O Bispo de Petrolina Dom Frei Paulo Cardoso da Silva, em artigo, tornou pública sua opinião sobre o “Massacre das Crianças”no Rio de Janeiro.
O pastor diocesano nos chama para importante reflexão. Leiam:
Os” Bastidores” de uma Tragédia
Trágico dia 7 de abril! O Brasil parou estarrecido e perplexo diante do macabro “espetáculo” das crianças mortas, no massacre de Realengo.
Não seriam elas as vítimas inocentes dos camuflados “Herodes” de hoje?
A primeira reação é de natural comoção. Lamentavelmente, ecoa de novo a palavra do Profeta Jeremias: “Ouviu-se uma voz em Ramá, choro e grande lamentação: Raquel chora seus filhos; e não quer consolação, porque eles já não existem” (cf. Evangelho de Mateus 2, 17-18).
Depois da comoção, a interpelação a todos nós para uma profunda reflexão, senão um convite para a conversão à causa da Vida.
O que estaria “por trás” de tão horrendo espetáculo? Comecemos pelo “ver”, a partir dos próprios noticiários constantes dos meios de comunicação. Não são de hoje, não são poucos os relatos em torno de situações de nossas escolas públicas. Adolescentes desnorteados, resultado de lares inexistentes ou desajustados. Mestres e mestras apavorados e impotentes, “com medo” dos alunos. Tráfico e consumo de entorpecentes na escola…
É notória a precariedade do ensino fundamental e médio na escola pública, se comparado, já nem dizemos com o Japão ou a Alemanha, mas com países da America Latina.
Contracenando com isto, as propostas “educativas” de uma sociedade consumista e hedonista.
As pretensas “campanhas educativas anti-Aids”, por parte do governo, na prática, se transformam em estímulo à prática irresponsável do sexo entre adolescentes e jovens. Sem falar de atitudes populistas de pessoas “constituídas em autoridade” jogando, de cima de palanques carnavalescos, preservativos para populações jovens “enlouquecidas”. Quando esta distribuição não acontece dentro da própria escola através de seus gestores!
Depois, vêm a hipócrita “admiração’ e a “preocupação” das mesmas autoridades, diante do fato da crescente gravidez de adolescentes, do aborto clandestino, da disseminação da AIDS…
Complementando, todos sabemos o que significam certos programas imorais de poderosas redes de televisão.
E que dizer da desavergonhada rede de motéis, como estímulo ao sexo irresponsável e fonte de sórdido lucro para seus investidores? Adolescentes e jovens vão desde cedo “aprendendo” que tudo isto é muito “normal”.
Na escola pública, sobretudo para a população juvenil pobre, falta uma proposta educacional que lhe proporcione uma perspectiva de vida e de um futuro de autêntica inclusão social.
Um rápido acento à questão do desarmamento. A Igreja e outras entidades sérias promoveram aquela importante campanha. E a própria sociedade – manipulada pelos grupos de interesse econômico, frustrou a campanha. Pois o que importa é produzir, vender, exportar armas. As vítimas? Ora as vítimas!…
Chegamos a um modelo “pós-moderno” de sociedade que, frustrada diante de uma perspectiva de sentido para a vida, parte para o “imediatismo’. O que importa é “consumir” e “gozar”, aqui e agora.
Talvez alguém reaja contra o tom possivelmente “moralista” desta nota. Pode até ser. Mas nos parece que, mesmo independentemente de uma proposta cristã ou católica de comportamento, no íntimo de cada ser humano existe uma “lei natural” (voz do Criador?) que sussurra: “Faze o bem, evita o mal”. É a base para toda outra lei positiva, inclusive religiosa. E, em se tratando daqueles que crêem na Pessoa e na proposta de Jesus Cristo, o comportamento ético, moral e religioso é ou deveria ser conseqüência natural.
Volto ao título desta reflexão. Muita coisa não estaria nos “bastidores” dos palcos de massacres e situações como a do Rio? Não teria sido o próprio “exterminador”, uma consequência do modelo social que se vai oferecendo a nossa juventude pobre?
A nós, como Igreja e como cristãos, a grande missão e responsabilidade: testemunhar e propor Jesus Cristo como o Caminho para que todos tenham vida, vida com dignidade, vida cristã.
Então, sim, sumirão os “contrarregras” dos bastidores dos palcos, os camuflados “Herodes” de hoje. Já não haverá mais cenas trágicas como as de Realengo…
Dom Frei Paulo Cardoso – Bispo de Petrolina
Sr. Bispo, não se esqueça que o psicopata vive ao nosso lado, vive ao seu lado nas igrejas, acima de qualquer suspeita até o momento em que comete o desatino como esse jovem de Realengo-RJ.
O psicopata age independente dos festejos carnavalescos, da distribuição de preservativos, muitas vezes ele é um grande frequentador de igrejas, templos, ele é carismático, conquistador, fácil oratória ou pode ser tímido, retraído como foi o caso desse jovem, é aí onde se mora o perigo, pois com o fanatismo religioso pode agravar ainda mais a psicose do indivíduo.
E esse indivíduo psicótico ele engana a mim, ao senhor Bispo, ao Pastor, a todos.
Tudo muito bem colocado. Os reflexos maléficos sempre vêm do mau, nunca do bem. Mas o caso Realengo é muito mais consequente de um distúrbio biológico e pessoal daquele maluco.
Admito o condicionamento ou estímulo dado pelos equívocos da sociedade moderna e até da comunicação indiscriminada de tudo. O homem de bem, quando ouve alguma informação boa, quer praticá-la porque é boa. Um homem do mal, quando ouve ou ver algum exemplo ruim, ele quer copiar por que é ruim. Nós copiamos muito mais do que criamos, afinal o mundo todo cria para cada um de nós copiar, enquanto cada um de nós cria para todo o mundo. Dai uma notícia, de um ato maluco nos USA, cair como uma luva, para um outro maluco daqui expandir a maldade que remoe, psicopaticamente
O jornalista Alexandre Garcia deu uma opinião em que a facilidade em se obter arma não responde por crime assim. Tem que se desarmarem as cabeças. Se falta um revolver, a cabeça armada usa outro instrumento do tipo bomba, cacetes, facas e etc. Citou também que apenas 15.000 crimes ocorrem nos USA com uma população de 300milhões, enquanto no Brasil, com 200 milhões de habitantes, são mais de 50.000 por ano. E lá a aquisição de armas de fogo é liberada. No meu entendimento aí também há um equívoco, porque se liberarmos a aquisição deste tipo de arma no Brasil teremos um tiroteio em cada rua destes pais, principalmente nos finais de semana com o aumento do consumo de álcool e das outras drogas. O governador do RS, recentemente numa aula inaugural de uma Universidade, disse que nunca viu um crime praticado pelo uso da maconha. Disse mais que, apesar de nunca ter usado esta droga, mas que, por informações de terceiros, é muito gostoso e relaxante o seu uso. No meu entendimento, mais um equívoco irresponsável de uma autoridade constituída que já foi Ministro da Justiça.
Por estas e outras é que eu termino aprovando na íntegra o artigo de Frei Paulo Cardoso.
É pena Reverendo, que as famílias de hoje não enxergam, mas a igreja como uma forma, um caminho para formação moral e ética das crianças, como antes eram com o Catecismo, que orientava tanto para religião como para vida. Hoje as crianças já nascem dentro de uma escola que, ensinam as leis desse sistema brutalmente capitalista. Pois a preocupação maior está em se apresentar nos moldes atuais da moda que é ditada nas passarelas, na mídia, o bigbrother é um exemplo a ser copiado! Artistas pervertidos praticamente obrigam a sociedade a seguir modelos falsos de comportamento, os shoppings Center, se tornaram os pontos de encontros onde a sociedade busca saciar e preencher o vazio que sente em suas vidas, achando que o consumismo é solução de todos os tormentos interiores. Esquecendo que é em Deus que se busca a Paz e o conforto da alma. Essa concepção que se adotou no Brasil, de dizer que tudo que vem dos Estados Unidos é bom, é que hoje vemos esses jovens alienados copiando formas falsas de serem evidenciados na mídia, provocando uma catástrofe como essa do Rio.
Sábias palavras de Dom Frei paulo Cardoso, mas não concordo quando o mesmo culpa as armas de fogo, pois devemos combater o algoz e não o meio usado por ele para cometer os crimes, pq se fosse assim, deveriamos proibir a fabricação de veiculos e motos que matam pessoas em tantos acidentes.
Dom Odilo P. Scherer, Cardeal-Arcebispo de São Paulo, disse, em matéria publicada no jornal O Estado de São Paulo, que “Não se trata da violência da guerra, de grupos de extermínio ou do crime organizado: é violência comum, da vida privada, por motivos fúteis. E nem é por que há muita arma de fogo na mão do povo: um veículo, uma faca de cozinha e até um cadarço podem virar armas letais, quando a vontade é assassina!”
Ou seja, o Cardeal diz que o problema não está nas armas de fogo, mas sim na desconsidereção pela dignidade da pessoa humana.
Muito interessante sua colocação sobre essa tragédia, pois a sociedade está seguindo um caminho inescrupuloso, que só demontra o quanto precisamos mudar nossas atituldes para seguir uma vida de amor e respeito ao próximo, mostrando assim a nossa devoção a deus.
Eu fiz um comentário neste artigo de Frei Paulo e não foi publicado.
Não entendi a sensura. Aonde pequei?
A opinião de Dom Paulo, expressa no artigo, explicita a realidade contemporânea. Esta, infelismente, discerne a muitas atitudes, ações e reações do pretérito, onde a família, principalmente os pais, “eram os grandes formadores para da vida” durante a infância e toda a vida, onde havia, de forma explícita, o que era lícito ou não fazer, de acordo com a idade e condição. A religião, também predominava e o respeito e valorização pela vida também tinham sua relevância.
“Hoje”, os valores estão em constante estado de mutação, pois aos que ainda tem alguma habilidade para discernir o que de fato é bom, é banalizado, colocado de lado muitas vezes. Praticamente tudo que soma algo para a vida, geralmente é substituído por outra coisa de pouco ou nenhum valor. Mas, como está na moda, na mídia, é considerado por tanto, ideal, bom. Lamentavelmente!
O artigo expressa realidade. É muito bom poder ler, ouvir palavras sabias, reais. Tais como estas que compõe o artigo. Seria bom poder contar com artigos como este mais vezes…
Veromilton.