Maior estado exportador de frutas do país e o segundo no ranking de produção, a Bahia tem motivos para comemorar a tendência de alta do dólar, especialmente na região do Vale do São Francisco, responsável por 90% da produção de uva e manga. No entanto, a atual crise econômica nos principais mercados importadores das frutas, a Europa e Estados Unidos, assim como aconteceu na crise de 2008, pode provocar a queda no consumo desses produtos. Para alguns produtores, o reflexo da crise e da oscilação da moeda americana não atingiram a recente produção. Já para outros, que preferem não arriscar sobre as incertezas do mercado externo, a hora é de frear a produção.

O produtor  Euder Ribeiro, diretor comercial da Alpha Vale, da região do Vale do São Francisco, optou pela segunda alternativa diante da instabilidade do mercado externo. Ele amarga os prejuízos da última crise econômica (2008), quando o valor da caixa de uvas, com 4,5 kg, passou a ser vendida no mercado europeu por 8 euros. Antes custava 14 euros.

“No passado, exportávamos, por ano, 800 toneladas de manga e 270 t de uva para a Europa e Estados Unidos. O volume financeiro girava em torno de US$ 1,5 milhão. Nos últimos três anos, o negócio apresentou rentabilidade negativa e decidimos suspender a atividade produtora de frutas na Bahia. Porém, a Alpha Vale continua exportando frutas oriundas de outras regiões do Brasil, como limão Tahiti, de Minas Gerais”, afirmou.

Segundo Ribeiro,  houve uma redução de área cultivada de manga e uva nos últimos três anos em consequência de crises acumuladas  (em 2004 as chuvas frustraram a safra e em 2008 a crise financeira) e o aumento nos custos de produção com mão de obra e insumos.“Do lado da demanda, as crises europeia e americana poderão se agravar nos próximos meses e retrair o consumo, forçando a redução nos preços”, diz. (Do A Tarde)