Em artigo, ex-Reitor da Univasf responde a críticos de plantão

por Carlos Britto // 15 de fevereiro de 2012 às 09:38

O Professor José Weber Freire Macedo, ex-Reitor da Univasf, decidiu enviar este longo e esclarecedor artigo ao Blog. Em parte para agradecer e responder às pontuações feitas pelo leitor Omar “Babá” Torres. Em parte também para rechaçar todas as críticas que recebeu de alguns leitores.

Confiram o artigo do Professor José Weber:

Caro Carlos Britto,

Escrevo, solicitando a possível publicação em seu prestigiado Blog dessa longa resposta em razão do texto aberto e íntegro publicado pelo Omar “Babá” Torres , como também , infelizmente, pelos lamentáveis comentários emitidos pelos e-mails, normalmente apócrifos e ocultos ajuntados ao texto original.

Primeiramente, agradeço ao Babá pelas referências elogiosas ao trabalho exercido durante sete anos na implantação da UNIVASF. Conforme depoimentos do próprio do ex-presidente Lula , do ex-ministro Haddad e de todas as equipes de apoio do MEC ao processo de interiorização ocorrido durante todos estes anos a UNIVASF se destacou sempre, de maneira única em todos os aspectos de execução orçamentária, implementações de planos de trabalho, licitações, compras, construções e cumprimentos de ações e recomendações de órgãos de controle.

Infelizmente, por razões familiares, não consegui completar meu segundo mandato na UNIVASF. O convite e a transferência de meu genro, professor do IFES-Sertão, para instalar o curso de Enologia no IFES-SãoPaulo/São Roque, com o respectivo acompanhamento de minha filha e de meu único netinho foram as razões determinantes para que eu e minha esposa tomássemos a decisão de mudança.

Não somente informei o Conselho Universitário da minha decisão, como também ajudei no planejamento da consulta eleitoral livre e democrática que foi realizada com pleno sucesso na UNIVASF. Subsequentemente também solicitei minha aposentadoria , já que tinha mais de três anos além do tempo necessário.

Quanto aos comentários dos e-mails apócrifos manifesto inicialmente uma relativa surpresa pela distinção e abalo, e talvez medo, que meu nome – apesar de afastado – ainda provoca em algumas pessoas, que em geral, preferem se esconder em nomes ou apelidos inventados. Isto me estimula, a quem sabe no futuro, com meu neto já crescido, a cancelar minha aposentadoria, ainda no prazo legal de cinco anos, e enfrentar abertamente tais opositores tão persistentes.

O primeiro e-mail sugere maliciosamente que as pessoas procurem informações a meu respeito na Universidade Federal do Espírito Santo, instituição no qual exerci dois mandatos como Reitor. Creio que de fato o que esta pessoa sugere, é que se procurem informações com pessoas, ou grupos que foram contrários a minha administração. O que esta pessoa também não informa é que fui eleito duas vezes em eleições livres pela maioria do conjunto de professores, técnicos e alunos da referida universidade. Talvez fosse conveniente a tal pessoa, possivelmente sem identificação verdadeira, solicitar as cópias e as atas das eleições ocorridas e os depoimentos subsequentes de pessoas que participaram de tais processos e não somente a mera sugestão de busca de informações com maus perdedores e derrotados.

O segundo e-mail manifesta que na implantação da UNIVASF a nossa administração empregou mais recursos para o campus de Petrolina, em detrimento dos demais. Somente posso dizer que tal pessoa ou está profundamente desinformada, ou foi devidamente ensinada ou condicionada a repetir uma frase de efeito sem saber se a mesma tem algum fundamento. Para a devida e correta informação, o campus que recebeu mais investimento na UNIVASF durante muitos anos, foi o de Juazeiro, principalmente em razão das especificidades das áreas Tecnológicas – compra da Cica-Norte, construções, laboratórios e equipamentos. Em nenhum momento isto significou o desmerecimento dos demais campi, pois todos foram atendidos em função do planejamento elaborado pelos planos pedagógicos dos cursos instalados.

Sinto muito informar o destinatário do terceiro e-mail, novamente creio sem a devida identificação, que não fui indicado em 2004 para exercer a Reitoria, mas fui eleito, mesmo sendo candidato único. Votaram na época todos os professores, técnicos e alunos, num processo eleitoral paritário e idêntico a mesma eleição livre que claramente o remetente do e-mail se posiciona e saúda no último parágrafo. Considero um insulto aos técnicos, à instituição UNIVASF e à democracia o comentário infame e covarde a respeito da eleição de 2008. Quanto ao barco à deriva que supostamente deixei com o vice-reitor, tenho a informar que todas as contas de manutenção e custeio da universidade, para 2011, estavam programadas e foram devidamente pagas, além de que também lutamos e conseguimos que a UNIVASF ficasse com um “barco” de orçamento programado para investimento de 5 (cinco) milhões de reais para o ano de 2012.

Não tenho nenhuma dúvida em afirmar que hoje a UNIVASF se distingue de maneira distinta de outras universidades pelo excelente exemplo que deu em sua implantação, principalmente pela competência de sua equipe de trabalho. Convém lembrarmos a todos, que em seu início em 2004 a UNIVASF, praticamente não tinha nada, e foi instalada a partir de suas primeiras reuniões em uma sala de hotel e a seguir em uma casa alugada, pois não tínhamos na ocasião nem terrenos, nem recursos para construções, assim como não tínhamos vagas para contratação de docentes e técnicos administrativos.

Vencemos, mas sofremos todas as pressões que possam ser imaginadas. A mais dura foi ter sido chamado de forasteiro numa sessão da Câmara de Vereadores de Petrolina. Nunca esquecerei a altivez e a dignidade de Dona Terezinha, vereadora da época, que ao me defender, sem me conhecer, calou a todos ao afirmar que atirasse a primeira pedra aquele que não tivesse em sua família alguém que viera de fora para esta região. Isto talvez explique, em parte, minha posterior reticência em participar do convívio social de nossas cidades. Em parte, porque, posteriormente sofri outras pressões que em geral estavam associadas a solicitações indevidas, ou manifestações políticas e empresariais sutis e inconvenientes, que creio não ser necessário acrescentar comentários.

A implantação fantástica da UNIVASF só foi possível pelo absoluto respeito de uma equipe maravilhosa ao único foco de construção ininterrupto desta instituição. Uma fazenda depreciada, gentilmente doada pela CODEVASF, pela ação exemplar do ex-deputado Osvaldo Coelho, foi inteiramente reconstruída. Um terreno central de Petrolina, cedido, a nosso pedido, por outra ação exemplar pelo ex-prefeito Fernando Bezerra , foi todo ocupado por edificações maravilhosas. Uma antiga fábrica, em Juazeiro – CICANORTE – que foi comprada corajosamente, por um preço irrisório, através de uma negociação árdua realizada na cidade de São Paulo, foi reconstruída em sua base original acrescida de novas construções funcionais. As dificuldades e os sacrifícios foram identicamente sofridos em São Raimundo e em Senhor do Bonfim.

Foram anos de trabalho incessante em que diversas pessoas orgulhosamente abriram mão de tudo para se dedicar unicamente ao objetivo de construir uma verdadeira universidade. Muitos sofreram em horas extras, casas alugadas, prédios emprestados, em salas insuportáveis e quentes. Muitos sofreram em viagens cansativas e incessantes, em audiências desmarcadas e desinteressadas. Muitos sofreram pela dúvida, pelo medo da falta de recursos, de autorizações de vagas, da falta de respostas e das promessas.

Vencemos e conseguimos construir esta Universidade porque fomos ousados e dedicados. Construímos esta Universidade porque fomos persistentes. Construímos esta Universidade porque tivemos que lutar contra as ações negativas de alguns que nunca ajudaram, mas persistiam e ainda persistem em depreciar o trabalho realizado.

Na UNIVASF ocorreu uma eleição livre e democrática. Foi eleita legitimamente pela maioria irrefutável dos professores, técnicos e alunos uma nova Reitoria, da mesma forma que fui eleito por quatro vezes para dirigir duas instituições diferentes. Desejo parabéns a nova Reitoria e que a mesma possa realizar o seu trabalho com ações melhores e mais competentes que as nossas. A UNIVASF merece isto. Ela foi sem dúvida o trabalho coletivo mais difícil e digno que ajudei a realizar. Foi desta maneira, unicamente pela dedicação, que passei a amar e respeitar, de uma maneira singular, para sempre a UNIVASF e esta região corajosa. Até que porque sempre acreditarei no que foi escrito e publicado em 1902, por um escritor maravilhoso, que em tom de profecia afirmou: “E o sertão é um vale fértil. É um pomar vastíssimo, sem dono.”

Prof. José Weber Freire Macedo/Ex-Reitor da Univasf

Em artigo, ex-Reitor da Univasf responde a críticos de plantão

Leví Nunes Moraes disse:

15 de fevereiro de 2012 às 10:55

Caro Professor Weber,

Só nos resta lhe agradecer, juntamente com a sua equipe, pelo maravilhoso e competente trabalho de implantação e consolidação da UNIVASF em nossa região. Empreendimento tão sonhado e colocado em prática, pelo esforço conjunto, da sociedade, dos políticos e da política visionária de interiorização do ensino. Parabéns.

E aos críticos de plantão (“engenheiros de obras prontas”): Fácil é criticar, difícil é fazer, igual ou melhor!.

Leví Nunes Moraes
Professor Historiador.

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