Teve fim por volta da 00h desta quarta-feira (11) a rebelião que durou seis horas e meia na Funase do Cabo de Santo Agostinho. O saldo foi de três corpos carbonizados, sendo um deles decapitado. O presidente da Funase, Alberto Vinicius, afirmou que o trabalho agora se concentra em acomodar os internos nas dependências que permaneceram com condições de abrigá-los, já que o fogo ateado nos colchões e toda a confusão danificou parte da estrutura da unidade.
A cabeça decepada, que foi arremessada por cima do muro da fundação, era de um adolescente que, segundo apurado, queria comandar no local. A rebelião na Funase teve início por volta das 17h30, quando reeducandos da Ala 01 tomaram três agentes socioeducativos como reféns. A diretora da unidade, Maria Suzete Lúcio, entrou em negociação com eles através do rádio dos agentes e negociou a soltura deles, o que aconteceu duas horas mais tarde.
O Batalhão de Choque foi acionado, e houve confronto com uso de bala de borracha. Nos arredores, policiais do 18° Batalhão de Polícia Militar (BPM) organizaram uma barricada na Estrada de Pirapama. Por volta das 21h, homens da Companhia Independente de Policiamento com o apoio de Cães (CIPCães) chegaram para reforçar os 51 homens e mulheres do Choque.
Os familiares, por sua vez, gritavam “Fora, Suzete” em protesto à gestão da diretora. Segundo eles, a má administração é o motivo de toda a confusão. “Eu estou muito preocupada, porque não tenho informação nenhuma sobre o meu marido. É um absurdo o que está acontecendo, porque o Estado tem que garantir a segurança dele. A comida oferecida aqui é ruim, a maioria das mulheres precisa trazer comida para os maridos e familiares”, reclamou Carliane Ferreira, de 20 anos, esposa de um reeducando de 17 anos que cumpre pena por roubo de moto.
Superlotação
Alberto Vinicius partiu em defesa de Suzete, ressaltando a experiência da colega. “A diretora é uma pessoa muito responsável, muito experiente, já trabalha aqui há muito tempo”. A favor da administradora, está o retrospecto. Em três anos à frente da unidade, o maior problema até então havia sido um motim que resultou em cinco adolescentes feridos.
Cinco suspeitos foram encaminhados ao Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) para prestar esclarecimentos. Alberto Vinicius garantiu ainda que haverá punição rigorosa aos culpados. “Nós faremos uma apuração detalhada do fato, até porque foram três adolescentes mortos, uma coisa que me deixou muito triste, então nós vamos fazer uma apuração rigorosa”. A unidade tem capacidade para 166 garotos, mas abriga atualmente 368. (Da Folha PE/foto: Laila Santana)


