadores também com nível superior. Dez anos depois, esta relação aumentou para 59%. Entre professores do ensino médio, a variação foi de 60% para 72%.

Apesar do avanço, o censo revela que as carreiras que levam ao magistério seguem sendo as de pior desempenho. Entre as áreas do ensino superior com ao menos 50 mil formados na população, os menores rendimentos foram verificados entre brasileiros que vieram de cursos relacionados a ciências da Educação — principalmente Pedagogia e formação de professor para os anos iniciais da educação básica.

Em seguida, entre as piores remunerações, aparecem cursos da área de religião e, novamente, uma carreira de magistério: formação de professores com especialização em matérias específicas, onde estão agrupadas licenciaturas em áreas de disciplinas do ensino médio, como Língua Portuguesa, Matemática, História e Biologia.

Achatamento

Pagar melhor aos professores da educação básica, no entanto, é uma política que, além de cara, tende a trazer retorno apenas em longo prazo em termos de qualidade de ensino. A literatura acadêmica sobre o tema no Brasil e em outros países mostra que a remuneração docente não tem, ao contrário do que se pensou durante muitos anos, relação imediata com a melhoria do aprendizado dos alunos.

No entanto, o achatamento salarial do magistério traz sérios prejuízos em longo prazo. Esta tese é comprovada por um relatório feito pela consultoria McKinsey, em 2007, que teve grande repercussão internacional ao destacar que uma característica dos países de melhor desempenho educacional do mundo — Finlândia, Canadá, Coreia do Sul, Japão e Singapura — era o alto poder de atração dos melhores alunos para o magistério.

Sem novidades: Professor continua sendo a profissão mais mal paga do país

  1. um alguém disse:

    É uma vergonha para um país como esse nosso ter professores tão mal remunerado, um país que pague mal a mais importante profissão (pois é pelo professor, seja qual for, magistério, pedagogo, pós graduado…, que todos os outros profissionais passam) como esse país quer acabar com as desigualdades sociais, se, nem sequer consegue pagar uma remuneração digna, a quem tanto ajudou e ajuda e ajudará o país [o professor] com a educação que trasmite.

  2. Jose disse:

    Sou professor com licencitura em matemática e lhe digo de certeza que tenho vergonha de assumir minha profissão pois não consigo pagar minhas contas com este trabalho foi prediso fazer outro concurso, portanto não aconselho a ninguem seguir esta profissão tao mal remunerada que não é reconhecida nem mesmo pela sociedade em geral, quero ver como vai ficar a situação do Brasil com a futura ausencia destes preciosos profissionais. A proposito quanto ganha um jogador de futebol?

  3. bruna disse:

    Em 2020 quando me formar para professora não terei esse problema
    porque o número de pessoas dispostas a cursarem nesse cargo será reduzido e o salário aumentará porque as escolas aumentaram o salário dos professores

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