O engenheiro agrônomo Malan Calazans explica, no artigo abaixo enviado ao Blog, os motivos pelos quais defende o assentamento urgente de produtores com maior experiência na região do Salitre.
Confiram:
O saber fazer do salitreiro não vale?
Para abordar tal indagação é mister que teçamos considerações sobre nosso envolvimento, nossa vivência e conhecimento da capacidade produtiva do agricultor do salitre. Por décadas militamos no vale do Rio Salitre, inicialmente como produtor de oleícolas declinando para a fruticultura, dentro da demanda da Cooperativa Agrícola de Cotia, da qual éramos associados e cuja sede era em São Paulo.
Também implantamos campos de produção de sementes selecionadas para as empresas Agroflora e Agroceres, também de S. Paulo, e introduzimos o papaia hawai na região, tendo ido buscar tecnologia à época em Castanhal no Pará, berço do papaia. Neste período a vazão do rio já ficava a desejar em função de demanda instalada, pois com a implantação de grandes campos de mangas por parte dos japoneses, usando possantes bombas no médio Salitre, a vazão ficou mais reduzida. Para amenizar o problema, fizemos captação de água do São Francisco através de tubulações, conduzimo-la até nossa área de trabalho, com custo elevado. Nossa área ficava abaixo do Campo dos Cavalos. Posteriormente nos instalamos no Projeto Sen. Nilo Coelho.
Isto exposto, demonstramos nossa convivência com o produtor rural do Salitre, avaliando sua capacidade técnico-produtiva e gerenciadora nos momentos delicados. Este lavrador aprendeu pagando muito caro. O perde- e- ganha foi sempre constante na sua vida de pequeno empresário rural. O seu “saber fazer” teve um custo altíssimo. Da região do Salitre saíam caminhões com diversas hortaliças para Salvador, Sergipe, Ceará Maranhão e Piauí. Estes fatos credenciam nossa pretensão de sugerir à Codevasf não mais perder tempo e assentá-los em área produtiva do perímetro irrigado. Também apelamos para a sensibilidade de não burocratizar, tabulando critérios seletivos para ocupação de glebas do perímetro Salitre, pois o rurícola salitreiro aprendeu fazendo.
Certamente indagarão nossa posição, mas ela não está só no emocional. A nossa experiência na coordenação do Programa Intensivo de Preparação de Mão de Obra no alto São Francisco, no dipolo Pirapora/Montes Claros, em Minas Gerais, conveniado com o Ministério do Trabalho e o da Integração, ao lado de outras conveniadas, estabelecendo critérios seletivos onde a expressão “saber fazer” recebia maior número de pontos decisivos, paralelamente aos trabalhos de consultoria e instrutoria desenvolvidos para o SEBRAE, na vasta amplitude de Paulo Afonso a Carinhanhã, no alto São Francisco, efetuando diagnósticos participativos para avaliar o conhecimento produtivo do agricultor regional, tudo isto norteia nossa pretensão de sugerir o assentamento de produtores experientes em área do Perímetro Irrigado da Codevasf, na região do Salitre.
Esta sugestão não é política, mas sensata, justa e certamente minimizaria um dos principais problemas que é o de avaliar o perfil de pessoas envolvidas, se elas de fato têm vocação para se tornarem agricultores, etc. Neste sentido é mais coerente manter os que já têm aptidão com a terra, como os pequenos agricultores do Salitre.
Agregue-se um pouco mais de conhecimentos técnico administrativos, pois segundo a FAO, só a capacitação emancipa o rurícola.
Sra. Codevasf, “Dá a César o que é de Cesar.”
Malan Calazans/Engenheiro Agrônomo


