Apesar das críticas à adesão da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) ao Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), os estudantes nordestinos e sertanejos têm logrado êxito no ingresso da maioria dos 23 cursos ofertados pela instituição.
Quem atesta o fato, baseado em relatório oficial, é o pró-reitor de Ensino da Univasf, Jorge Cavalcanti. Segundo ele, 96% dos estudantes que entraram na Univasf são do Nordeste. Se for levado em conta apenas Bahia e Pernambuco (onde a universidade tem campus), os números mostram que 90% dos alunos dos dois estados conseguiram uma vaga.
O percentual mantém-se na mesma tendência quando se refere às cidades da Região Integrada de Desenvolvimento Econômico (Ride). “Por exemplo, em Administração, de 100 vagas, 90 foram ocupadas por alunos da Ride”, ressalta Jorge, acrescentando que somente Petrolina e Juazeiro detêm 53% das vagas nos cursos da Univasf preenchidas por estudantes locais. “Então, não tem como falar que a Univasf está atendendo a alunos de fora”, completou.
Quanto à polêmica discussão sobre o curso de Medicina, o pró-reitor admite que a concorrência é, de fato, elevada para poucas vagas. Mas ele explica que essa questão não é “privilégio” só de Petrolina. Em todas as federais do país a disputa, segundo Jorge, é acirrada.
“Nós temos 23 cursos e não podemos pautar nossos processos seletivos apenas por um curso. E na maioria desses 23 cursos as vagas são ocupadas por alunos da região. Além disso a Univasf é federal, a gente não pode simplesmente dizer ‘olha, quem é de fora não pode fazer Medicina aqui’. Nós saímos para estudar fora e ninguém nos disse que a gente não poderia. Não existe um amparo legal nisso”, justificou. Ele frisou também que, como representante legítimo da região, seria o primeiro a se manifestar contra, caso visse que a universidade estaria restringindo o acesso dos estudantes sertanejos.
Maior adesão
O pró-reitor de Ensino estima que em breve esses indicadores tendem a melhorar com o aumento de instituições que passaram a adotar o Sisu como Processo Seletivo de Ingresso nos Cursos de Graduação (PS-ICG). Em 2010 foram 80 mil vagas. Este ano, 103 mil. Um exemplo é a Federal do Rio de Janeiro, que decidiu aderir ao Sisu este ano. Segundo Jorge, é evidente que um estudante que mora no Rio e deseja cursar Medicina vai fazer o Sisu por lá – abrindo mais chances aos estudantes daqui.
Ele fez questão de ressaltar ainda que, mesmo com os problemas nas suas edições anteriores, o Enem é considerado o modelo ideal para se ingressar nas universidades brasileiras. “Eu lembro que no meu tempo de vestibular, a gente aprendia até a ‘chutar’ (as questões). Hoje isso não existe mais”, garante.
Pelo novo modelo, continua o pró-reitor, os estudantes podem abrir várias “portas” de entrada nas universidades, ao contrário do vestibular tradicional. “Você tem o Sisu, com milhares de vagas em dezenas de instituições. E com sua nota, você tem várias portas a escolher. Sem falar, claro, do próprio teor do exame em avaliar o aluno, impedindo aqueles que ‘chutam’ obtenham sucesso”, ponderou Jorge, acrescentando que as escolas e cursinhos da região já vêm, gradativamente, preparando de fato os alunos para o Enem.



Concordo plenamente com o Pró-Reitor da UNIVASF. O que está acontecendo é que os “virtuosos” cursinhos que vendem a ideia de que “aprovam” os estudantes não estão podendo, de certa forma, fazerem propaganda de alunos que passaram em medicina, que é um curso de reconhecido status social na “hierarquização dos saberes” como afirma Foucault. De fato, o ENEM já se mostrou como uma ferramenta interessante para se avaliar o conhecimentos dos estudantes, como também não deixa que o velho chute seja a principal porta de entrada na Universidade. Alem disso, está faltando ainda no estudante brasileiro a vontade de saber realmente como se estuda. Pois os mesmos conteúdos são trabalhados aqui no Nordeste e no Sudeste, com espeço para algumas particularidades regionais.
Existe ainda o interesse da indústria dos cursinhos preparatórios, devido à má formação ainda existente no ensino básico, seja público ou particular.
A dica para os estudantes é procurar “aprender” realmente a estudar e não ficar colocando a culpa de alguns insucessos, que são normais na vida, em outras pessoas ou instituições como estão fazendo alguns proprietários de cursinhos preparatórios de Petrolina e Juazeiro.
A UNIVASF é uma instituição Federal e ninguém pode dizer “Você não pode entrar aqui porque não é do Vale.”
-Gostaria que fosse explicado pelo reitor, por que a Univasf não disponibiliza cotas para os povos indígenas, uma vez que Pernambuco possui cerca de onze tribos e 09 delas localizadas no Sertão.
sem contar com reservas da Bahia e Piaui.
Muitas universidades ja disponibilizam essas cotas: UFPA, UnB, UFMT, UFSCar, UFMG, UFT, UFPR e UFBA. Nove universidades estaduais uma em Goiás, outra na Bahia e sete no Paraná também aderiram ao modelo. Das 39 instituições públicas brasileiras, pelo menos 20 trabalham com políticas afirmativas, sejam elas sociais, raciais, por meio de reserva direta de vagas ou de bonificação na pontuação de exames vestibulares.
– Os povos indígenas da região Nordeste foram muito perseguidos, a maioria mortos, o Governo e a Sociedade tem um debito a ser compensado e a abertura de cotas na Univasf para os povos indígenas é uma maneira justa de igualar as diferenças implantadas no passado.
Quando questionamos principalmente o curso de medicina é por que estamos vendo a carência de médicos em nossa região.
Quanto mais formarmos médicos da nossa região mais profissionais teremos a disposição do Estado e Municípios.
Se prefere o curso de medicina porque é o meio mais fácil de ganhar dinheiro, e muito, sem fazer força, e nem responsabilidade pelo ser humano, pois só interessa o vil metal, e não tem nenhum órgão para punir se agir errado na profissão, ela é blindada. Quantos médicos estão na cadeia ou respondendo processo por erros? Mas se vê inúmeros outros profissionais respondendo processo por erro.
O pró-reitor está corretíssimo em suas colocações.
Quantos petrolinenses ocuparam as vagas dos recifenses e ninguém reclama.
Fiquem com as vagas aqueles que tem competência e mérito independente de onde seja.